Peter J. Smith
OSLO, Noruega, 8 de outubro de 2010 (Notícias Pró-Família) — Um chinês dissidente de direitos humanos e defensor da democracia foi premiado com o Prêmio Nobel da Paz deste ano na sexta-feira.
Liu Xiaobo é o arquiteto de um manifesto pró-democracia e direitos humanos chamado Carta 08, que pedia liberdades básicas tais como liberdade de religião, assembleia, proteção da propriedade privada e a garantia de direitos descritos sob a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.
As autoridades prenderam Liu dois dias antes da divulgação da Carta em 8 de dezembro de 2008 e o acusaram de “incitamento à subversão do poder estatal”. Depois de declará-lo culpado, um tribunal chinês sentenciou Liu no Dia do Natal de 2009 a 11 anos de prisão.
O comitê do Nobel de forma particular citou o pacifismo de Liu ao desafiar os abusos de direitos humanos da China comunista e pedir reformas democráticas.
Liu foi indicado em parte por oito legisladores dos EUA que elogiaram seu trabalho e sofrimento pelos direitos humanos na China.
Representando a si mesmo e sete outros parlamentares dos EUA, o deputado federal Chris Smith (R-N.J.) recomendou que o Comitê do Prêmio Nobel da Paz reconheça não só Liu, mas premie conjuntamente dois outros ativistas de direitos humanos, Chen Guangcheng e Gao Zhisheng, que são perseguidos especificamente por lutarem contra a brutal política da China de esterilizações e abortos forçados sob a política de “filho único”.
Chen é um advogado autodidata cego, que assumiu sobre si o peso da responsabilidade de defender mulheres camponesas chinesas locais de esterilizações forçadas e defender para que os filhos delas não fossem abortados a força por autoridades do governo local.
Gao, um advogado de Pequim comprometido com a defesa dos direitos humanos na China, foi um dos advogados de Chen. Em 4 de fevereiro de 2009, Gao desapareceu sob circunstâncias suspeitas.
Geng He, a esposa de Gao, disse para a Associated Press que ela não tem conversado com seu marido desde abril e teme pela segurança dele.
O Ministério do Exterior da China condenou a decisão do comitê do Nobel de escolher Liu, chamando o prêmio de “blasfêmia” e Liu de “criminoso”.
“O objetivo do Prêmio Nobel da Paz é recompensar indivíduos que promovem a nível internacional a harmonia e a amizade, a paz e o desarmamento. Liu Xiaobo é um criminoso que foi sentenciado pelos departamentos judiciais chineses por violar a lei chinesa”, o ministério disse em seu site. “Dar o Nobel da Paz para Liu vai contra o princípio do prêmio e é também uma blasfêmia ao Prêmio Nobel da Paz”.
A reportagem da AP diz que a notícia da premiação de Liu com o Nobel foi censurada na China. A reportagem acrescentou que Liu Xia, a esposa dele, está em seu apartamento em Pequim sob guarda da polícia, que a proibiu de se encontrar com jornalistas.
A esposa de Liu, que está em condições de se comunicar por telefone e mídia eletrônica,disse para a CNN que ela tem a intenção de visitá-lo na prisão logo para informá-lo do prêmio, e animá-lo. Ela espera poder visitar a Noruega para receber o prêmio no lugar dele.
No ano passado, quem foi premiado com o Nobel da Paz foi o presidente Barack Obama, que foi indicado logo após tomar posse. Obama elogiou Liu por seu sacrifício numadeclaração e exortou as autoridades chinesas a libertá-lo da prisão.
“Ao conceder o prêmio ao sr. Liu, o Comitê Nobel escolheu alguém que tem sido um eloquente e corajoso porta-voz do avanço de valores universais através de vias pacíficas e não violentas, inclusive seu apoio à democracia, direitos humanos e o Estado de direito”, disse Obama.
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com