No livro de Deuteronômio, estão os discursos que Moisés fez quando o povo de Israel estava
nas proximidades da terra prometida, depois de 40 anos de peregrinação pelo deserto. Ele tinha 120 anos e seus ouvintes, com exceção de Josué e Calebe, menos de 40 anos.
O primeiro discurso é uma exposição da história do povo desde a saída do Egito até aquele dia (Dt 1.1-4.40). O segundo discurso é uma repetição das leis a que o povo estava sujeito (Dt 4.44-28.68). O terceiro discurso é uma descrição da aliança de Deus com o povo (Dt 29.1-30.20). Além destes discursos, estão no quinto livro da lei os últimos conselhos de Moisés (Dt 31.1-32.52) e as bênçãos que ele proferiu para cada uma das doze tribos de Israel (Dt 33.1-29).
Moisés declamou também dois preciosos cânticos. Um, logo depois da travessia do mar Vermelho (Êx 15.1-18), e outro, pouco antes de morrer (Dt 31.30-32.43). É também de sua autoria a oração do salmo 90.
O fato de Moisés ter vencido, com o auxílio prometido de Deus, a dificuldade de falar é impressionante. Ao ser chamado por Deus para tirar o povo de Israel do Egito, ele foi logo dizendo: “Eu nunca tive facilidade para falar, nem antes nem agora, depois que começaste a falar comigo. Quando começo a falar, eu sempre me atrapalho.” (Êx 4.10, BLH.)
Tudo indica que o problema era real. Tanto que Deus prometeu: “Eu o ajudarei a falar e lhe direi o que deve dizer”. Além disso, Arão, que não tinha a mesma dificuldade do irmão, poderia falar no lugar dele, o que de fato aconteceu no início (Êx 4.30; 5.1; 7.1, 2).
Outras duas vezes, Moisés fez menção do seu problema particular: “Eu não tenho facilidade para falar” (Êx 6.12, 30). A essa altura, ele estava com 80 anos. Talvez exagerasse o problema, talvez carregasse alguma experiência traumática a esse respeito, talvez não alimentasse a menor esperança de cura. No entanto, Deus forçou a barra, insistiu e venceu. Progressivamente, Moisés superou a dificuldade de falar, se esqueceu do problema, foi curado das experiências passadas, adquiriu confiança e abriu a boca.
Quando Moisés proferiu os discursos que estão em Deuteronômio, Arão, seu irmão e interlocutor, já havia morrido. Os discursos saíram não de sua pena, mas de sua própria boca. Era, então, “poderoso em palavras e em obras”, de acordo com o registro de Estêvão (At 7.22).
Fonte: Ultimato