Estudo com deficientes visuais lendo em Braille mostra que mesmas áreas do cérebro da leitura visual são ativadas
22 de fevereiro de 2011 | 14h 55
estadão.com.br
SÃO PAULO – A porção do cérebro responsável pela leitura visual não precisa da visão. Foi o que determinou um novo estudo analisando imagens do cérebro de cegos lendo em Braille. A descoberta desafia a noção de que o cérebro é dividido em regiões especializadas no processamento da informação vinda de sentidos diferentes, segundo os pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém e da França.
Karl-Heinz Wellmann/Divulgação
Livro escrito em Braille
O cérebro não é uma máquina sensorial, embora muitas vezes se pareça com uma; ele é uma máquina de realização de tarefas, afirmaram os pesquisadores responsáveis pela pesquisa. Uma área em particular é responsável por uma função única, nesse caso, pela leitura, independentemente do sentido envolvido na modalidade.
Diferentemente de outras tarefas realizadas pelo cérebro, a leitura é uma invenção recente, de cerca de 5.400 anos de idade – o Braille tem apenas 200 anos – não havendo tempo suficiente para que o cérebro tenha evoluído um módulo específico dedicado a essa tarefa.
Ainda assim, tomografias mostraram que uma parte muito específica do cérebro, conhecida como Área de Formação Visual das Palavras, foi usada pelo órgão para a realização dessa tarefa em específico. Mas ninguém sabia o que aconteceria no cérebro de um cego lendo em Braille, pois nesse caso não ocorre nenhum tipo de experiência visual durante a leitura.
No estudo, a equipe utilizou ressonâncias magnéticas para observar o cérebro de deficientes visuais de nascença lendo palavras ou sinais sem sentido em Braille. Quando liam palavras reais, a área do cérebro acionada no processo de leitura era as mesma acionada no processo de leitura visual.
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