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Como entender que tudo coopera para o nosso bem?

 

Imagem do avatarPor Paulo César Nunes do Nascimento (perfil no G+ Social) em 19 de agosto de 2011

Como entender que tudo coopera para o nosso bem?

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Rm 8.28)

Talvez este seja um dos versículos mais citados por nós evangélicos, especialmente diante de situações adversas vividas por outras pessoas! Geralmente buscamos conforto e refúgio nesse versículo.

Mas muitas vezes, Rm 8.28 é usado meramente como último recurso ou fuga face às complexidades da vida cristã. Quando irmãos conosco as tragédias que atingiram as suas vidas, nos sentimos impotentes, não encontramos palavras capazes de produzir conforto e tranqüilidade, então recorremos a Rm 8.28 e dizemos: “É assim mesmo irmão, todas as coisas cooperam…”

No entanto, a experiência cristã tem mostrado que esse versículo é doce e fácil de ser digerido até o momento em que as tragédias da vida não batem a nossa porta e invadem a nossa casa.

Esta semana recebi um email com o seguinte conteúdo: (12/06/07)“Não sei se você conhecia um amigo nosso que fez o CLM aqui no passado, o Carlinhos e a esposa Cristina. O Gino e eu fomos ontem à tarde no sepultamento deles em Goiânia. Sofreram um acidente de carro e morreram os dois no local, deixando dois filhos, um de 13 (menina) e o outro de 10 (menino).”

Como estas crianças pré-adolescentes irão entender que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus diante da dura realidade de terem perdido pai e mãe no mesmo dia e numa fase da vida tão complicada como a pré-adolescência?

Como entender que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus quando se tem uma mãe maravilhosa, uma esposa dedicada, serva de Deus, que aos 55 anos descobre que está com câncer e 43 dias depois vem a falecer?

Como entender que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus quando se dedica toda a vida à tradução da Bíblia para um povo indígena na Colômbia, depois de publicado os guerrilheiros queimam todos os exemplares? O missionário vem para o Brasil começa um processo de revisão desse NT que fora queimado e aí descobre que está com câncer na medula. Pede a Deus apenas duas coisas: dê-me ainda mais um tempo para que eu possa completar esta revisão e ver os meus netos crescerem. Obtém como resposta NÃO, e pouco tempo depois morre. Como entender?

O apóstolo Paulo nos deixou nesse texto algumas orientações que, se forem bem assimiladas por nós, nos proporcionarão maturidade cristã, e nos capacitarão a lidar com as tragédias de forma menos dramática. Observem: não de forma calma, tranqüila, mas de forma menos dramática.

Para entendermos que Deus manobra todas as coisas (inclusive tragédias) para o bem daqueles que o amam, é preciso que tenhamos em mente que…

1. Deus trabalha em cima de projetos eternos. VS. 29,30

Observemos o resumo que Paulo faz do projeto eterno de Deus em relação aos seus.
…conheceu de antemão… Predestinou… Essas duas ações divinas se deram na eternidade.
…chamou… Justificou… Essas outras duas ações divinas se deram, aconteceram num momento histórico das nossas vidas. Ele nos chamou através da pregação da sua Palavra. Quando respondemos positivamente ao seu chamado, ele nos declarou justos em Cristo Jesus.
…glorificou… Esta última ação divina se dará no futuro, no momento da vinda de Jesus.

Ocorrerá no futuro? Ou já ocorrera no passado?

