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A importância dos dons do Espírito Santo para a edificação do corpo de Cristo

Empreender uma busca sincera para ser cheio do Espírito Santo e receber os dons do alto é uma atitude correta.

Chama de fogo. (Photo by Paul Bulai on Unsplash)

No original grego, a palavra “dom” chama-se “charisma”, que significa “presente”, isto é, são manifestações do Espírito, oferecidos mediante a Graça divina por parte de Deus, e Ele é o doador de todos os dons.

De acordo com o teólogo Russel N. Champlin, em sua enciclopédia, “‘Charisma’ indica os dons do Espírito, as suas graças, gratuitamente conferidas, para a obra do ministério (I Co 12:4, 9, 28, 30, 31). Além disso, enfoca também o dom da Graça, que nos traz a salvação”.

Empreender uma busca sincera para ser cheio do Espírito Santo e receber os dons do alto é uma atitude correta. O apóstolo Paulo nos orienta desta forma: “Enchei-vos do Espírito.” (Ef 5.18)

 Três classes de dons no Novo Testamento

Com tais dons, engrandecemos o Reino de Deus, pois através de nossas vidas é manifesta a Glória de Deus, e isso se é concedido mediante a graça Dele. “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (I Pe 4:10).

“Graça”, etimologicamente falando, significa “bondade divina”, e na Palavra podemos encontrar diversas maneiras de Deus expressar a sua Graça: “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.” (I Co 12:4-7).

Na Bíblia, existem muitos dons, que são genericamente divididos em três classes, a saber: “Os dons do Pai” (Rm 12:6-8), “Os dons do Filho” (Ef 4:11) e “Os dons do Espírito” (I Co 12:8-10), além de outros dons encontrados em outros trechos da Palavra, porque tais dons são manifestações da multiforme Graça de Deus.

 A Divisão dos dons bíblicos

Dons do Espírito Santo (I Co 12:8-11):

  • Palavra da Sabedoria;
  • Palavra do Conhecimento;
  • Dom da Fé;
  • Dons de Curar;
  • Sinais e Maravilhas;
  • Profecia;
  • Discernimento de espíritos;
  • Variedade de Línguas;
  • Interpretação de Línguas;

 Dons do pai ou de serviço vocacional (Rm 12:6-8):

  • Profecia (Mensageiro);
  • Ministério;
  • Ensino;
  • Exortação;
  • Repartição;
  • Presidir;
  • Compaixão.

 Dons ministeriais ou concedidos por Jesus (Ef 4:11):

  • Apóstolos;
  • Profetas;
  • Evangelistas;
  • Pastores;
  • Mestres.

 Outros Dons Bíblicos:

  • Intercessão;
  • Celibato;
  • Música;
  • Ajuda (Socorros).

 Como usar os dons para servir o meu próximo?

Ora, todo cristão deve exercer a diaconia de forma universal, mas o Senhor concedeu a alguns dons específicos relacionados diretamente à diaconia, ou serviço cristão.

Nestes dons, o exercício diaconal será mais perene. Todos os dons bíblicos são do Espírito Santo. Os ministeriais fazem parte da diaconia, mas os dons de serviço manifestam indubitavelmente a expressão do que é “ser um servo de Cristo”, na íntegra.

 Os 9 dons do Espírito Santo

 O dom de curar

O dom de curar é a capacidade especial concedida a alguns membros do corpo de Cristo, para que estes sejam usados em diversas facetas da cura divina, cura englobando diferentes tipos de enfermidades. A cura pode ser definida como a atuação sobrenatural de Deus sobre o corpo humano para curar enfermidades e dores.

No Antigo Testamento, claramente, pode-se observar que a cura divina se manifestava nas promessas (Dt 7:15). Já no Novo Testamento, encontramos o ministério de cura fazendo parte da missão de Cristo, na qual são relatadas precisamente 35 curas, sendo que algumas delas encontram-se registradas nas seguintes passagens: (Mt 8:2-4, 5-13,14-17; 9:1-8, 20-22, 27-31; 20:29-34). No restante do NT, encontramos facetas desse precioso dom na missão dos doze discípulos (Lc 9:1), dos Setenta (Lc 10:9), na Grande Comissão (Mc 16:15, 16), e no período da Igreja Apostólica onde as curas acompanhavam a pregação do evangelho, como no caso da cura do coxo (At 3:18) e de Enéias (AT 9:33, 34).

