O órgão afirma que tais vídeos violam os direitos humanos e deve ser organizados pelo Estado
por Leiliane Roberta Lopes
- gospelprime
É normal encontrar em programas evangélicos da TV testemunhos de ex-pais de santos que se converteram. Muitos desses vídeos e até mesmo testemunhos gravados nas igrejas caem na internet e geram muita polêmica.
Por conta disto, Ministério Público Federal no Rio de Janeiro recomendou ao Google Brasil que retire pelo menos 15 desses vídeos alegando que eles promovem discriminação e a intolerância a religiões de matrizes africanas.
O MPF deu dez dias para que a empresa se pronuncie mostrando as providências que serão tomadas para o cumprimento da recomendação. Para o pedido o órgão afirmou que a “a liberdade de manifestação do pensamento não é um escudo para acobertar violações de direitos humanos”.
Ainda segundo o pedido o MPF afirmou que cabe ao Estado organizar o espaço onde ocorrem essas manifestações para que “sejam ponderados e harmonizados os direitos de quem se manifesta com aqueles de que eventualmente seja agredido pelo abuso das liberdades públicas”.
Um dos vídeos que podem ser retirados do Youtube é de um programa da TV Universal, quando ainda era IURD TV. O bispo Edir Macedo mostra um vídeo antigo onde ele expulsa demônios de um ex-pai de santo que o teria desafiado.
Em outro vídeo um bispo da IURD entrevista um homem endemoniado que tenta provar para uma frequentadora da igreja que não acredita na possessão e acaba sendo revelada.
Cultos pentecostais com testemunhos de ex-pais de santo também estão na denúncia, incluindo uma música do Pastor Melvin cantor pentecostal que fala contra trabalhos de macumba dizendo “O teu casamento não vai acabar/ Pisa na farofa, chuta este alguidar/
Pois não tem orixá nem/ A minha família é de Jeová”, diz trecho da canção.
O problema desses vídeos, segundo o procurador-regional dos Direitos dos Cidadãos, Jaime Mitropoulos, seria a “demonização de símbolos e ritos de outras religiões”.
“Para dar vazão a pregações, seus autores e divulgadores descambam para a demonização de símbolos, ritos e liturgias de outras religiões, vinculando-as, distorcidamente, a problemas de saúde, vícios, crimes praticados, atacando frontalmente a consciência religiosa de milhões de pessoas”, disse. Com informações Folha de SP.