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A culpa não é delas

 

Por Andrea Dip
andrea.dip@folhauniversal.com.br

Alvo de violência frequente, principalmente sexual, mulheres são ainda acusadas de provocar seus agressores e colocadas como culpadas, ao invés de vítimas de terríveis abusos
Os casos de violência sexual e doméstica contra as mulheres se avolumam no Brasil. E pior: em muitos deles, tenta-se justificar agressões e abusos com base no passado e no comportamento das vítmas.
As mulheres passam a ser culpadas do próprio sofrimento e morte, como se isso fosse possível.
Esta escalada de agressões tem hoje como imagem mais forte, além da brasileira Eliza Samudio, a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, de 43 anos, condenada a ser apedrejada até a morte por uma suposta acusação, sem provas, de cometer adultério com dois homens. É mais um caso em que a mulher é penalizada em julgamentos equivocados e movidos por princípios ancestrais.
O episódio remete a uma famosa passagem do Novo Testamento em que Jesus Cristo absolve uma mulher adúltera de ser morta por apedrejamento. O Evangelho de João narra que escribas e fariseus levaram a mulher até Jesus e perguntaram se ela deveria ser apedrejada, depois de flagrada em traição.
Ele respondeu: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.” A mulher foi salva.
No Irã, Sakineh e outras mulheres esperam sentenças como a daquela salva por Jesus. Lá, o adultério é considerado crime grave e desde 2006 sete mulheres morreram por apedrejamento. Os homens são enterrados até a cintura e as mulheres até a altura do peito.
As pedras devem ser pequenas o bastante para não matar de uma vez. Como os homens ficam com os braços livres, podem se defender, e se não morrerem são libertados – diferente das mulheres, que não podem proteger o rosto. Sakineh Mohammadi Ashtiani já recebeu 99 chicotadas e espera a pena capital presa com outras 25 mulheres.
Países como França, Grã-Bretanha e Estados Unidos criticam a decisão iraniana e um abaixo-assinado com mais de 540 mil assinaturas circula na internet.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a oferecer asilo político no Brasil para a iraniana, mas o porta-voz do Ministério do Exterior do Irã Ramin Mehmanparast ironizou-o. Disse que o presidente Lula tem uma personalidade “emotiva”.
Na segunda-feira (9), o governo iraniano indicava que Sakineh seria enforcada e não apedrejada. A nova decisão se deve ao fato de que a mulher foi agora condenada por assassinato.
No Brasil, o que se vê hoje são mulheres vítimas de agressões sexuais apresentadas como culpadas, como se tivessem “provocado” a violência. Veja o depoimento anônimo de uma vítima de abuso num site de ajuda psicológica a essas mulheres. “Fui violentada pelo meu tio quando tinha 8 anos. Revelei à minha mãe aos 14.
A reação foi a pior possível: ela contou para a esposa dele, que pediu silêncio, pois com calma resolveríamos isso. (…) Em um domingo pedi a ‘benção’ aos meus tios e ninguém respondeu. Entrei em casa chorando. Minha mãe me chamou e contou que a esposa do meu agressor disse à todos que eu seduzi o marido dela. Eu me pergunto: como uma criança de 8 anos pode seduzir um homem de 30? Faz três anos que contei e ele continua morando ao lado da minha casa. Me sinto tão suja, sinto nojo de mim mesma. A única coisa que me conforta é saber que se a justiça do homem não for feita, a de Deus será.”O depoimento se soma a uma lista de centenas de meninas e mulheres que pedem socorro e demonstram sentimentos de raiva e indignação, por serem tratadas como culpadas mesmo depois de vítimas de agressões sexuais. Elas carregam o peso de terem “provocado” a irracionalidade de seus algozes.
No Brasil, a sociedade e as autoridades usam de meios sutis de agressão psicológica às mulheres vitimizadas pela violência. Segundo a psicóloga especialista em violência doméstica Martha Narvaz, essa culpa é mais comum do que se imagina: “As mulheres sentem o peso da descrença por parte da própria familia e amigos.
Durante dez anos eu vi pais dizendo que era fantasia da menina, ou até mesmo que as crianças tinham seduzido o pai, o tio ou o avô. Com mulheres adultas, é ainda pior”, lembra. O machismo institucionalizado pode ser visto no “Caso Bruno”.
Um dos argumentos da defesa foi o de que Eliza Samúdio era garota de programa e atriz de filmes pornográficos.
À rádio “CBN”, Ércio Quaresma Firpe, advogado de Bruno, chegou a dizer que a moça estava viva.
Questionado se acreditava que ela seria capaz de abandonar o filho, disse: “Essa moça é atriz pornô, é profissional do sexo.”
A delegada Iumara Gomes, que por quatro anos esteve à frente de uma delegacia da mulher na Paraíba, conta que já viu muitos casos assim. “Mulheres que tinham medo de denunciar porque iriam sofrer a discriminação da família, perder o filho e a pensão alimentícia.”
Uma pesquisa divulgada pelo
Instituto Sangari apontou que dez mulheres morrem assassinadas por dia no Brasil. Entre 1997 e 2007, 41.532 foram assassinadas. Um índice de 4,2 mortes a cada 100 mil habitantes. Martha Narvaz diz que a mulher que resolve denunciar seu agressor tem de enfrentar constrangimentos.
“Para começar tem que responder perguntas como, ‘Que roupa você estava usando?’, ‘O que você estava fazendo naquela rua perigosa?’ Mas a maioria dos estupros acontece bem cedo, perto de pontos de ônibus, na ida ao trabalho”.Nem os holofotes intimidam.
O ator americano Mel Gibson é acusado de violência doméstica por Oksana Grigorieva, sua ex-mulher e mãe de sua filha Lucia, de 8 meses. Oksana divulgou fitas em que ele a ofende, ameaça queimar a casa e matá-la, confessa ter batido nela enquanto ela segurava a filha e ainda diz que o modo com que ela se veste a faz parecer “uma porca no cio”.
Sonia Rovinski, psicóloga no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, acredita que essa situação só mudará quando o assunto for discutido nas escolas, comunidades e igrejas. “Isso precisa ser rompido.
Se a criança vir o pai batendo na mãe, vai entender que isso é o normal e que, se não fizer o mesmo, não será macho o suficiente.” Em 1989, a atriz americana Jodie Foster ganhou o Oscar pela atuação no filme “Acusados”, inspirado no caso da americana Cheryl Ann Araujo, que foi estuprada por quatro homens num bar em Massachusetts, em 1983. Quando tentou punir os estupradores, ela foi acusada de provocá-los. Eles acabaram condenados e Cheryl morreu em um acidente de carro, em1986.

