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‘Quero ser como Jesus Cristo’, diz autor de ‘A Cabana’

 

 

Uma das atrações mais aguardadas desta Bienal do Livro do Rio, o canadense William P. Young fez questão de abraçar e dar dois beijos, ao estilo carioca, em cada fã da extensa fila formada para a sessão de autógrafos de A Cabana (Sextante), na última quarta-feira. Foram necessárias três horas para atender a todos os que buscavam rubricar seu exemplar do best-seller, há 152 semanas na lista dos mais vendidos de VEJA. A generosidade de Young é proporcional ao sucesso alcançado no Brasil. Best-seller acidental – A Cabana foi escrito como um presente para os filhos –, o livro lançado em outubro de 2008 acaba de atingir a marca de 3 milhões de exemplares vendidos só no país – em vendas, a versão em português só perde para a do inglês. E Young agora quer mais: ele planeja lançar seu segundo título em breve. “Jesus Cristo não veio à Terra para criar uma nova religião, sua missão foi destruir o pensamento religioso para incentivar os relacionamentos humanos. É o que eu quero fazer com meus livros.”

A religião não é citada gratuitamente: o tema está, de fato, no centro de A Cabana. O livro fala do sofrimento de um homem que tem a filha de cinco anos brutalmente assassinada. É esse sofrimento que o empurra a encontro de Deus e dá início a um debate sobre a fé, a origem da dor e o caminho para a cura. A pergunta que surge durante a leitura é como um livro que retrata Deus como uma mulher negra e voluptuosa pode fazer tanto sucesso num país fundamentalmente ligado aos preceitos do catolicismo como o Brasil? Nem o autor sabe ao certo. “Os leitores brasileiros me dizem que o livro mudou suas vidas. Acho que a sociedade está mais aberta para questionar as religiões e a presença de Deus em suas vidas. Isso se deve ao maior acesso às informações”, disse Young a VEJA Meus Livros. Leia abaixo a entrevista.
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Como você avalia a reação dos leitores brasileiros a seu livro, já que é este é um país essencialmente católico? Leitores me dizem que o livro mudou suas vidas. E a maioria agradece pelo fato de terem ampliado sua visão de Deus após ler A Cabana. Os brasileiros são altamente espiritualizados. O livro foi traduzido para 41 idiomas, mas a versão em português é a mais lida, logo após a publicação em inglês. Isso significa que esse tipo de história fala diretamente aos seus corações. Sinto que os brasileiros são muito receptivos a discussões sobre o sofrimento, a dor e as questões da vida.

Por que as pessoas buscam publicações que as ajudem a pensar na vida? As pessoas querem encontrar alguém que lhes diga o que devem fazer. Mas eu não quero ser essa pessoa. Desejo apenas levantar os questionamentos que levanto por acreditar que cada ser humano é importante e que as decisões que tomam são significativas para o funcionamento do universo.

O senhor sente que interfere na vida dos leitores quando escuta declarações de que A Cabana mudou suas vidas? Eu costumo dizer que não tenho nenhum poder em fazer isso. Não posso curar ninguém e muito menos mudar a vida de uma pessoa. Mas Deus utiliza diversos recursos para tocar os nossos corações – uma música ou as palavras de um livro. A Cabana foi um presente para meus filhos, agora todo o mundo está lendo esse presente dedicado a eles. Nunca premeditei esse sucesso, nunca foi minha intenção.

Qual é a mensagem por trás do grande sucesso de A Cabana?Acredito que as pessoas estão em busca de si mesmas. Há muitas condições atuais que levam a isso. O acesso à informação é mais amplo hoje. Antigamente, políticos e religiosos impunham obstáculos imensos para que a sociedade fizesse perguntas pertinentes ao seu autoconhecimento e crescimento espiritual. A internet e a velocidade da comunicação acabam com esses obstáculos. Isso nos faz começar a entender que somos uma única família, a raça humana.

Essas conclusões o inspiram a escrever um segundo livro? Sim, sem dúvidas. Eu sempre fui escritor, mas nunca achei que mais ninguém fosse se interessar pelo que eu escrevo além de parentes e amigos. Há três anos e meio, eu tinha três empregos para sustentar minha família. Minha ocupação principal era como encarregado de uma pequena fábrica, eu enviava e recebia encomendas, limpava os banheiros, ou seja, sou uma pessoa bem comum. Estou apenas no meio de uma vivência fantástica.

Então, a vida melhorou bastante, não? No fundo, tudo não passa de uma questão de perspectiva. Não há nada de errado em limpar banheiros para viver. Se for possível sentir a presença de Deus, não importa o tipo de atividade que se pratica.

O que planeja para seu segundo livro? Será outra ficção com a mesma mensagem. Não será uma sequência de A Cabana, mas sim uma história diferente que irá envolver questões de relacionamento e sobre o mundo através dos olhos do próximo.

Em que estágio está a adaptação de A Cabana para o cinema? Eu estou curioso a respeito disso, há incertezas envolvidas nessa produção. Não tenho previsões. Os direitos autorais do livro pertencem aos donos da pequena editora criada apenas para publicar A Cabana, que foi recusada por muitos publishers. Eles podem fazer o que quiserem com a história e isso é totalmente aceitável para mim. Eu não ligo.

Quem escolheria se pudesse indicar alguém para interpretar um de seus personagens?Escolheria Queen Latifah para ser Papa (a mulher negra e voluptuosa que representa Deus no livro). Ou até mesmo Oprah Winfrey, porque ela já sabe como interpretar Deus. Isso é apenas uma piada, é claro (risos).

Qual é o lado positivo de se engajar em alguma religião? Entidades religiosas realmente têm ações positivas, administram hospitais, promovem a educação e ajudam os menos favorecidos. As religiões também tendem a oferecer valores morais à sociedade. Mas, por outro lado, esses valores se tornam limitantes porque impedem as pessoas de se relacionar livremente.

Acredita que há um exercício de poder inerente às religiões? Sim, a religião em si é maligna. As mulheres, por exemplo, sofrem terríveis abusos por conta dos sistemas religiosos. Cria-se um sistema de poder que demanda dinheiro dos fiéis para manter a máquina em funcionamento, além de separar quem é realmente espiritualizado de quem não é. A maioria das guerras foi fundamentada em princípios religiosos. Isso já é um indício de que há algo errado com a ideologia religiosa. Jesus Cristo não veio à Terra para criar uma nova religião, sua missão foi destruir o pensamento religioso para incentivar os relacionamentos humanos. É isso que eu quero fazer com meus livros.

Mariana Zylberkan

Por Pastor Ângelo Medrado

Pr. Batista, Avivado, Bacharel em Teologia, PhDr. Pedagogo Holístico docente Restaurador, Reverendo pela International Minystry of Restoration - USA - Autor dos Livros: A Maçonaria e o Cristianismo, O Cristão e a Maçonaria, A Religião do Anticristo, Vendas Alto Nível com Análise Transacional, Comportamento Gerencial.
Casado, 4 filhos, 6 netos, 1 bisneto.

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