Estamos vivendo a época do entretenimento. A igreja cada vez mais assimila esta mentalidade juntamente com o gerenciamento empresarial de grandes "redes" denominacionais. Igrejas / empresas vendem produtos e transformam seus seguidores em consumidores de um "case" de serviços personalizados e identificados naquela denominação. Vivemos o perigo de conformar a igreja com o mundo, isto é, influenciando a igreja com as técnicas usadas pelo mundo. Mas se nada há no mundo digno de ser copiado, porque faríamos uso destas coisas para tornar a igreja mais atraente?
Dr. Martyn Lloyd-Jones disse: "Quando a igreja é absolutamente diferente do mundo, ela invariavelmente o atrai. O mundo é constituído da forma que é para ouvir sua mensagem, embora possa odiá-la em primeiro lugar."
Existem aqueles que são famosos pelo que fazem, e aqueles que fazem tudo para serem famosos. Há uma grande diferença entre estes dois grupos. Uma das razões pelas quais muitos líderes estão em busca de um segredo para tornar suas igrejas grandes, reside na falsa idéia de que a multidão pode lhes dar uma certa vitrine social. Há uma abundância de grandes comunicadores carismáticos, mas com pouco ou nenhum mérito para serem ouvidos. O que quero enfatizar é que as televisões e rádios estão cheias de pessoas atraídas pela idéia de serem conhecidas muito mais, do que Aquele que elas "julgam" pregar. Na tentativa de pregarem Jesus, pregam na verdade a si mesmos, para serem contemplados e admirados. São os modernos fariseus que oram publicamente nas sinagogas eletrônicas, a saber, na televisão e no rádio.
Interessante pensar que não existe nenhum programa no estilo "Big Brother Gopel", mostrando o dia a dia destas grandes denominações e de seus respectivos presidentes. Exatamente porque penso que nada fora das lentes da telinha, nada há neles de atraente, a não ser aquilo que é produzido no estúdio. Sua vida pública não encontra relação com sua vida privada, não são o que parecem, são aquilo que não mostram. Penso que era isso que Jesus queria dizer com lobos em "peles" (aparência) de ovelhas. Neste ponto a fama ministerial é usada contra o Evangelho e não a favor dele.
A grande maioria das coisas que vemos hoje nos meios de comunicação são personalidades egocêntricas, infladas pelo desejo de aparecerem e estarem em evidência. A multidão e a fama é o alvo delas e paradoxalmente a maior prova da insegurança de seus chamados. Todo líder que usa e se apóia na multidão ou na fama como significado de "benção ministerial" está no íntimo inseguro sobre quem é. Não é Deus que lhe dá significado, mas aquilo que ele faz e pensa que é. Por isso o alvo de Jesus jamais foi a multidão ou a fama, mas o indivíduo que não possui sentido de existência. Jesus sempre focou seu trabalho muito mais na qualidade da vida do que na quantidade das "coisas" na vida.
Jesus desafiou seus discípulos a pregarem ao mundo, e não se moldarem a este mundo. Ser discípulo de Jesus era mais uma questão da consciência de quem se era, do que daquilo que se fazia. Antonio Vieira em um de seus sermões disse: "Muitos cuidam da reputação, mas não da consciência.". Termino concluindo que: Um ministério pode um dia tornar-se famoso, mas não haverá nenhum esforço interno para isso. A fama enquanto consequência de um trabalho digno de ser admirado é benção, mas quando um ministério só é famoso porque tem os veículos e meios de comunicação na mão é maldição. Jesus jamais foi uma celebridade do amor, mas um mártir do amor. Por isso, a Ele toda a Glória.
Bruno dos Santos é Diretor do VidaSat Comunicações, Coordenador Geral da CIA (Coalizão das Igrejas Apostólicas) e pastor da Igreja Vida Nova em São Paulo. Escritor e Conferencista, é formado em Teologia com especializações em Novo Testamento e Liderança. Casado com Silvia Regina, é pai do Lucas, da Laís e da Ana Luiza.