Essa declaração de Paulo é considerada a mais ousada expressão de fé das escrituras. A glorificação dos servos de Deus se dará em algum momento no futuro, mas ele fala dela como já consumada no passado.
O princípio que podemos extrair desses versículos é que o que Ele planejou na eternidade acerca das nossas vidas tem o seu desfecho final garantido. Independentemente dos contratempos e das tragédias que atingem as nossas vidas hoje.
Amados, o Senhor nosso Deus trabalha em cima de projetos eternos, de sorte que pra Ele não existe surpresas, acontecimentos inesperados, tragédias repentinas. Para Ele está fora de cogitação declarações tais como: “Não tive o controle da situação! Sinto-me impotente diante do que está acontecendo! Tudo aconteceu tão de repente!!!”
Todas essas coisas fazem parte da nossa experiência. De fato, nós somos surpreendidos por algumas tragédias, por desastres, por perdas repentinas; nós nos sentimos impotentes diante de sofrimentos prolongados vivenciados por nós ou por pessoas intimamente ligadas a nós.

De fato nós não conseguimos entender nem perceber que todas as coisas vão cooperar para o nosso bem. Isso é fato!
· Na verdade, algumas tragédias, alguns desastres, algumas perdas e alguns sofrimentos. São entendidos e explicados com o tempo. (José do Egito). “Vós na verdade, intentaram o mal contra mim, porém Deus o tornou em bem…” Gn 50.20a.
· Outras e outros, porém, nos atingem aqui, mas os seus motivos e as suas razões se processam numa dimensão acima da nossa, os quais ficam sem explicação para nós. De maneira que, quando tentamos ou alguém tenta oferecer uma explicação plausível, tece comentários e chega a conclusões equivocadas.
· Jó sofreu uma tragédia familiar, uma tragédia financeira, uma tragédia física, e uma tragédia matrimonial.
O que se passava com Jó aqui na terra eram efeitos, resultados, de algo que se processava numa dimensão espiritual que ele desconhecia.

Todos os seus amigos que tentaram oferecer explicações plausíveis, falaram bobagens.

Em situações como esta de Jó, em que as tragédias ficam sem explicações e nós não conseguimos enxergar como essas coisas vão cooperar para o nosso bem, precisamos entender que para Deus, numa dimensão espiritual acima da nossa, todas as coisas estão perfeitamente claras e são perfeitamente explicáveis.
Precisamos descansar e confiar, que de alguma maneira, que nós desconhecemos, Ele promoverá o bem para nós porque
Ele trabalha em cima de projetos eternos.

Mas em segundo lugar, para entendermos que Deus manobra todas as coisas para o nosso bem (inclusive as tragédias), preciso que tenhamos em mente que…

2. O laço amoroso de Deus para conosco não se rompe mesmo diante das piores tragédias da vida v.35

No v.35 Paulo faz uma pergunta retórica “Quem nos separará do amor de Cristo?” ao fazer esta pergunta Paulo não estava em busca de respostas. Ele a fez simplesmente para fins de argumentação; para enfatizar uma verdade que ele já sabia.
Em seguida ele passa a alistar uma série de circunstâncias incômodas que quando estamos no meio delas temos dificuldade de perceber e entender o amor de Deus por nós. V. 35.

O que Paulo está enfatizando com estás duas perguntas retóricas e que nenhuma dessas circunstâncias incômodas, nenhuma tragédia da vida é capaz de romper o laço do amor de Deus para conosco.
Mas, pastor, como entender o amor de Deus por nós diante das tragédias da vida?… diante de um casamento desfeito?… diante do abandono do marido?… diante da morte dos pais quando ainda se é muito novo?… diante das agonias de um parente com uma doença incurável?… diante do fato de ter sido e ainda ser rejeitado?… quando se perde o emprego ou a fonte de renda para o sustento da família?… quando se é abandonado pelos pais?…quando Ele remove das nossas vidas as pessoas que mais amamos?

Em circunstâncias como essas é extremamente difícil perceber e entender o amor de Deus.

No entanto, nas Escrituras, o Senhor afirma e reafirma o seu amor para com o seu povo, especialmente em circunstâncias em que o povo sente o abandono e o desamparo do Senhor. Em Is 49.14,15 está escrito:

“Mas Sião disse: O Senhor me desamparou o Senhor se esqueceu de mim. Pode uma mãe esquecer-se do filho que ainda mama, de modo que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti.”