 Dom de Sinais e Maravilhas

No original grego, este dom é definido como “dynameis”, que significa “poderes”, estando sempre associado com “coisas que causam espanto e admiração”. Conhecido também como “operação de milagres”, o dom de sinais e maravilhas é a capacidade sobrenatural que o Espírito Santo concede a alguns membros do corpo de Cristo para realizarem coisas que saem do curso físico-natural dos acontecimentos.

O vocábulo grego para “milagre”, no evangelho de João, é o valor do sinal, para encorajar as pessoas a crer e continuar crendo. No AT, encontramos facetas desse dom nos ministérios de Moisés (Ex 14:21-31), Elias, quando este lutou sozinho contra os profetas de Baal e o poste ídolo (I Rs 18:21-40), e Eliseu ao separar as águas do Jordão (II Rs 2:14).

Já no NT, encontramos facetas desse dom quando Pedro andou sobre as águas (Mt 14:28-31); no relato dos setenta, quando regressaram de sua missão (Lc 10:17-20); na ressurreição de mortos, como nos casos do filho da viúva de Naim (Lc 7:11-17), a filha de Jairo (Mt 9:18, 19, 24), e no caso de Lázaro (Jô 11:43-44), nos casos de Paulo, em Troade (At 20:9-12), na defesa de seu ministério em Éfeso (“E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários.” – At 19:11), e perante o sinédrio (II Co 12:12).

 Dom da fé

A palavra fé, etimologicamente falando, significa “confiança”. No original hebraico é “pistis”, que significa “persuasão firme”, “convicção”. Ela é fundamentada no ouvir (Rm 10:17). Esse dom é encontrado 244 vezes nas páginas do Novo Testamento.

O dom da fé habilita o cristão a aceitar como realidade as promessas feitas por Deus, e assim agir com plena certeza de que o Senhor cumprirá a sua promessa. Esse dom capacita o cristão a passar por situações difíceis, vendo a ação divina em todos os momentos, sempre contando com uma fé inabalável. A fé geralmente opera juntamente com os dons de operação de milagres, sinais, maravilhas e curas. Todo o líder precisa possuir esse dom, pois através do mesmo ele poderá discernir, com grande grau de confiança, onde Deus quer que a Igreja esteja dentro de cinco ou dez anos, e assim estabelecer uma atitude de crescimento.

 Palavra do Conhecimento

No original grego significa “Logos” (palavra) e “Gnosis” (conhecimento). O estudo deste dom é muito amplo, tendo duas linhas de pensamentos, as quais são aceitas por boa parte dos teólogos mais ortodoxos ao texto original. Primeiramente, esse dom tem sido definido como sendo a inspiração sobrenatural de algum fato que exista na mente de Deus, mas que o homem, devido às suas naturais limitações, não pode conhecer por ele mesmo.

Esse dom também é encarado, por um grande número de teólogos, como uma habilidade dada por Deus para quem possui uma perspicácia maior para a pesquisa e para o conhecimento. No AT, temos relatos no ministério do profeta Samuel (I Sm 9:15-20), no ministério de Eliseu (II Rs 5:20-27), entre outros.

Já no NT, se é observado no ministério de Pedro (At 5:3, 4), no ministério do apóstolo Paulo (At 27:23-25), e principalmente no ministério de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Jo 4:16-18, 29, 30). 

 Palavra da Sabedoria 

O dom da palavra da sabedoria é dado por Deus a alguns membros do corpo de Cristo, para que estes venham sempre a agir com orientação divina em todas as áreas de suas vidas.

Nos domínios do ministério cristão, esse dom pode se aplicar tanto ao ensino da doutrina, quanto à solução de problemas de modo geral. Com isto, quem conta com esse presente de Deus, ao proferir uma palestra ou ministração, explana-as com grande sabedoria, enchendo de brilho a palavra proferida.

No AT, temos o exemplo clássico de Salomão. No NT, um grande exemplo de personagem bíblico usado com grande sabedoria foi o do apóstolo Paulo. Graças ao seu grande conhecimento, ele foi inspirado pelo Espírito Santo a ditar 12 epístolas e escrever uma de punho próprio (Filemom). Contudo, o maior exemplo de sabedoria na palavra é evidenciado por meio do ministério terreno de Jesus.

 Dom de discernimento de espíritos

No grego, a palavra discernimento é “diakrinos” (I Co 14:29), sendo este dom outorgado para alguns membros do corpo de Cristo, a fim de que estes saibam discernir as verdadeiras intenções das pessoas, distinguindo assim, as operações do Espírito Santo (grego: Energemata) das operações do espírito do erro e do espírito humano (I Tm 4:1 e I Jo 4:1). A expressão inteira, no grego, apresenta-se no plural; indicando assim, uma pluralidade de facetas da manifestação deste dom.

