Grupo armado supostamente pedia libertação de militantes da Al-Qaeda; seis sequestradores foram mortos.
01 de novembro de 2010 | 9h 27
Operação matou agressores, fieis, padres e policiais
Pelo menos 52 pessoas morreram durante uma operação para libertar reféns detidos em uma igreja em Bagdá no domingo.
O vice-ministro do Interior do Iraque, Hussein Kamal, indicou que seis dos sequestradores também morreram nos combates, embora outras fontes tenham indicado um número menor.
Cerca de 100 pessoas assistiam à missa na Igreja da Nossa Senhora da Salvação, a maior igreja cristã da capital iraquiana, quando um grupo de homens armados invadiu o local e fez dezenas de pessoas reféns.
Os militantes diziam ser do Estado Islâmico do Iraque, grupo sunita supostamente ligado à Al-Qaeda. Eles exigiam a libertação de militantes da Al-Qaeda presos no Iraque e no Egito, de acordo com a imprensa iraquiana.
Segundo as reportagens, eles seriam árabes, mas não iraquianos.
Antes, o grupo tentou entrar na Bolsa de Valores de Bagdá, localizada em frente à igreja católica.
A polícia informou que seis pessoas foram mortas ali, incluindo dois policiais.
Os agressores se dirigiram então para a igreja. Segundo uma testemunha, eles "entraram na nave central e imediatamente mataram o padre".
A testemunha afirmou que os fieis foram colocados em uma sala dentro da igreja e que alguns foram agredidos.
O correspondente da BBC em Bagdá, Jim Muir, disse que houve um longo impasse entre os sequestradores e as forças de segurança que cercaram o edifício e monitoravam a área de helicóptero.
Ao fim do impasse, as forças de segurança iraquianas, ajudadas por oficiais americanos, entraram na igreja.
Moradores da região disseram ter ouvido explosões e trocas de tiros. Os militantes teriam lançado granadas e detonado coletes-bomba.
Cristãos iraquianos têm deixado o país desde a invasão de 2003
Na operação, morreram fieis, sequestradores e policiais. Segundo o ministro do Interior, 56 pessoas ficaram feridas.
"Decidimos lançar a ofensiva porque era impossível esperar. Os terroristas planejavam matar um grande número de nossos irmãos, os cristãos que estavam na missa", disse o ministro da Defesa do Iraque, Abdul-Qadr al-Obeidi.
"A operação foi um sucesso. Todos os terroristas foram mortos e agora temos outros suspeitos em detenção."
Bolsa
Segundo o correspondente da BBC, os número de cristãos vivendo no Iraque é em torno de 500 mil, principalmente seguidores das ramificações mais antigas.
No passado, esse número já chegou a 1,5 milhão, mas a maior parte deixou o país desde a ação militar liderada pelos Estados Unidos, em 2003.
Nos últimos anos igrejas católicas foram bombardeadas, incluindo a da Nossa Senhora da Salvação, em 2004.
Padres foram sequestrados e mortos em outras ocasiões, mas nunca feitos refém como neste episódio.
A segurança iraquiana é prejudicada pelo impasse político que domina o país desde as eleições gerais de março, que não tiveram um vencedor claro.
No domingo, a imprensa iraquiana noticiou que o bloco político Dawa, que representa parte da comunidade xiita do país, planeja recusar um convite do rei saudita Abdullah para conversas cujo objetivo seria ajudar na formação de um novo governo.
O partido, do atual premiê iraquiano Nuri al-Maliki, agradeceu a oferta de Abdullah, mas disse que o Iraque é capaz de resolver sozinho suas diferenças.
Comentário semelhante foi feito por Mahmoud Osman, representante dos curdos. Mas o bloco de maioria sunita, liderado pelo político secular Ayad Allawi, teria se interessado pela oferta saudita.
O presidente iraquiano, Jalal Talabani, a quem a oferta de Abdullah foi oficialmente dirigida, ainda não deu uma resposta formal. BBC Brasil – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.