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malminorismo

“Eu o soltarei, depois de castigá-lo” – Lc 23,16

 

mal menor

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz

“Quando se trata de dois males morais, a obrigação é de rejeitar a ambos, porque o mal não pode ser objeto de escolha”, diz Mons. Elio Sgreccia. E prossegue: “e isso também quando, rejeitando aquele que se apresenta como mal menor, se provocasse um mal maior” [1].

O bioeticista italiano dá o seguinte exemplo. Alguém recebe a ordem de cometer um furto ou falsificar documentos com a ameaça de que, se não o fizer, haverá violência sexual ou morte de outras pessoas. O furto não deve ser cometido, porque é moralmente mal. Se, da rejeição do furto resultar uma vingança, com um mal moral ainda maior, isso não será imputado a quem decidiu não fazer o mal.

A doutrina acima exposta é frequentemente descurada por alguns defensores da vida. Na Itália os políticos aprovaram a lei 174 de 1978 (lei do aborto) a fim de impedir as práticas terroristas (mal maior?) que se previa que iriam ocorrer caso o tema fosse proposto a um referendo popular solicitado pelo Partido Radical[2]. “A quem ainda tentava recordar a gravidade da legalização do aborto, respondia-se: Maiora premunt [3].

No Brasil há quem pense que, para conter a ânsia dos que querem o casamento entre pessoas do mesmo sexo, deve-se aceitar algum reconhecimento jurídico (diverso do casamento) às duplas de homossexuais. Essa posição é contrária à da Congregação para a Doutrina da Fé, que já declarou que tais uniões não merecem nenhum tipo de reconhecimento legal:

Em presença do reconhecimento legal das uniões homossexuais ou da equiparação legal das mesmas ao matrimônio, com acesso aos direitos próprios deste último, é um dever opor-se-lhe de modo claro e incisivo.

[…]

Se todos os fiéis são obrigados a opor-se ao reconhecimento legal das uniões homossexuais, os políticos católicos são-no de modo especial, na linha da responsabilidade que lhes é própria[4].

Há quem pense ainda em aceitar (com emendas) o PLC 122/2006 (projeto de lei anti-“homofobia”), a fim de frear outras investidas do movimento homossexualista contra a Igreja Católica. Mas como aceitar uma lei que dá direitos ao vício contra a natureza?

Em 28 de maio de 2008, no julgamento dos embriões humanos (ADI 3510), o Ministro Menezes Direito, em vez de declarar inconstitucional o artigo 5º da Lei de Biossegurança, resolveu, em seu voto, “interpretar” o texto de modo a salvá-lo, fazendo concessões ao uso de células embrionárias humanas. O embrião não poderia ser morto, mas uma ou duas de suas células poderiam ser retiradas (o que é moralmente inaceitável, pois pode acarretar danos ou a morte do embrião) para fins de pesquisa ou terapia. Essa opção de ceder ao “mal menor” – já em si inaceitável – teve consequências desastrosas. Primeiro: prevaleceu o mal maior, ou seja, a lei foi considerada constitucional sem restrições. Segundo: a tentativa de mudar a lei a pretexto de “interpretá-la” abriu caminho para que, alguns anos mais tarde, o STF usasse do mesmo artifício para reconhecer a “união estável” de pessoas do mesmo sexo e para aprovar o aborto de crianças anencéfalas.

A tentativa de ceder à prática de um “mal menor” para evitar um mal maior não é nova. Pôncio Pilatos, verificando a inocência de Jesus, em vez de soltá-lo imediatamente, procurou satisfazer parcialmente o desejo dos acusadores, a fim de evitar a sua condenação à morte: “Este homem nada fez que mereça a morte. Por isso eu o soltarei, depois de castigá-lo” (Lc 23,15-16). Essa decisão, além de imoral, foi inútil. De nada adiantou a flagelação e a coroação de espinhos. Depois de apresentar à multidão Jesus flagelado e coroado de espinhos, dizendo “Eis o homem”, os chefes dos sacerdotes e os guardas gritaram “Crucifica-o! Crucifica-o!” (Jo 19,6). E Pilatos acabou decretando a sentença de morte.

Para ilustrar tudo quanto foi dito, vale a pena transcrever um texto de Mons. Juan Sanahuja, em seu livroPoder global e religião universal, de leitura obrigatória para todos os defensores da vida:

A pressão social, o medo de sermos qualificados de fundamentalistas e um sincero, ainda que equivocado, espírito de salvar o que pode ser salvo frente à avalanche de projetos, leis e costumes iníquos, podem fazer-nos cair na tentação de negociar o que é inegociável e, portanto, ceder quanto ao que não nos pertence — a ordem natural e a doutrina de Jesus Cristo. Essa atitude nos fará cair na opção do mal menor, nummalminorismo moralmente inadmissível.

Que sirva para ilustrar o exemplo do Servo de Deus Jerôme Lejeune. Aos 33 anos, em 1959, Lejeune publicou sua descoberta sobre a causa da síndrome de Down, a “trissomia do 21”, e isto o transformou em um dos pais da genética moderna. Em 1962 foi designado como especialista em genética humana na Organização Mundial da Saúde (OMS) e, em 1964, foi nomeado Diretor do Centro Nacional de Investigações Científicas da França; no mesmo ano, é criada para ele, na Faculdade de Medicina da Sorbonne, a primeira cátedra de Genética fundamental. Transforma-se assim em candidato número um ao Prêmio Nobel de Medicina.