Como função universal, todo cristão deve saber discernir o certo do errado, mas como dom, esse faz parte da provisão divina para proteger cristãos de qualquer tipo de engano, manifestando-se em alguns a nível teológico, através do discernimento bíblico mediante a Palavra, e em outros podendo se manifestar de forma sobrenatural. O portador desse dom tem condições de julgar corretamente as profecias, distinguindo se uma mensagem provém do Espírito ou não (I Co 14:29).

Na Palavra, podem-se observar algumas facetas desse dom latente no ministério de alguns personagens bíblicos, tanto de uma forma teológica como sobrenatural. Ao desembarcar na ilha de Chipre com Barnabé, o apóstolo Paulo ensinava nesta igreja, aos sábados, na sinagoga, e encontrou dificuldades na evangelização desta localidade, pois Elimas, mágico e feiticeiro, enganava os habitantes daquela ilha com falsos prodígios (At 13:6).

Como proclamava a verdade, o apóstolo passou a contar com o apoio do procônsul local, Sérgio Paulo (At 13:7-b), conquanto que Elimas sentiu-se ameaçado, pois Sérgio estava ouvindo a verdade e assim tentava afastá-lo com os seus falsos ensinos a respeito da doutrina ensinada pelo apóstolo Paulo: “Mas, resistia-lhes Elimas, o encantador, procurando apartar da fé o procônsul.” (At 13:8).

 Dom de variedade de línguas

O dom de variedade de línguas é a expressão sobrenatural concedida pelo Espírito Santo em forma de línguas (ou idioma não conhecido pelo portador do dom). No original grego, é “glossolalia”, e pode se manifestar na vida do cristão de duas maneiras:

  • Línguas congregacionais “Se alguém fala língua, faça-se isso, pois dois ou três, e por sua vez e haja intérprete.” (I Co 14:27);
  • Línguas devocionais: “Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo e com Deus.” (I Co 14:28).

Esse dom possibilita a expressão, por meios sobrenaturais, de línguas tanto estrangeiras quanto espirituais. Sobre o estudo da glossolalia, devemos nos reportar primeiramente ao dia de Pentecostes, onde houvera a primeira evidência do dom manifestado por línguas estrangeiras, pois estavam todos reunidos no cenáculo de Jerusalém (At 2:1) e há dez dias em oração (At 1:14).

Alguns defendem que também houve manifestação de línguas estranhas naquele dia, porém é mais aceito, nos círculos teológicos, a manifestação de línguas estranhas na casa de Cornélio (At 10:44-48) e em Éfeso (At 19:1-6), pois nestes  textos realmente fica implícito este tipo de manifestação.

Analisando minuciosamente à luz de I Coríntios, o dom de línguas é derramado segundo o beneplácito da vontade de Deus (I Co 14:1; 12:31), tendo como principais finalidades a glorificação de Deus (I Co 14:5) e edificação própria (I Co 12:4-a), diferentemente do dom de profecia, que edifica a Igreja (I Co 12:4-b).

 Interpretação de línguas

O dom de interpretação de línguas é concedido a alguns membros do corpo de Cristo, visando à compreensão de uma mensagem transmitida em línguas estranhas ou em outro idioma, para que haja a edificação da Igreja. A palavra traduzida por “interpretação” não quer dizer, literalmente, “tradução”, e com isto podemos asseverar que o dom de interpretação não traduz palavra por palavra, mas sim os propósitos de Deus.

No Antigo Testamento, o dom de interpretação atuava junto com os sonhos. No Novo Testamento, por outro lado, esse dom aparece seis vezes juntamente com o dom de variedade de línguas (I Co 12-14). De acordo com o ensino bíblico, deve haver a manifestação deste dom quando uma pessoa fala a Deus (At 2:11), ou quando uma mensagem profética está sendo comunicada em forma de mistérios espirituais (I Co 14:6;13-26). 

 Dom de profecia

O dom de profecia é a capacidade que Deus dá a alguns membros do corpo de Cristo para se transmitir, diretamente pelo Espírito Santo, uma mensagem de Deus. A palavra hebraica para designar “profeta” é “nabi”, que é derivada da raiz verbal naba, que significa “anunciador”, “declarador”, e por extensão “aquele que anuncia as mensagens de Deus”.

