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Marina Silva: Utopia com pé no chão


Possível candidata à Presidência em 2010, a evangélica Marina Silva movimenta a sucessão com bandeiras como ética, sustentabilidade e respeito à diversidade

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Quem espera encontrar em Marina Silva ingenuidade política e meras palavras de ordem de uma militante ambientalista vai se surpreender. Sua principal bandeira, a do desenvolvimento sustentável, já se mostra capaz de articular-se com amplos setores da sociedade, mudando os rumos do debate em torno da sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A senadora pelo Acre, que se filiou ao PV em agosto, desponta como candidata a presidente e promete não fazer apenas figuração nas eleições do ano que vem. “Quero preservar as utopias”, disse Marina, de 51 anos, ao filiar-se ao novo partido. Antenada com os esforços mundiais para frear o aquecimento global, ela afirma que estamos em uma “esquina civilizatória”, na qual todo o planeta precisará repensar seu modo de crescimento e consumo.

Casada, mãe de quatro filhos, Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima tem o dom de surpreender. Quem poderia dizer que a cabocla acreana, filha de seringueiro, que só aprendeu a ler aos 16 anos, pudesse se tornar a senadora mais jovem da história, eleita pela primeira vez aos 36 anos, em 1994? Formada em história pela Universidade Federal do Acre, ela não parou de estudar, tendo feito vários cursos. Atualmente, com uma agenda superlotada, ainda encontra tempo para uma pós-graduação em psicopedagogia. Herdeira política do líder seringueiro Chico Mendes (1944-1988), Marina foi ministra do Meio Ambiente entre 2003 e 2008, quando, após esgotar os esforços para fazer da política ambiental uma prioridade no governo Lula, preferiu voltar ao Senado. Sua saída teve grande repercussão na imprensa internacional.

O impacto provocado por sua desfiliação do PT também não foi pequeno. Mas pareceu o caminho natural de Marina, que une sua voz frágil à firmeza de suas convicções. Em 2007, foi escolhida pelo jornal britânico The Guardian como uma das 50 pessoas em condições de ajudar a salvar o planeta. Sua lista de premiações é longa. Dentre muitos outros, ela recebeu o prêmio 2007 Champions of the Earth, o maior das Nações Unidas na área ambiental. A aparente fragilidade física – ela foi vítima de muitas malárias e de hepatites, além de ter sofrido com a contaminação por metais pesados – desafia o fôlego de quem queira acompanhar seu ritmo de trabalho, que entra pela madrugada.

Formada políticamente pelas Comunidades Eclesiais de Base, Marina não renega o que aprendeu, mas confessa com clareza sua fé evangélica. Desde 1997, congrega na igreja Assembleia de Deus, em Brasília. Ela procura preservar sua vida devocional da curiosidade alheia, evitando também o uso político de sua fé. Nesta entrevista, concedida com exclusividade a CRISTIANISMO HOJE, a senadora, em raro momento, se permitiu falar de sua conversão e de sua vida cristã.

CRISTIANISMO HOJE – Como foi sua conversão à fé evangélica?

MARINA SILVA – A gente sempre tem a chance de se tornar cada vez mais dependente de Deus pelo amor que ele tem para conosco. Mas a maioria de nós busca esse amparo e segurança no momento de dor. E comigo não foi diferente. Eu me converti em 1997, numa situação de problema de saúde muito grave. Meu médico, o doutor Eduardo Gomes, após uma batalha comigo por muito tempo, me mandou para o Massachussetts General Hospital, nos Estados Unidos. Fiquei lá quase um mês, fiz uma série de exames, e o diagnóstico confirmou a contaminação por metais pesados. Não era mercúrio, era antimônio, que gerava problemas semelhantes. Só que o medicamento que poderia ajudar a combater a contaminação por antimônio não estava liberado ainda pela FDA [Food and Drug Administration, órgão do governo americano que regulamenta o setor farmacêutico]. E eles não aplicariam o remédio nem com minha autorização, devido ao risco de desencadear um choque anafilático ou uma hepatite medicamentosa grave – e eu já tinha tido três hepatites e cinco malárias. Na época, meus rins eram muito sobrecarregados e eles disseram que o remédio poderia também levar a uma sobrecarga e fazer uma paralisação renal. Então esqueci esse remédio. Voltei ao Brasil muito triste. Fui à nova consulta, muito mais para chorar minhas pitangas, e meu médico até brincou, dizendo “senadora, a senhora não precisa de médico, precisa de um milagre”. Fui então apresentada a um grupo de oração. E me converti, me batizei e passei a ter uma relação de muita proximidade com a Palavra, de muito recolhimento e muita oração. Foram experiências muito profundas.