Aplaudido e lisonjeado pelos grandes do mundo, deixa de sê-lo em 1970, quando se opõe ferozmente ao projeto de lei do aborto eugênico. Lejeune combateu omalminorismo que infectou os católicos na França; estes supunham que cedendo no aborto eugênico freavam as pretensões abortistas e evitavam uma legislação mais permissiva. Os argumentos de Lejeune eram muito claros: não podemos ser cúmplices, o aborto é sempre um assassinato, quem está doente não merece a morte por isso e, mais ainda, longe de frear males maiores o aborto eugênico abre as portas para a liberalização total desse crime. Sua postura lhe rendeu uma realperseguição eclesial que se juntou à perseguição civil,acentuada por sua defesa do nascituro nas Nações Unidas.

Também em 1970, participou de uma reunião na OMS, na qual se tentava justificar a legalização do aborto para evitar abortos clandestinos. Foi nesse momento, quando se referindo à Organização Mundial, que disse: “eis aqui uma instituição de saúde que se tornou uma instituição para a morte”. Nessa mesma tarde, ele escreveu para sua esposa e filha dizendo: “Hoje eu joguei fora o prêmio Nobel”.

Em nenhum momento deu ouvidos aos prudentes, que o aconselhavam calar-se para chegar mais alto e assim poder mais influir[5].

Notas:

[1] SGRECCIA, E. Manuale di Bioetica, v. 1, Milano: Vita e Pensiero, 2007, p. 236.

[2] Na Itália o Partido Radical equivale ao Partido dos Trabalhadores no Brasil. Ambos promovem a “cultura da morte”.

[3] “Coisas maiores nos compelem” (a legalizar o aborto). CASINI, Carlo. A trent’anni dalla Legge 194 sull’interruzione volontaria della gravidanza, Siena: Cantagalli, 2008, p. 24.

[4] CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais, 3 jun. 2003, n. 5. e 10.

[5] SANAHUJA, Juan Claudio. Poder global e religião universal, Campinas, SP: Ecclesiae, 2012, p. 138-140.

Fonte: www.providaanapolis.org.br

Divulgação: www.juliosevero.com

 

 

 

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Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria, A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.

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Joyce Meyer, que já foi abusada sexualmente, fala sobre livrar-se da culpa e da vergonha do passado

 

PorAndrea Madambashi | Repórter do The Christian Post

Muitas vezes a ruína das pessoas, é lembrar-se de seu passado e viverem escravas de culpas e vergonhas. Como livrar-se disso?

  • joyce-meyer-christian-post

    (Photo: C3 Conference via The Christian Post)

    Televangelista Joyce Meyer fala durante uma sessão da noite na Conferência C3 em 17 de fevereiro de 2011 na Igreja Fellowship em Dallas, Texas.

A famosa evangelista Joyce Meyer falou em uma de suas palestras nesta sexta-feira sobre livrar-se da culpa e da vergonha do passado, trazendo à tona seu próprio passado quando foi sexualmente abusada por seu pai.

Citando Hebreus 6:1 (“Por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição, não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus”), ela diz que obras mortas é culpa.

“E culpa é a nossa maneira de tentar pagar de nosso modo aquilo que fizemos errado”, explica a evangelista.

Meyer, mesmo sabendo que para alguns a mensagem de redenção é muito profunda e às vezes difícil de entender diz, “mas se a transgressão foi removida como você pode permanecer culpado?”

Há pessoas que ficam viciadas na culpa, segundo ela. “Eu não me sinto correta se eu não me sentir errada…”

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“Mas você pode sentar-se à mesa do Rei mesmo que você ainda sinta coisas erradas em você. Você pode sentar-se à mesa do Rei, mas você deve estar disposto a levantar-se e tomar o seu lugar”, disse ela à sua grande audiência.

Meyer ressalta que Deus muitas vezes quer te dizer “saia debaixo da mesa e pare de agir como se você não merecesse.”

O acusador, diz ela, é Satanás, e os Cristãos tem que ser capazes de dizer quando recebem acusações dele, que “isso não é da sua conta”.

Meyer relembra um duro período de sua vida em que ela sentia-se mal porque seu pai havia abusado dela sexualmente. Ela tentou muitas coisas depois para livrar-se disso, mesmo em sua vida espiritual, mas sentia que quanto mais fazia pior ficava.

“Eu era uma problemática antes da salvação e então depois eu era uma salva problemática. A pior coisa do mundo é não ser salvo." Então ela relembra os Cristãos e ressalta sobre a salvação. "Mas a pior coisa do mundo é ainda ser salvo e não apreciar isso”.

Assim, Meyer encoraja a todos a apreciarem dessa abundância da vida e ter mais paz. “Como você pode desfrutar de sua vida, se você nem mesmo se ama? Deus criou a você e você tem que amar o que ele criou.”

“Deus conhece o seu coração. Se você quer fazer certo e está fazendo tudo para crescer, então Deus conhece o seu coração, e vai te ajudar a te colocar onde você quer estar,” motivou a evangelista.

Pr. Ângelo Medrado – Livrando-se da culpa