Edir em seu programa de rádio
Nos últimos dias, a Igreja Universal do Reino de Deus tem feito ataques às algumas concorrentes com a mais grave acusação possível que pode haver contra denominações evangélicas: a de estarem possuídas pelo diabo.
Na TV, rádio e internet,Edir Macedo (foto) e Romualdo Panceiro, seu braço direito, têm afirmado que pastores e cantores gospel adeptos do ritual de terreiro do “cai cai” [exorcismo que derruba as pessoas] estão sob a influência do maligno.
Na avaliação deste blog, os ataques da Universal só têm uma explicação: deter a perda de fiéis que ocorre em todos os seus templos para outras igrejas, principalmente as que têm a música como chamativo.
No período de 2003 a 2009, a Universal perdeu 24% do total de seus devotos, de acordo com dado da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar) divulgado pela Folha de S.Paulo. Uma perda que, com certeza, tem se refletido de maneira significativa na arredação de dízimo.
A irritação dos dirigentes da Universal é indício de que a fuga de fiéis se mantém firme. “[Os pastores e cantores] estão todos endemoniados”, disse Macedo na semana passada, embora ele tenha uma gravadora de música gospel, a Line Records.
Panceiro mostrou uma imagem da cantora e pastora Ana Paula Valadão em um “cai cai” com um pastor americano. Líder do grupo Diante do Trono, Ana é filha do pastor Márcio Roberto Vieira Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha.
Em outra imagem — também transmitida por Macedo e Panceiro — aparece o pastor Marco Feliciano, do Ministério Tempo de Avivamento, rodopiando como se estivesse em um terreiro de macumba.
O curioso é que a própria Universal se apropriou de alguns ritos de crenças de afrodescendentes, como a sessão de descarrego, com o "cai cai", em alguns casos.
Não é a primeira vez que Edir e sua turma atacam pastores concorrentes — um dos alvos recorrentes é o Valdemiro Santiago, da Mundial, uma das igrejas que têm “roubado” fiéis da Universal.
Os ataques de agora chamam a atenção pela sua virulência e pregação nitidamente preconceituosa em relação aos ritos com matrizes africanas, como ocorria nos primórdios da Universal.
Aos que deixaram a Universal, aos ex-dizimistas, portanto, Macedo reservou palavras de ressentimento como estas: "Só estúpido é que acredita que o Espírito Santo faz [a pessoa] cair, só quem é burro."
"Cai cai é diabólico, satânico"