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A doutrina de Cristo na história – antropologia e cristologia.

paixao-de-cristoCom a graça do bondoso Deus, vamos começar mais um ciclo de estudos sobre Teologia Sistemática. A concentração de nossos estudos será sobre a área da Cristologia, que não somente é o centro de toda a Escritura, como também é a razão e a lente para a interpretação de todo pensamento teológico cristão.

I. Cristologia e antropologia – questões iniciais.

No entendimento dos reformados e também de outras linhas de pensamento teológico cristão a bíblia faz um recorte antropológico onde o gênero humano é descrito como sendo feito a imagem e semelhança de Deus[2]. Este homem diante do pacto de obras estabelecido por Deus transgrediu o mandamento e se despiu de sua verdadeira humanidade se tornando um pecador.

A partir da queda a antropologia bíblica descreve o “ser” humano ainda com traços manifestos da imago dei, mas, todavia com alienada de sua liberdade, justiça e santidade original. O “estado” do “ser” humano, de acordo com a revelação bíblica, dá conta de uma humanidade alienada por causa do pecado que entregou a existência humana na pecaminosidade. Sobre esse aspecto o símbolo de Westminster assevera: “Dessa corrupção original, pela qual nos tornamos totalmente indispostos, incapazes e antagônicos a todo o bem, e totalmente inclinados a todo o mal, procedem todas as transgressões atuais”[3]. (Rm 3;5 e Ef 2.)

Nesse ponto há uma distância ética entre Deus e o homem, resultante da queda que nem mesmo homens ou anjos podem cobrir. Por fim a antropologia bíblica é uma espécie de grito de socorro de toda a humanidade cativa ao pecado. João Calvino disse:

“Mas quem se examina bem, segundo a regra e o juízo de Deus, não encontra nada que possa elevar o sei coração, em termos de um bom compromisso de fé. E quanto mais profundamente se examina, mais abatido fica, ao ponto de se sentir completamente esvaziado de toda a esperança, não lhe restando nada com que possa estabelecer retamente a sua vida” [4]

II. A Cristologia como mensagem direcionada ao homem.

A cristologia é em parte a resposta ao grito a humanidade agrilhoada ao pecado. A cristologia revela a obra de Deus na história construindo uma ponte sobre o abismo e eliminando a distância. A Escritura em sua totalidade é unida por uma mensagem de Salvação, onde Deus, de forma unilateral, persegue o ser humano para afastar as barreiras levantadas pelo pecado em relação ao homem, por meio da satisfação das condições da lei em Cristo e para restaurar a comunhão. Sobre este ponto Calvino disse:

“A fé deve firmar-se nas promessas gratuitas, não negamos que os crentes acolham e reverenciem a Palavra de Deus em todas as suas partes, mas assinalamos a promessa de misericórdia como o fim próprio da fé. (…) Não é sem motivo que incluímos todas as promessas em Cristo, uma vez que apóstolo encerra todo o evangelho na bênção que o pecador tem em conhecer a Cristo[5]

No estudo da cristologia, recebemos uma lente hermenêutica central para a compreensão de toda a Escritura, onde ela “não trata do mundo e do ser humano tais como são em si, mas vê o mundo e o ser humano sempre em relação com Deus” [6]. No dizer teológico de Martinho Lutero toda a Escritura enfatiza Cristo – Chirstum treibet – de tal forma que “nas palavras das Escrituras, você vai encontrar as faixas nas quais Cristo repousa. Simples e pequenas são as faixas, mas caro é o tesouro, Cristo, que repousa nelas”.[7]

III. Uma nova antropologia a luz da cristologia.

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De certa forma a antropologia já dirige a atenção para a provisão da graça de Deus para uma aliança de companheirismo com o homem que provê uma vida feliz de comunhão com o Senhor. Essa aliança só é eficiente em Cristo e por meio de Cristo. Portanto a doutrina de Cristo como mediador da aliança deve vir necessariamente em seguida. Cristo tipificado e prenunciado no VT como redentor do homem, veio na plenitude do tempo para tabercular entre os homens e levar uma reconciliação eterna. No dizer de O. Culmann é a cristologia que torna “visível a linha central da história (heilsgeschichte) que é, a um só tempo, reveladora e salvadora” [8]. A cristologia é a mensagem divina ao ser humano cativo em pecado. É uma mensagem de esperança, liberdade e reconciliação. Em Cristo o ser humano encontra o verdadeiro sentido da sua existência. Karl Barth, chegou inclusive a afirmar que a partir de Jesus Cristo, a teologia passa a ter como tarefa responder a “palavra da aliança de Deus com o ser humano que lhe virou as costas, mas que, graças à intervenção do próprio Deus em favor dele, chegou a voltar-lhe a face”.[9]

Conclusão

O professor Senarcles, discerniu com muita propriedade que as motivações da cristologia reformada, possui um senso de pessimismo em relação ao homem caído seguindo do senso de otimismo na graça vitoriosa do Senhor. Para Ele, o reformador João Calvino:

“com os olhos postos na vitória de Deus, dispensa todo outro apoio, certo de que qualquer elemento estranho pode obumbrar a plenitude da realização divina. Seu pessimismo quanto ao homem, portanto, é uma exigência de seu irresistível otimismo quanto à onipotência do amor divino – e, por certo, esse segundo elemento é a base de toda sua doutrina”.[10]

Rev. Francisco Macena da Costa.


[1] Texto baseando e adaptador pelo Rev. Francisco Macena da Costa do livro: Teologia Sistemática. Louis Berkhof, São Paulo: Luz para o Caminho, 1990. pag. 305.

[2] “segundo Agostinho, a imagem se relaciona com a “congnitio veritatis”, e a semelhança, com o “amor virtutis”; a primeira com as faculdades intelectuais, e a segunda com as faculdades morais. Ver: HODGE, C. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, 2001, pag. 555.

[3] HODGE, A. A. Confissão de Fé de Westminster Comentada. Puritanos, 1999, pag. 155.

[4] CALVINO, João. Institutas da Religião Cristã, vol. 1. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, pag. 82.

[5] Idem. Vol. 2, pag. 21.

[6] BULTMANN, Rudolf. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Teológica, 2004, pag. 246.

[7] GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores: São Paulo: Vida Nova, 1994, p. 84.

[8] FERREIRA, Julio Andrade. Antologia Teológica. São Paulo: Novo Século, 2003, pag.165.

[9] BARTH, Karl. Introdução a Teologia Evangélica. São Leopoldo: Sinodal, 1966, pag.21.

[10] SENARCLENS, J. De. Herdeiros da reforma. São Paulo: ASTE, 1970, pag. 198.

As ilustraçòes foram inseridas neste estudo pelo autor do site

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Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria, A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.

Por Pastor Ângelo Medrado

Pr. Batista, Avivado, Bacharel em Teologia, PhDr. Pedagogo Holístico docente Restaurador, Reverendo pela International Minystry of Restoration - USA - Autor dos Livros: A Maçonaria e o Cristianismo, O Cristão e a Maçonaria, A Religião do Anticristo, Vendas Alto Nível com Análise Transacional, Comportamento Gerencial.
Casado, 4 filhos, 6 netos, 1 bisneto.

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