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NÃO VOU ABANDONAR BRUNO, diz o Pr. Jorge Linhares

POLÍCIA

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Jorge Linhares diz que ex-goleiro fugiu do batismo e pediu visita

Por: Redação Creio

Durante a ExpoBetim Cristã, que terminou neste domingo, o pastor Jorge Linhares, da Igreja Batista Getsemani, durante sua pregação no dia 10, lembrou que Bruno fugiu do batismo em sua igreja diversas vezes.O conferencista disse que Bruno pediu uma visita do líder agora que está preso.

Assim que subiu ao palco o autor ministrou sobre oportunidades e relembrou do caso do ex-goleiro que acusado de matar a ex-namorada Eliza Samudio. Linhares disse que quando Bruno era pequeno, o via na Igreja e na época, o jogador mineiro era uma criança inocente. “Certo dia, Bruno me apareceu na Igreja com o cabelo pintado de vermelho com amarelo, e foi lá me cumprimentar. Eu disse: Pra que isso Bruno? Ele me respondeu: Sabe como é pastor, as meninas hoje em dia. Mesmo assim eu insisti e disse: Ei, Bruno vamos batizar, olhe só, todos os seus amigos indo e só você vai ficar aqui? E ele mais uma vez me dizia: Não pastor, deixa para próxima. E assim foi durante muito tempo”, expressou.