E como ficou a saúde?

Depois de dois anos – e toda quinta-feira eu ia para o círculo de oração –, em um momento de oração pelos enfermos, eu estava na fila e me vieram à lembrança as letras “DMSA”. Na hora, não me ative. Mas depois me dei conta que era o tal remédio e pensei: vou tomá-lo. Liguei para o doutor Eduardo e perguntei se poderia tomar o remédio caso eu me comprometesse. E conseguimos, veio o remédio. Tomei a primeira dose, não aconteceu nada… Tomei a segunda e nada e, no terceiro mês, tomei a última. Seis meses depois eu fiz um teste de sangue que finalmente mostrou níveis de contaminação mais baixos do que o limite tolerado pela Organização Mundial de Saúde. Então, eu fui atrás da bênção de Deus e encontrei o Deus da bênção. Talvez, se eu tivesse encontrado primeiro a bênção, tivesse desistido de Deus. Mas ele sabiamente se deu primeiro a mim, e depois veio a bênção. E foi um milagre! Para mim, era um milagre, porque a maior dificuldade era remover aquela montanha do medo, da insegurança por tomar um remédio sobre o qual os médicos não se responsabilizavam. Então essa montanha foi removida pela fé e pela graça de Deus. E a ciência removeu a outra, que foi a do antimônio, que já estava impregnado nos meus tecidos.

Como se dá hoje sua vida devocional?

Se estiver em Brasília, nos finais de semana eu vou à igreja Assembleia de Deus. Ultimamente, as viagens são muitas. Mas também, durante a noite, eu sou convidada pelas igrejas Brasil afora. Então me sinto congregando intinerantemente. E, obviamente, leio a Palavra, faço minhas orações.

No cenário político nacional, cada vez que alguém se diz evangélico, vem uma chuva de perguntas sobre temas como aborto, eutanásia, homossexualidade, criacionismo. Como a senhora lida com isso?

Fui católica durante muito tempo, e desde 1997 me converti à fé cristã evangélica. Muitos dos fundamentos que tenho, sobretudo os valores éticos na política, eu os trago da minha experiência espiritual primeira, da teologia da libertação, que foram essenciais na minha formação política. Agora, como evangélico, a sua experiência com Deus, a sua intimidade com ele, não pode ser diferente da vivenciada por Jesus Cristo. Ele sabia fazer as mediações corretas. Havia momentos em que ele se recolhia com seus discípulos, ia para o Monte das Oliveiras, ia para algum lugar para viver aquela experiência, mesmo que fosse dentro de um barco isolado. E tinha momentos que ele se colocava para a sociedade, preservando os mesmos princípios, os mesmos valores – mas sendo muito cuidadoso em respeitar as outras pessoas, que não professavam as mesmas crenças, que não tinham a mesma visão. Ele até confrontava a tradição de que você tinha de estar sempre com seus iguais. E procurava estar com os diferentes, e bastante diferentes: publicanos, estrangeiros… E o tempo todo Jesus tinha uma abordagem também muito respeitosa dessas diferenças. Acho que a melhor forma de viver a espiritualidade é seguindo esse exemplo. Jesus tinha uma atitude respeitosa também em relação ao Estado. Em nenhum momento ele quis tomá-lo de assalto ou criar um Estado paralelo. Ele soube muito bem separar as coisas. E quando ele era confrontado, pelos receios políticos que se tinha da sua fé e da sua liderança, do seu ministério, ele dizia que seu reino não era deste mundo. Então, um reino que é de outro mundo fica mais difícil de combater… E fica também mais difícil de temer, sobretudo por aqueles que não acreditam.