No Sl 27.10 Davi fala desse amor imutável do Senhor:

“Ainda que meu pai e minha mãe me desamparassem, o Senhor me recolheria.”
Observemos que para afirmar e reafirmar a imutabilidade do seu amor para conosco, até mesmo em meio as tragédias da vida o Senhor usa como ponto de comparação o mais elevado nível de amor nos relacionamentos humanos: o amor dos pais para com os filhos.

Portanto, tenhamos sempre em mente que o laço amoroso de Deus para conosco não se rompe mesmo diante das piores tragédias da vida.

Mas em terceiro lugar, para entendermos que Deus manobra todas as coisas (inclusive as tragédias) para o nosso bem, é preciso que tenhamos em mente que…

3. O laço amoroso de Deus para conosco ultrapassa os limites da própria morte. Vs. 38,39

A morte impõe limites a existência terrena, mas Paulo diz que nem mesmo ela põe fim à ligação amorosa de Deus para com os seus servos, nem mesmo ela rompe, quebra, desfaz o laço amoroso de Deus para com os seus filhos.
Desde novo convertido eu aprendi que a Bíblia fala de três tipos de morte: física, espiritual e eterna. Também aprendi que o conceito básico que inclui esses três tipos de morte é separação. Separação do espírito e do corpo, separação da comunhão com Deus, separação eterna do Criador.
Se este conceito de morte estiver teologicamente correto, o que Paulo está dizendo é que nem mesmo a “separação poderá nos separar do amor de Deus”.

Na experiência humana a morte é o ponto alto, o ápice de uma tragédia. Tragédias que terminam com a morte de pessoas, são mais angustiantes e dramáticas.

Entender o amor de Deus em tragédias desse tipo é muito difícil do que em qualquer outra situação.
Geralmente as pessoas acham que se Deus as amasse não teria tirado a vida do seu ente querido; se Deus amasse o seu ente querido não teria permitido que ele morresse numa situação como aquela.
Pensamentos como estes geram revoltas, abalam a fé, levam muitas pessoas a desacreditarem do amor de Deus.
Em momentos assim é preciso maturidade cristã, é preciso visão correta da morte: Deus não deixou de nos amar porque o nosso ente querido morreu de forma tão trágica, Ele não deixou de amar o que foi vítima da tragédia, porque o seu laço amoroso para conosco, diz Paulo, ultrapassa os limites da própria morte.
Amados esses meus 22 anos de evangelho, uma das declarações mais belas que eu já ouvi face à dura realidade da morte foi de um indígena. Fazendo uma visita para uma irmã de sua comunidade que estava com câncer em estado terminal, ele disse:
“vá minha irmãzinha, vá em paz! O câncer pode comer a sua carne, mas não pode comer o seu espírito”. (Senhor Jair – etnia Dâw).
Esse homem tão simples, na simplicidade da sua fé, expressou maturidade, visão correta da morte. Mesmo matando-a, o câncer não seria capaz de pôr fim à sua existência espiritual, ao seu relacionamento com Deus numa outra dimensão, de desfazer, de romper o laço amoroso de Deus para com sua serva.

Em outras palavras, Paulo já havia falado sobre isso na carta aos Romanos 14.7,8: Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos para o Senhor vivemos; se morremos para o Senhor morremos. Quer pois, vivamos ou morramos, SOMOS DO SENHOR.

Pr. Paulo César Nascimento

Por Pastor Ângelo Medrado

Pr. Batista, Avivado, Bacharel em Teologia, PhDr. Pedagogo Holístico docente Restaurador, Reverendo pela International Minystry of Restoration - USA - Autor dos Livros: A Maçonaria e o Cristianismo, O Cristão e a Maçonaria, A Religião do Anticristo, Vendas Alto Nível com Análise Transacional, Comportamento Gerencial.
Casado, 4 filhos, 6 netos, 1 bisneto.

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