Jorge Linhares disse que a última vez que viu Bruno foi no Rio de Janeiro quando ele e outros jogadores participavam de uma festa com muita bebida. “Eu olhei para ele e disse: Bruno, na vida existem poucas oportunidades, aproveite enquanto há tempo”, citou.

O pastor terminou afirmando que os delegados o procuraram falando que Bruno está pedindo uma visita e que quando for autorizado assim fará. “Não pense que eu vou abandoná-lo. Assim que eu for autorizado eu vou lá, sabe por quê? Deus odeia o pecado, mas ama o pecador”, encerrou.

Data: 11/7/2010 22:40:15

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GOLEIRO BRUNO: Namorada evangélica de atleta do Flamengo dá sua versão sobre caso

Se a vida do goleiro Bruno está de pernas para ar, uma pessoa muito próxima sofre tanto quanto ele. A dentista Ingrid Calheiros, 24 anos, que diz ser namorada do jogador desde julho de 2008, não esconde a aflição e a surpresa com a história sobre o desaparecimento da estudante Eliza Samudio, e o suposto envolvimento do atleta.

“Não acredito que ele tenha feito isso. Entendemos a dor do pai da garota, porque o Bruno também é pai. Ele nunca faria nada assim, pois não gostaria de algo parecido com as filhas dele. Ninguém crê nesta história” garante a dentista.

Ingrid chegou ao seu consultório, ontem, e resistiu a comentar o caso. Mesmo ressabiada, a dentista falou sobre Bruno. Ela retrata o outro lado do jogador:

“Eu conheci o Bruno em janeiro de 2008, mas começamos a namorar em julho. Eu não levava fé que daria certo. Mas ele é um homem maravilhoso. O que a imprensa escreve e retrata eu desconheço. Ele é carinhoso, romântico, atencioso, dedicado, companheiro, simples, muito carismático, se preocupa muito nos mínimos detalhes sobre mim, se estou bem ou não, se preciso de alguma coisa. Não faço nada sem pedir a opinião dele, que é uma referência na minha vida”.

Ingrid relata que nunca teve contato com Eliza. Bruno sempre a manteve distante sobre o processo de paternidade. A dentista desmente todas as histórias contadas, na imprensa, pela paranaense.

“Ela só quis aparecer. Todas as vezes que ela afirmou ter se encontrado com o Bruno, era mentira. Ele esteve comigo em todas as ocasiões, mas eu não fui falar no jornal” afirma Ingrid, que também alfineta:

“Só se é respeitada se você exige respeito. Nunca serei tratada como uma qualquer”.

Segundo a dentista, Eliza nunca levou o menino Bruninho para o goleiro conhecer.

“Que eu saiba, ela nunca levou o garoto. Mas não sei muito, porque ele prefere me deixar fora disto”.

A namorada acredita que o goleiro é sempre mal-interprerado pela imprensa, como no episódio em que ele afirmou "quem nunca bateu em mulher". Da mesma maneira foi a única fala dele sobre o assunto Eliza, em entrevista a Rádio Globo: "Ainda vou rir muito desta história".

“As falas dele recebem outra dimensão. Ele não quis dizer que vai rir do fato. Mas da situação de estarem suspeitando dele, algo irreal. Ele nunca me bateu e nem levantou a mão, pelo contrário. Ele teve uma boa criação de família. O problema é que ele é mal-interepretado pelas pessoas e dão outra dimensão para as falas dele. Ainda mais porque ele é goleiro do Flamengo e sempre está mais em evidência que os demais” diz ela.

Religiosa, Ingrid é evangélica e tem ido à uma igreja batista, na zona oeste do Rio, todos os dias.

“Vamos aguardar a justiça de Deus. Esta nunca falha” garante a dentista.

Data: 8/8/2010 16:00:00
Fonte: Extra