Esta iluminação é gerada subitamente pelo Espírito Santo na mente, ocorrendo a profecia quando ela é relatada com palavras humanas do próprio profeta. O dom de profecia não tem autoridade divina para servir de doutrina para a vida de ninguém, tampouco pode ser considerada como “revelação”, pois as duas únicas revelações existentes são a Bíblia, que é a espada do Espírito e a natureza, como ato criado, pois o Senhor se revela através de sua criação. Todavia, esse dom deve ser encarado como uma iluminação momentânea da parte do Espírito Santo para transmitir mensagens ocultas diretamente da parte de Deus, com o intuito de edificar os membros do corpo.

No contexto do NT, o dom de profecia é paradoxalmente diferente do ofício ministerial dos profetas veterotestamentários, pois na Antiga Aliança, o profeta anunciava com inspiração divina, sendo boca do Senhor. Os reis se orientavam pelos conselhos dos profetas, considerados a voz de Deus, como Samuel, que fora confirmado como profeta do Senhor (I Sm 3:20). O dom de profecia é muito importante, e sua prática deve ser aceita, pois possui base nas Escrituras.

Na Igreja Primitiva, pode-se observar a manifestação desse dom no concílio de Jerusalém (At 15:32), entre os discípulos de João em Éfeso  (At 19:6), sobre as filhas de Felipe (“Tinha este quatro filhas donzelas, que profetizavam.”- At 21:9), na profecia dos discípulos de Paulo (At 21:7), e na profecia do profeta Ágabo, que profetizou que, ao chegar a Jerusalém, o apóstolo Paulo correria perigo de vida (At 21:10, 11 e 12).

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A importância dos dons espirituais

“Toda a verdadeira função do corpo de Cristo tem um membro capaz de executá-la, e cada membro tem uma função a executar”

          A importância dos dons espirituais

Escrever sobre os dons, é tratar de um tema que envolve toda a comunidade cristã, já que, toda a pessoa salva possui pelo menos um dom, no entanto, de acordo com pesquisas do Instituto para o Desenvolvimento Natural da Igreja, com sede na Alemanha, 80% dos cristãos não sabem qual é o seu dom[1]. Essa situação é alarmante, pois os dons são armas espirituais à disposição dos que hão de herdar a vida eterna.

Sendo assim, cada cristão é um membro do corpo místico de Cristo na Terra, por isso deve procurar entender e buscar os dons que foram outorgados pelo Espírito Santo. O pastor Purkiser, da Igreja do Nazareno, tratando do tema, é enfático:

“Toda a verdadeira função do corpo de Cristo tem um membro capaz de executá-la, e cada membro tem uma função a executar”[2].
 Paradoxalmente, muitos crentes passam anos na igreja sendo imparciais diante desse assunto, ignorando-o e gerando falta de conhecimento bíblico: “A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1 Co 12.1). Todos nós fomos chamados por Deus para desempenhar uma função no Reino e precisamos ser equipados com os dons necessários para o serviço cristão.

O que são os dons?

No original grego a palavra Dom é “Charisma” que significa presente, manifestações do Espírito, oferecidos mediante a graça divina por parte de Deus como sendo o doador dos Dons. De acordo com o pastor Russel N.Champlim em sua enciclopédia. “Charisma indica os dons do Espírito, as suas graças, gratuitamente conferidas, para a obra do ministério (I Co 12:4, 9, 28, 30,31). Além disso, enfoca também o dom da graça, que nos traz a salvação’’[3].

Três Classes de Dons

Com esses Dons engrandecemos o reino de Deus, pois através de nossas vidas é manifesta a Glória de Deus; sendo concedidos mediante a graça de Deus.

“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (I Pe 4.10).

Graça etimologicamente falando significa Bondade Divina e na palavra podemos encontrar diversas maneiras de Deus expressar a sua graça:

 “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (I Co 12: 4-7).

Na Bíblia existem muitos dons, divididos em três classes, a saber: Os dons de serviço (Rm 12.6-8), os dons ministeriais (Ef 4:11), os dons do Espírito Santo (I Co 12:8-10) e outros dons encontrados em outros trechos da palavra, pois são manifestações da multiforme graça de Deus[4].

Cresce-se no Reino a partir do serviço

O homem é capacitado para o serviço cristão pelo Espírito Santo com dons e talentos (I Co 12:5; I Pe 4:10), que devem ser usados visando o serviço do Reino. Um talento é uma habilidade humana e natural com a qual se nasce ou é adquirida e pode ocorrer nas áreas da: música, oratória, administração e outras.  Já um Dom é um presente divino dado para ser usado no serviço Cristão.