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É possível manter a ortodoxia evangélica no contexto de Estado laico?

O Estado laico não é crente, nem ateu, nem agnóstico. É o Estado laico que assegura que eu tenha uma fé e que, em função da minha fé, eu não venha sofrer nenhum tipo de sanção. Que eu possa vivê-la nos diferentes espaços: no meu trabalho, na minha casa, no mundo. O Estado laico não é só para proteger os não-crentes dos crentes, é também para proteger os crentes dos não-crentes e possibilitar que ambos sejam protegidos no espaço em que a alteridade possa ser realizada e vivenciada, sem que isso signifique que você tenha que viver uma “dupla personalidade”. As pessoas querem que você diga que a sua fé não tem nenhuma consequência. Obviamente tem. Mas, como diz a Bíblia, não é por força nem por violência que se convence as pessoas.

Existe ética na política?

Bem, se não existisse ética na política com certeza eu já teria desistido [da política] há muito tempo. Eu acho que a falta de ética está em todos os lugares, e a ética também está em todos os lugares – ou estaríamos contradizendo a ideia de que o trigo nasce junto com o joio. E esse joio da falta de ética talvez nasça mais em alguns lugares porque parece que a terra é mais fértil. Mas o joio, de uma forma muito disfarçada, nasce em todos os lugares, inclusive dentro das igrejas. A Bíblia fala com muita sabedoria: aquele que pensa que está de pé, tenha cuidado para que não caia. É uma luta de todos os dias, de todos os momentos, de todos os instantes, porque ninguém é perfeito. Ninguém pode evocar-se como dono da ética, da moral, da verdade… Mesmo Jesus teve que conviver com os antiéticos – obviamente sem fazer alianças com eles…

A senhora gosta de citar Santo Agostinho. Ele é seu autor preferido?

Eu, de fato, gosto muito das coisas do Santo Agostinho. Acho que ele deu uma fundamentação muito significativa para o pensamento moderno, por incrível que pareça. Tudo o que ele foi capaz de fazer, integrando parte da filosofia grega com o cristianismo, deu uma contribuição muito relevante, inclusive para a avanço da própria ciência, da civilização ocidental. Não consigo imaginar como seriam as coisas sem essas contribuições. Sou, digamos assim, uma apaixonada pela psicanálise. E para mim foi muito encantador verificar que, antes de Sigmund Freud, Santo Agostinho já esboçava algumas coisas muito interessantes sobre a questão da libido e sobre o inconsciente – ele dizia que atrás da memória lembrada existia uma memória não lembrada, e que parece que é ela que nos dirige. Isso, em Freud, ganha o nome de inconsciente. E Santo Agostinho falava disso, mas falava também de uma outra memória não lembrada, que é o tempo em que nós tivemos a natureza do Éden, antes da queda. E ele tem uma oração muito bonita, uma poesia para mim, referindo-se ao Espírito Santo: “Tarde vos amei, beleza tão antiga e tão nova. Tarde vos amei. É que estáveis dentro de mim e eu estava fora de mim”. E eu li isso várias e várias vezes, e cada vez era maravilhoso, sublime, que é quando a gente se encontra com a natureza daquilo que a gente é. Então, eu gosto muito dele, e gosto muito das coisas de [G.K.] Chesterton e do Philip Yancey, que passou a ser para mim uma leitura muito edificante. E, claro, ler essas coisas “no original” é mais encantador: é na Bíblia…

A senhora já declarou que não faz parte da bancada evangélica. Existe bancada evangélica?

