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POR RLOPES
Bastante atrasado, mas ainda a tempo de casar com a data, gostaria de compartilhar com o dileto leitor outro curioso trecho dos apócrifos. Desta vez, do chamado Evangelho de Pedro, o qual, ao menos na forma que chegou até nós, é apenas uma narrativa da Paixão e da ressurreição de Jesus. Falando nela, a propósito do dia de hoje, veja como o evangelho apócrifo a narra:
“Na aurora do sábado, veio uma multidão de Jerusalém e das regiões vizinhas para ver a cripta selada. Mas, durante a noite anterior ao dia do Senhor, enquanto os soldados montavam guarda dois a dois, uma grande voz veio do céu. Eles [os soldados] viram os céu se abrirem e dois homens descerem de lá; eles brilhavam muito e se aproximaram do túmulo. A pedra que tinha sido colocada sobre a entrada rolou-se dali sozinha e se moveu para o lado; a tumba estava aberta, e os dois jovens entraram.
Quando os soldados viram essas coisas, acordaram o centurião e os anciões, pois eles também estavam de guarda. Enquanto explicavam o que tinham visto, viram três homens saíram do túmulo, dois deles apoiando o outro, e uma cruz os seguia. As cabeças dos dois chegavam até o céu, mas a cabeça do que eles traziam estava acima dos céus. E ouviram uma voz dos céus: ‘Pregaste para aqueles que dormem?’. E veio a resposta da cruz: ‘Sim’.”
Caso se trate de fato de um texto tardio em relação aos evangelhos canônicos — há controvérsias –, a passagem ilustra uma característica comum da tradição sobre Jesus, que vai ficando cada vez mais detalhada e espetacular conforme as narrativas escritas se distanciam dele ao longo do tempo.
Feliz Páscoa pra todos!
Uma resposta em “A Cruz que falou”
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