- FILIPPO CECILIO
- Direto de São Paulo
- Fonte: Terra
A presidenciável Marina Silva (PV) disse nesta quinta-feira (2) que sua campanha não precisa de atitudes ilícitas para buscar votos. Ela se referia, mais uma vez, ao assunto que domina a ordem do dia: a suposta violação do sigilo fiscal de Verônica Serra, filha do candidato do PSDB à presidência José Serra.
Questionada se o destaque que esse assunto vem ganhando poderia atrapalhar sua campanha, fazendo com que ela sumisse dos noticiários, Marina diz que não, e que apenas teme "que a sociedade continue a mercê do interesse eleitoreiro. Devemos proteger as instituições e os cidadãos. Se isso vai ou não render votos, é uma avaliação que cada um deve fazer".
A senadora denunciou a existência de uma "política de conveniência" e que seria isso que faz com que as pessoas se sintam vulneráveis em situações como essa, não sabendo com absoluta certeza se é uma situação de completo descontrole no órgão federal ou se é apenas uma manobra eleitoral.
Marina disse que se sente tão vulnerável quanto todos os brasileiros e que espera uma solução rápida para o problema, mas que essa não pode ser tomada "pelo interesse político de A ou B".
O vice na chapa de Marina, o empresário Guilherme Leal, também falou sobre a possibilidade de sua candidatura se apagar em meio à crise instaurada entre PSDB e PT. "Espero que não. Confiamos na imprensa e no povo brasileiro, afinal de contas, temos um País para pensar".
Marina se encontrou nesta tarde com o presidente colombiano Juan Manuel Santos no Memorial da América Latina, em São Paulo, e manteve com ele uma conversa reservada de cerca de 45 minutos. Após a reunião, a candidata disse que o diálogo com o colombiano foi muito produtivo, em um ambiente amistoso e de busca de cooperação.
Santos saiu apressado sem falar com a imprensa, mas, no meio da correria, foi questionado sobre qual candidato teria seu apoio nas eleições de outubro. Ele respondeu que "os três tem grandes qualidades".
Entenda o caso
O caso da violação do sigilo fiscal de Verônica Serra veio à tona por meio de uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, publicada na noite de terça-feira (31), apontando que documentos da investigação da Corregedoria da Receita Federal revelaram o acesso aos dados fiscais da empresária, que é filha do presidenciável tucano. O acesso teria sido feito pela funcionária Lúcia de Fátima Gonçalves Milan, que trabalha na agência da Receita, em Santo André (SP), no dia 30 de setembro de 2009.
Na procuração citada pelo órgão consta a assinatura que seria da filha do candidato tucano feita no dia 29 de setembro de 2009. O portador Antonio Carlos Atella Ferreira teria, segundo a documentação em poder da Receita, reconhecido firma no dia 30 de setembro, no mesmo dia em que retirou as cópias no órgão. Para a Receita , no entanto, a apresentação da procuração descaracteriza a quebra de sigilo.
Nesta quarta-feira (1), o 16º Tabelião de Notas de São Paulo afirmou que "o reconhecimento de firma é falso" na procuração supostamente assinada pela filha do candidato José Serra. Verônica também negou que tenha assinado tal documento.