Contudo muitos cristãos não desenvolvem seus dons, pois não valorizam seus talentos, outros ficam angustiados porque não sabem para que Deus os chamou, outros valorizam apenas os dons de poder e resumem os dons espirituais a Línguas, Interpretação Profecia e como não receberam estes carismas consideram-se como crentes sem dons, pois pensam que os seus dons mais interiorizados são apenas talentos naturais. Entretanto a exemplo de Jesus, devemos procurar servir, desenvolvendo nossas aptidões e assim fatalmente descobriremos em qual área da Diaconia o Senhor deseja nos usar.

Segundo o dicionário de Espiritualidade: “O papel do diácono é de ser um animador do serviço, da diaconia da igreja, nas comunidades cristãs locais, sinal e sinônimo do próprio Cristo Senhor, que não veio para ser servido, mas para servir[5]”. Pois quanto mais servimos, mais demonstramos nossa gratidão ao Senhor.

A importância do Fruto do Espírito como plataforma

Um dos mais importantes pontos doutrinários da obra de Deus é o fruto do Espírito, que são os atributos da pessoa de Cristo em nossa vida. Essa doutrina nos ensina o caminho para a humildade, que é a beleza da santidade. Sem o fruto do Espírito, passamos a desenvolver um cristianismo teórico, sem vida. Sendo assim, devemos sempre lembrar que o fruto do Espírito é a nossa atitude para com Deus, enquanto o derramamento dos dons consiste na atitude de Deus para com a Igreja. Sobre esse ensino, vale a máxima ensinada por nosso Senhor Jesus Cristo: “Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11.29).

Sendo assim, quando crescemos no conhecimento de Deus, passamos a refletir o Fruto do Espírito que significa expressões do caráter de Cristo em nossas vidas, e assim também iremos crescer espiritualmente, pois o Senhor irá derramar os seus dons sobre as nossas vidas.

Portanto, a verdadeira espiritualidade se manifesta através da piedade e da disciplina que são marcas de uma vida que produz o fruto do espírito que se manifesta no amor (I Co 13.1) e assim, certamente, iremos contribuir com o corpo de Cristo e com a igreja local, por meio de nossos dons pessoais. Por fim, empreender uma busca sincera para ser cheio do Espírito Santo e receber os dons do alto é uma atitude correta; o apóstolo Paulo nos orienta desta forma: ” Enchei-vos do Espírito “ (Ef 5.18) ”.

[1] SCHWARZ, Cristian. As 3 cores dos seus dons. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 2004.
[2] PURKISER, W.T. Os Dons do Espírito. Campinas: Casa Nazareno de Publicações.
[3] CHAMPLIM, Russel Norma. Enclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo: Editora Hagnos, 2006.
[4] MARTINS, Orlando. Um presente de Deus para você. São Paulo: Editora Candeia, 2014.
[5] Stefano de Fiores e Tulio Goffi. Dicionário de Espiritualidade. São Paulo: Editora Paulus, 1993.

Orlando Martins

Vice-presidente da AD Mais de Cristo em Florianópolis, Pastor-Auxiliar, Bacharel em Teologia e Jornalismo. Especialista em Educação, Mestrando em Teologia na EST. Escritor, Diretor da Faculdade Mais de Cristo. Professor universitário e de matérias teológicas em seminários e faculdades no estado de Santa Catarina. Casado com Cleusa de Oliveira Martins. Pai de Larissa Eduarda de Oliveira Martins.

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A origem do declínio dos dons espirituais – um estudo bíblico

 declinio dos dons espirituais

É talvez, dos maiores desafios da igreja, encontrar o ponto de equilíbrio, de tal forma que possa fugir das heresias, mas não se tornar um clube de amigos

por Moisés C. Oliveira

É praticamente unanimidade entre os historiadores do Cristianismo que a crescente institucionalização da Igreja foi acompanhada pelo desaparecimento dos dons espirituais, especialmente o de profecia, que à época era tido como um ofício tal como o de bispo e pastor, segundo o professor James L. Ash, Jr.

Institucionalização, aqui entendida, é a ênfase demasiada na organização que, por sua vez, provoca a hierarquização, em detrimento de outros aspectos, inclusive os espirituais da igreja.

Há um brilhante livro escrito por Adolf Harnack, delineando claramente esse aspecto e demonstrando todas as conexões dos fatos que levaram ao declínio do dom de profecia desde o período da igreja primitiva. Não apenas Harnack, mas outros historiadores protestantes do dogma, ligam o desaparecimento do ofício de profeta com a evolução da teologia canônica.

