Vereadores dão aval a projeto do prefeito, que abre 600 vagas para professores e custará R$ 15,7 milhões por ano; aulas serão optativas
30 de setembro de 2011 | 19h 58
Bruno Boghossian, de O Estado de S.Paulo
RIO – Contrariando um parecer do Conselho Municipal de Educação, a prefeitura do Rio conseguiu aprovar a inclusão do ensino religioso no currículo das escolas públicas cariocas. O projeto de lei votado anteontem na Câmara dos Vereadores cria aulas opcionais para diferentes denominações religiosas e abre 600 vagas para professores da área. A partir de 2013, o impacto no orçamento do município será de R$ 15,7 milhões por ano. Aprovado por 28 votos a 5, o texto estabelece a adoção de aulas facultativas para estudantes do ensino fundamental da rede municipal. Os pais decidirão se os alunos devem assistir às aulas e poderão escolher a designação religiosa de sua preferência. Em fevereiro, o Conselho Municipal de Educação – responsável pelo acompanhamento da política educacional do município – aprovou um parecer que rejeitava a inclusão da religião nas escolas. O objetivo era reafirmar o “caráter laico da escola pública”, uma vez que a adoção do ensino religioso é alvo de ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF).
Marcos de Paula/AE – 30/6/2009
Alunos brincam na escola municipal João de Deus, na Penha, zona norte do Rio
"Lamento profundamente a decisão dos vereadores. Para atender aos anseios de grupos religiosos, a prefeitura ignorou a avaliação que havia sido feita por um órgão formado por educadores”, criticou a professora Rita Ribes Pereira, do Conselho Municipal e especialista em educação infantil.
O projeto foi enviado à Câmara pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB), que se baseou na Constituição para propor a alteração no currículo escolar. Segundo o artigo 210, a religião deve ser uma das disciplinas do ensino fundamental.
Paes tinha uma dívida de campanha com líderes religiosos. Em 2008, quando disputava a eleição, prometeu se empenhar a favor da adoção do ensino religioso nas escolas municipais. O compromisso foi firmado com diversas autoridades – entre elas o então arcebispo do Rio, d. Eusébio Scheid.
A Secretaria Municipal de Educação informou que só vai se manifestar depois que o texto for sancionado. A assinatura de Paes é dada como certa, uma vez que o prefeito é o autor do projeto e a bancada de vereadores governistas se empenhou por sua aprovação.
Para o líder do governo na Câmara, Adilson Pires (PT), a inclusão da religião na grade curricular do ensino fundamental é uma oportunidade de fortalecer a formação moral dos alunos, sem estabelecer necessariamente uma doutrina espiritual específica. “O tema foi apresentado da seguinte maneira: vivemos em uma sociedade violenta e desagregada, com valores morais fragilizados. O ensino religioso cria a expectativa de transmitir às crianças valores da fraternidade, amor e companheirismo”, afirma o vereador, que deve ser candidato a vice-prefeito na tentativa de reeleição de Paes, em 2012.
As aulas só deverão ser oferecidas nas escolas de ensino integral – cerca de 100 das 1.064 instituições municipais. Lei aprovada em 2010 estabelece a adoção do ensino integral em todas as escolas até 2020.
Uma resposta em “Capital do Rio aprova ensino religioso”
QUE BOM.ESSA GRANDE VITÓRIA PARA EDUCAÇÃO RELIGIOSA. QUE DEUS ESTEJA
SEMPRE NESSA BATALHA. A PAZ DE CRISTO JESUS.
FRANCISCO DE SOUZA.