LEUVEN, Bélgica, 16 de junho de 2011 (Notícias Pró-Família) — Um estudo preocupante conduzido por médicos belgas e registrado na revista médica Patologia Cardiopulmonar Aplicada envolveu o assassinato de pacientes por meio da eutanásia num quarto próximo à sala de operações do hospital, e então transportando os pacientes para essa sala e removendo-lhes os órgãos imediatamente depois de serem pronunciados como mortos. O estudo revelou que os pulmões daqueles que morrem por eutanásia são mais adequados para cirurgias de transplantes do que pulmões tomados de vítimas de acidentes.
Dirk Van Raemdonck do Departamento de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Gasthuisberg, e o líder do estudo intitulado “Experiência Inicial com Transplante de Pulmões Aproveitados de Doadores após uma Eutanásia”, compararam os resultados de transplantes de pulmões de doadores que morreram de trauma, ferimentos de cabeça tipicamente graves, ao uso de pulmões de doadores após eutanásia entre os anos de 2007 e 2009.
De acordo com o relatório, de cada quatro pacientes, três que receberam pulmões de pacientes eutanasiados foram liberados do hospital depois de 33 dias “com excelente função do órgão transplantado e bom resultado para o paciente que recebeu”, embora “um paciente que recebeu tivesse morrido na UTI devido a um problema sem relação com o órgão transplantado”.
O relatório comenta: “Todos os doadores expressaram seu desejo de doar órgãos logo que seu pedido de eutanásia fosse concedido conforme as leis da Bélgica. Todos os doadores sofriam de uma moléstia não maligna insuportável”.
O relatório diz que os doadores eutanasiados incluíam uma pessoa com uma “moléstia mental insuportável”, enquanto os outros três sofriam de “uma doença benigna debilitante tal como desordem neurológica ou muscular”.
O procedimento envolvia internar os doadores no hospital durante algumas horas antes do planejado procedimento de eutanásia. Eles eram mortos num quarto ao lado da sala de operações. Seus pulmões eram removidos imediatamente depois que eram pronunciados como mortos.
“Um cateter venoso central era colocado num quarto adjacente à sala de operação”, disse Dr. Van Raemdonck no relatório.
“Os doadores eram heparinizados (recebiam injeções com a heparina anticoagulante) imediatamente antes que um coquetel de drogas fosse dado pelo médico atendente que concordava com a realização da eutanásia. Anunciava-se que o paciente havia morrido pelo critério cardiorrespiratório por três médicos independentes conforme a lei belga exige para todos os que doam órgãos. O morto era então rapidamente transferido, colocado na mesa de operação e ligado a tubos”.
O relatório declarou que doadores eutanasiados perfaziam 23,5% de todos os doadores de pulmão que haviam tido morte cardíaca na Bélgica.
O Dr. Peter Saunders de Care Not Killing (Dê Assistência Sem Matar), uma aliança com sede na Inglaterra de organizações de direitos humanos e direitos de deficientes físicos, grupos de assistência médica e paliativa e organizações religiosas opostas à eutanásia, disse que ficou chocado com a indiferença casual do relatório.
“Fiquei estupefato com o sangue frio com que a questão estava sendo tratada, como se matar pacientes e então remover seus órgãos fosse a coisa mais natural do mundo”, conforme declaração dele citada no jornal The Telegraph.
“Aliás, a descrição no relatório acerca do processo usado para retirar órgãos é particularmente de dar arrepio e mostra o grau de colaboração que é necessário entre a equipe de eutanásia e os cirurgiões de transplante — preparando os pacientes no quarto ao lado da sala de operações, matando-os e então transportando-os para a sala de operações para lhes retirar os órgãos. Esse é um trabalho diário na moderna Bélgica sem ética”.
“Considerando que metade de todos os casos de eutanásia na Bélgica são involuntários, é só uma questão de tempo para que os órgãos sejam tirados dos pacientes que forem submetidos à eutanásia sem seu consentimento. Os médicos ali agora fazem coisas que a maioria dos médicos em outros países acharia absolutamente horríveis”, indicou o Dr. Saunders.
Ana Iltis, diretora do Centro para Sociedade e Saúde Bioética da Universidade de Wake Forest na Carolina do Norte, comentou para Fox News: “Quando aceitamos que os médicos vão matar pacientes, parece lógico que eles removam esses órgãos para transplante. As pessoas tendem a responder com um ‘Que nojo’, mas essa resposta deveria ser dada na questão da eutanásia”.
Iltis se referiu a um relatório de 2010 da Associação Médica do Canadá (AMC) que revelou a extensão da eutanásia sem um pedido explícito do paciente que ocorre na Bélgica. A AMC revelou que 20 por cento das enfermeiras belgas entrevistadas pelos pesquisadores haviam estado envolvidas na eutanásia de um paciente, mas também relatou que aproximadamente metade delas — 120 de 248 — confessou que haviam participado em “procedimentos de eutanásia sem pedido ou consentimento”.
“Tente imaginar os casos. Talvez a família do paciente tenha pedido, mas a lei, conforme a entendo, exige que o paciente faça um pedido explícito”, disse Iltis.
Alex Schadenberg, diretor da Coalizão de Prevenção à Eutanásia do Canadá, disse para LifeSiteNews que a eutanásia e o suicídio assistido estão sendo apresentados para a sociedade como uma solução médica mágica que acaba com todo o sofrimento, e agora estão sendo promovidos como um modo altruísta de beneficiar outros com nossas mortes.
“As pessoas serão consideradas egoístas e ficarão isoladas — por não morrerem de eutanásia ou suicídio assistido porque estarão custando à sociedade muito dinheiro ao prosseguirem suas vida em doença até uma morte natural — ou porque estarão negando órgãos frescos e saudáveis para outros em necessidade”, observou Schadenberg.
“Os órgãos são saudáveis porque a pessoa que os doa muitas vezes não tem nenhuma enfermidade terminal, mas em vez disso tem medo de viver uma enfermidade terminal. Continuaremos a escutar a propaganda de que tudo isso é sobre a liberdade de escolher. Mas isso é escolha de quem? Escolha é a ilusão; isso tudo tem a ver com a imposição da morte”, declarou Schadenberg.
Um resumo do estudo em inglês “Experiência Inicial com Transplante de Pulmões Aproveitados de Doadores após uma Eutanásia” está disponível aqui.