Advertência

Hoje o ambiente cristão protestante está com opiniões polarizadas sobre esses assuntos, daí a importância de deixar evidentes os pressupostos que serão tratados. Há por um lado, o justo temor dos pastores em verem seus cultos tornarem-se num caos generalizado, com a liturgia sendo interrompida a todo tempo por “profetas” – mais íntimos com o Eterno que eles próprios – querendo entregar mensagens mais importantes que a sua ao rebanho. Por outro lado, os membros que sentem cada vez mais acuados diante da teologia racionalista, apontando para um Deus idealizado, numa submissão constrangedora à filosofia e ideologias contemporâneas, que vêm sendo divulgadas e abafam, sobremodo, os dons espirituais.

Assim como há um árduo caminho para alguém se tornar pastor, também o havia para o profeta. Ambos, em tese, falam em nome de Deus. Nos livros de Samuel (1Sm 10:11) e Reis (2 Rs 4:38), do Antigo Testamento temos exemplos da escola de profetas. Portanto, profetizar era algo que estava sujeito a educação, ao aprendizado. Profeta, no contexto das passagens citadas, era um ofício exercido – aprendido e exercitado praticamente em pé de igualdade com as lideranças das congregações –, distinto de como entendemos hoje  o dom de profecia.

Quanto ao pastor, para a igreja contemporânea, é praticamente questão fechada entre as denominações que ele curse Teologia, que contemple uma grade mínima de disciplinas para capacitá-lo e situá-lo na realidade da igreja e da sociedade em que vive. Ambos têm a responsabilidade de entregar mensagens que norteiam a Igreja nessa terra. Se ponderarmos no quesito função e papéis determinados, veremos que a autoridade e a liderança em conduzir o rebanho está com o pastor; ao profeta, no contexto contemporâneo e relativo ao dom e não mais ao ofício, cabe anunciar – apenas quando houver o que anunciar – a mensagem à Igreja, que obviamente deve estar em perfeita harmonia com as Escrituras Sagradas. Disputar espaço e holofote com pastor não é função de profeta, muito menos entregar profecias a granel de assuntos corriqueiros em reuniões feitas à sombra da liderança.

Para o devido entendimento desse dilema, é preciso ter em mente que há diferentes tradições no seio da Igreja que interpretam de maneiras distintas a profecia e os dons espirituais. De ambos os lados há nomes de peso. Porém esse artigo vai em outro viés; antes se restringe unicamente a expor os fatos limitados a suposta origem, que determinaram o declínio dos dons espirituais e do ofício de profeta, do que comparar interpretações sobre os dons e tomar partido na questão.

A institucionalização

A institucionalização da Igreja primitiva, avançou muito como uma resposta contra a perseguição do estado e contra as heresias tais como o gnosticismo e o marcionismo. Reagindo contra esses inimigos, a Igreja formalizou o culto e centralizou o poder nos bispos. Desafortunadamente, esse movimento em direção à organização estrutural, trouxe consigo uma mudança semântica no significado da palavra “bispo”.

A palavra bispo é derivada do grego epískopos (ἐπίσκοπος). Na sua forma verbal significa vigiar ou supervisionar. Essa palavra não é restrita ao Novo Testamento e foi vastamente empregada pela cultura/literatura greco-romana do primeiro século para indicar indivíduos com funções de tutores, inspetores, vigilantes e ou superintendentes. Na igreja apostólica, a palavra foi usada para designar aqueles que ocupavam função de supervisionar outros indivíduos em fatos relacionados a igreja. Em Atos 20:17,28 e Tito 1:5,7 descreve os mesmos indivíduos que eram conhecidos por bispos, como sendo também os mais velhos (anciões), de quem se esperava também que pastoreassem o rebanho.

Com a crescente ênfase na estrutura organizacional, os bispos foram separando-se em congregações distintas e tornando cada vez mais prestigiados e poderosos. Essa mudança surge nos escritos de Inácio, bispo de Antioquia, em meados de 110 D.C., já preocupado em defender e promover a autoridade e prestígio dos bispos contra os hereges. Na Epístola aos Esmirniotas, ele vai declarar que “apenas essa Eucaristia que está sob o bispo será considerada válida”. Também asseverava que além do bispo, não há legitimidade em batismos e casamentos. Em outra epístola, a do Trálios, chega a admoestar que “não se faça nada sem o bispo”.

A História demonstra que a tendência de institucionalizar a função do bispo, iniciada com Inácio, permaneceu e culminou no eclesiasticismo – Afeição excessiva a formas, métodos e práticas eclesiásticas, Dic. Michaelis – e no estabelecimento do episcopado monárquico. Houve a partir daqui, uma valorização cada maior das práticas eclesiásticas em detrimento das experiências espirituais e pessoais.

