Guila Flint
De Tel Aviv para a BBC Brasil
Atualizado em 15 de julho, 2011 – 11:02 (Brasília) 14:02 GMT
Manifestação reuniu israelenses e palestinos em Jerusalém
Milhares de manifestantes israelenses e palestinos fizeram uma manifestação nesta sexta-feira em Jerusalém pela independência palestina, em um ato coordenado pelo grupo Solidariedade Sheikh Jerrach e comissões populares de palestinos de Jerusalém Oriental.
A manifestação reuniu cerca de 4 mil pessoas, começou no portão de Jaffa na Cidade de Velha e seguiu a linha divisória que separava Jerusalém ocidental da parte oriental da cidade antes da guerra de 1967.
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Os manifestantes exigem a criação de um Estado Palestino nas fronteiras pré-1967, com Jerusalém oriental como capital.
Do portão de Jaffa os manifestantes seguiram até o portão de Damasco, ao longo das muralhas da Cidade Velha. De lá, foram para o bairro palestino de Sheikh Jerrach, onde colonos israelenses instalaram um assentamento em casas confiscadas de moradores palestinos.
Os manifestantes levavam bandeiras palestinas e gritavam palavras de ordem, entre elas "judeus e árabes se recusam a ser inimigos".
A manifestação é considerada histórica, tanto pelo número sem precedentes de manifestantes dos dois lados como pela maneira como foi coordenada.
No passado já ocorreram manifestações conjuntas de ativistas israelenses e palestinos, mas o número de participantes não ultrapassou a casa dos centenas e os atos foram coordenados por lideranças pacifistas israelenses e lideranças palestinas.
Na manifestação desta sexta-feira a coordenação foi feita com comissões populares de moradores de Jerusalém Oriental;
Segundo os organizadores, "esta manifestação é um evento histórico na luta não-violenta para acabar com a ocupação".
"A manifestação prova que israelenses e palestinos são capazes de realizar juntos uma ação direta e não-violenta que terá um impacto importante nos eventos que acontecerão em setembro", afirmam porta-vozes dos ativistas, se referindo à reunião da Assembleia Geral da ONU.
Reconhecimento da ONU
O secretário da Liga Árabe, Nabil El Arabi, anunciou na quinta-feira que a organização irá pedir o reconhecimento da ONU ao Estado Palestino nas fronteiras de 1967.
O pedido será encaminhado ao Conselho de Segurança e à Assembleia Geral da ONU que deverá se reunir no próximo mês de setembro.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, declarou que "ainda prefere obter o Estado por intermédio de negociações com Israel".
Segundo Abbas, como as negociações estão congeladas, "não resta aos palestinos outro caminho exceto recorrer à ONU".
Segundo porta-vozes palestinos, 117 países dos 192 membros da ONU já prometeram que irão apoiar o pedido de reconhecimento da Palestina.
Israel e os Estados Unidos já anunciaram que são contra o pedido, o qual qualificam como "unilateral".
Europa e EUA
Nos últimos meses tanto os líderes palestinos como os israelenses vêm tentando convencer os países europeus a apoiar sua posição.
Ainda não se sabe como os principais países da Europa irão votar na Assembleia Geral da ONU.
Os Estados Unidos já prometeram a Israel que irão utilizar seu direito ao veto no Conselho de Segurança, portanto o Estado da Palestina não poderá ser aceito como membro integral da ONU.
O ex-embaixador dos Estados Unidos na ONU, John Bolton, que está visitando Israel, disse nesta sexta-feira que o reconhecimento da Assembleia Geral da ONU ao Estado Palestino "significa praticamente nada".
De acordo com a avaliação de Bolton, a Assembleia Geral certamente reconhecerá o Estado Palestino mas o veto americano impedirá que esse reconhecimento tenha um resultado prático.
Bolton afirmou ainda que Israel e os Estados Unidos "não deveriam levar isso (o reconhecimento da Assembleia Geral) tão a sério".
No entanto, apesar do veto americano, o presidente Abbas afirmou que irá prosseguir com seus esforços para obter o reconhecimento da Assembleia Geral, pois, segundo ele, uma votação da maioria dos países em favor da independência palestina "conferirá aos palestinos uma posição diplomática mais forte para negociar com Israel".