TERÇA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2010
A primeira sensação que tive ao ouvir a notícia foi devergonha. Não posso acreditar que um comitê de seleção, supostamente qualificado tenha cometido uma atrocidade dessas e ter escolhido Lula, o Filho do Brasil como o representante do país na competição do Oscar de filme em língua não inglesa. Depois, pensando melhor, achei que eram eles que deviam ficar envergonhados.
Este ano, na verdade, o comitê de seleção, com a desculpa de torná-lo mais democrático, mudou as regras e eu francamente nunca consegui entender direito quem e como votaram. Será teoria da conspiração de minha parte achar que houve manobra eleitoral e mais uma vez neste país se cometeu uma desonestidade?
É incrível que tenham insistido em nomear um filme que o próprio público rejeitou e detectou como uma propaganda descarada, deformando fatos, tenha sido escolhido o melhor num ano que tem 5 X Favela, Bróder, o simpático É Proibido Fumar. Qualquer um deles seria mais indicado para o prêmio.
Além de tudo, um filme já marcado pela tragédia do acidente que deixou seu diretor em coma, com sequelas infelizmente irreversíveis. Agora vai ser um vexame internacional. Vai ser um choque para as pessoas no exterior se derem conta de que estamos parecendo a Itália fascista de Mussolini, quando fazemos filmes de propaganda do nosso presidente, ou até pior, lembrando a máquina de divulgação mundial de Hitler. Talvez assim alguns mais perspicazes percebam o que povo não consegue ver: que há realmente algo de podre neste reino.
Fonte: Rubens Ewald Filho