Também significativo, é que as manifestações espontâneas do Espírito Santo se tornassem cada vez menos desejadas e aceitas pelas autoridades eclesiásticas, a saber os bispos. A solução proposta por James L. Ash, Jr. para o questionamento de que os dons foram superados com o estabelecimento do cânon do Novo Testamento é que “os bispos, e não o cânon, rejeitaram a profecia”. A autoridade de falar à Igreja em nome de Deus é deslocada para aquele que ocupa o cargo de bispo e não mais naquele que foi agraciado com o dom espiritual, ou mesmo aqueles que exerciam o ofício de profeta.

A tensão gerada pela oposição dos que pretendiam a continuidade da liberdade do Espírito, contra os que defendiam a emergente organização estrutural é tema ainda aberto, desde aquela época. Há inclusive, a eminente escritora, socióloga e pesquisadora do Movimento Pentecostal norte-americano Margaret M. Poloma, que destaca em seus livros essa mesma tensão aos quais ela nomeia por dilemas. Inclusive há um livro seu que trata desse dilema que perdura no meio evangélico, visto pela perspectiva das Assembleias de Deus nos EUA (The Assemblies of God at the Crossroads: Charisma and Institutional Dilemmas).

A liberdade e espontaneidade do Espírito Santo foram vencidas pelo formalismo ritualístico. No seu livro “História do Pensamento Cristão”, Paul Tillich, teólogo alemão lamenta que a institucionalização tenha vencido a liberdade do Espírito. O passo seguinte dessa opção feita pela Igreja, agora determinava que os líderes que ocupavam os cargos de bispos não careciam mais dos dons espirituais para exercer tais cargos; ao mesmo tempo arrogavam para si exclusividade na comunicação e como representantes da vontade de Deus.

Essa tensão se tornou evidente quando Montano começou a defender a importância dos dons espirituais na Igreja, especialmente o de profecia.

Detalhe importantíssimo

Um detalhe importante sobre os textos redigidos pelo bispo Inácio de Antioquia, defendendo a supremacia do episcopado era que ele também era profeta. Portanto, esses documentos eram dirigidos aos seus pares, pois ele também exercia, nessa época, o dom de profecia, concomitante com o de bispo. Há um texto dele na Epístola aos Filadelfos que diz: “Gritei enquanto estava com vocês. Falei com grande voz, com a própria voz de Deus. ‘Deem atenção ao bispo, ao presbitério e aos diáconos’. Mas alguns suspeitaram de mim por dizer isso, porque eu teria conhecimento prévio da divisão de algumas pessoas; mas Aquele a qual estou ligado é testemunha por mim de que eu não tinha conhecimento disso da parte de nenhum ser humano, mas do Espírito, que pregava, e dizia isso, ‘Não faça nada sem o bispo’.”

A novidade iniciada por Inácio foi a máxima: “não faça nada sem o bispo”. No entanto essa asserção da supremacia do bispo não justifica por si, o desaparecimento do ofício de profeta. A falência do ofício, pode estar ligada a uma ideia que passa a atribuir ao bispo, tanto o dom de profecia quanto o ministério de bispo. Arnold Ehrhardt, argui que a partir de Inácio de Antioquia o que ocorre é “um lento amalgamento do ministério profético com o ministério episcopal” (The Apostolic Succession).

Contribuem para esse ponto de vista, o fato de Policarpo, o mártir, em meados do segundo século, também ser chamado de “profético” – atribuição só aplicada a bispos respeitados pela comunidade.

Melitão de Sardes era outro bispo que profetizava. Polícrates descreve-o como “aquele que vivia inteiramente no Espírito Santo”. Tertuliano também afirmou que os montanistas posteriores o consideravam um profeta. Há um inclusive uma homilia sua, “Sobre a Páscoa”, que ao final, o Cristo Ressuscitado fala aos leitores em primeira pessoa, aludindo assim à retórica profética, na qual estudiosos apontam como uma linguagem extática.

Portanto Inácio de Antioquia não foi o único a reunir tanto o dom de profecia, quanto o ministério episcopal. Após ele, o ofício de profeta foi virtualmente extinto; enquanto o dom de profecia continuou aparecendo ocasionalmente em alguns bispos.

Por irônico que possa parecer, quando Inácio profetiza, “não faça nada sem o bispo” e conquista aceitação por parte da comunidade, a autoridade e a liberdade essencial do ofício de profeta sofreram um golpe definitivo e essa profecia curiosamente contribui para a extinção do ofício.

A crítica de Inácio arrogando poder ao bispo, era muito mais relacionada ao poder e a defesa da Igreja contra heresias que surgiam pela boca de qualquer um, desmantelando o ensinando dado à luz das Escrituras, do que contra a profecia propriamente, visto que ele mesmo era profeta.

Onde estão os profetas?

No final do segundo século, Montano surgiu com a embaraçosa pergunta à Igreja: “Onde estão os profetas?” Esse questionamento, obviamente, só tornou-se cabível devido ao desaparecimento dos profetas, os de ofício, principalmente.

Montano foi um personagem polêmico do segundo século, que distinguia-se pela operação de sinais e maravilhas, bem como de milagres; a ponto dos seus detratores reconhecerem que “sua vida e doutrina eram imaculadas”.

A interpelação de Montano, foi provocada pela sua preocupação com o crescente formalismo adotado pela igreja e pela frouxidão moral cada vez mais evidente e tolerada entre seus membros. Suas reivindicações eram que se desse a devida importância à direção sobrenatural do Espírito Santo, a uma religiosidade ascética e a segunda vinda de Cristo.

A qualificação para o ministro da Igreja, segundo Montano, era, sobretudo, possuir dons espirituais ao invés de indicações para tais cargos. Seus seguidores, os montanistas – como foram chamados – eram reconhecidos por falarem em línguas estranhas.

Essa ênfase nos dons espirituais trouxe a Montano conflitos com os líderes da Igreja, que contestaram assegurando que o ofício eclesiástico sobrepunha-se a qualquer dom espiritual. Também tiveram problemas na maneira como Montano e seus seguidores entregavam as profecias. Foram acusados de profetizar em estado de êxtase, embora não tivessem tido problemas em comprovar o conteúdo das profecias. Acreditavam que esse expediente de profetizar em frenesi, ou estado de êxtase, era prova da origem demoníaca das mensagens.

Vários sínodos posteriores censuraram Montano e seus seguidores, demonstrando assim, o impacto desconcertante que a sua pergunta causou na Igreja.

O apoio a Montano se alastrou pela Europa, Norte da África e Oriente Médio. Eusébio indica que Irineu foi enviado a Roma para interceder em nome dos montanistas. Tertuliano foi outro que tomou partido em favor de Montano. No seu texto “Contra Práxeas”, Tertuliano chega a afirmar que o bispo de Roma reconhecia os dons de profecia de Montano. Outra afirmação famosa sua é a de que Práxeas prestou duplo serviço; a Roma e ao diabo: “Ele [Práxeas], destituiu a profecia e trouxe a heresia. Ele colocou em fuga o Paracleto e crucificou o Pai”. Tertuliano também escreveu sete livros sobre a profecia em êxtase (extática) que foram ou perdidos ou destruídos.

John Wesley, teólogo cristão do século 18 e quase mítico pregador, foi outro que apoiou a visão de Montano após ler o livro de John Lacy “The General Delusion Of Christians Touch

Epílogo

O grande problema em estudar o Montanismo é que os textos disponíveis são apenas dos seus detratores, não restando os da sua defesa.

Inácio de Antioquia, também era profeta. Não confirmado através dos documentos históricos se de ofício ou por dom.

Esse dilema provocado pela exigência, até certo ponto natural, da organização da igreja e ao mesmo tempo liberdade e espontaneidade do Espírito Santo que deveria ser mantida, é problema ainda não superado. É talvez, dos maiores desafios da igreja, encontrar o ponto de equilíbrio, de tal forma que possa fugir das heresias, mas não se tornar um clube de amigos com reuniões pálidas e previsíveis, tratando e falando quase que de uma filosofia de vida, distante quilômetros da sua origem e vocação.

Fica o texto do Apocalipse de João que parece contemporizar a profecia ao longo do tempo, na Igreja; “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo” (Apocalipse 1:3).

Bibliografia
ASH, James L.  Jr. – “The Decline of Ecstatic Prophecy in the Early Church” – Theological Studies 37 (1976).
HYATT, Eddie L. – “2000 Years of Charismatic Christianity” – Charisma House, Florida (2002).
BORING, M. Eugene – “How May We Identify Oracles of Christian Prophets in the Synoptic Tradition?” Journal of Biblical Literature 91 (1972).
EHRHARDT, Arnold – “The Apostolic Succession”, Londres, (1953).
HARNACK, Adolf – “Outlines of the History of Dogma”, Funk & Wagnalls Company, Nova Iorque, (1893).

Informações obtidas junto ao site gospelprime

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 Moisés C. Oliveira – autor

Formado em Letras (Literatura Inglesa e Portuguesa), pastor assembleiano, professor da EBD e de teologia, residindo em São José, SC.