Existe uma articulação. Respeito as pessoas que procuram se organizar, enfim. Há a bancada da saúde, da educação. E tem a bancada evangélica. Mas acho que quando se trata da questão religiosa, a gente tem que procurar estar integrado ao todo, assumir a posição de sal. O sal, ao se cristalizar em si mesmo, não tem como se diluir e dar o sabor. Eu acho que é muito melhor essa diluição e se transformar em sabor. Essa é a minha percepção, sem nenhum demérito para os que assim se organizam e acham que essa é a melhor forma. Quando veio o convite para fazer parte da bancada evangélica, eu expliquei que achava que nós, os cristãos – católicos, evangélicos –, deveríamos atuar como parlamentares brasileiros do Congresso, sem precisar estarmos organizados como uma bancada, como se fosse uma coisa dos evangélicos trabalhando para o interesse dos evangélicos.

De que forma as igrejas podem contribuir para a conscientização e a participação políticas?

De muitas formas, inclusive com os valores que a gente gostaria de ver como reflexo de uma ação política justa, democrática, coerente, honesta. Isso tem que ser traduzido nas razões pelas quais se escolhe em quem votar. Às vezes a gente não faz essa ligação. E as pequenas coisas instituem aquelas que a gente tanto critica. As pessoas podem achar que é uma bênção comprometer o voto da igreja porque alguém promete dar as telhas para o templo… Será? Pois não é, não. Vai dar o púlpito para a igreja. Será?… Não significa que não se deva receber contribuições livres, de quem quer ajudar de forma liberal e feliz, com alegria. No entanto, isso não pode caracterizar nenhum tipo de troca, porque o voto é soberano. É preciso ter essa consciência de que não devemos corromper e nem ser corrompidos no nosso voto.

É errado usar a religião para obter voto?

Se for um uso de uma forma utilitarista, já é um erro em si. Se há alguma identidade programática, de visão, de propostas, aí são identificações legítimas que se expressam no mundo da política. O que você não pode, no meu entendimento, é ter uma relação utilitária e utilitarista com a igreja e transformá-la em palanque. É legítimo para as lideranças que tenham vocação política pleitear o voto. Pois você procurará receber apoio entre aqueles que conhece e dos quais você é conhecido. Assim é no sindicato, é em todos os espaços. O que nós não podemos é perder a dimensão de que na igreja teremos pessoas de todos os partidos, assim como pessoas que não têm partido, e de que aquele espaço ali deve estar à disposição para todas as pessoas. E uma posição tendenciosa faz com que as outras pessoas se afastem.

A senhora vê risco de se repetirem, no Brasil, os mesmos erros que a Igreja cometeu ao longo da história?

É preciso ter muito cuidado. Se a história só se repete como tragédia ou como comédia, por que iremos querer repeti-la? O que aconteceu historicamente no mundo inteiro não pode ser motivo de riso. Então não pode ser comédia. É algo muito grave e que nos ensinou a todos. Temos que perseguir o olhar do Mestre. Ele soube muito bem separar as coisas e não usar seu poder para transformar pedras em pão. Ele soube muito bem usar o poder da igreja, o poder da fé, no momento certo, na hora certa, não teve nenhuma ansiedade em transformar pedras em pão, para deixar bem claro que nós, cristãos, vivemos mais de verbo do que de pão.

O que falta para as igrejas acordarem para a questão ambiental?

Algumas já estão acordando. Já existem muitas iniciativas embrionárias. Mas as igrejas não são diferentes das contradições que existem no mundo. Esse despertamento da questão ambiental é muito recente. Nos últimos trinta anos, essa militância foi se ampliando cada vez mais e agora ela chega também às igrejas. Parece uma incoerência quando a gente diz que ama o Criador e não respeita a criação. A gente levou muito tempo para fazer essa ligação de respeito com a natureza, de respeito à vida, de respeito a outras formas de existência, de um uso cuidadoso dos recursos naturais. Leonardo Boff diz que ficamos muito presos a Gênesis 1.28 – “dominai [a Terra]” – e nos esquecemos de Gênesis 2.15, que diz que Deus colocou o homem no jardim para o cultivar e guardar. Eclesiastes diz que é melhor uma mão cheia com tranquilidade do que duas mãos cheias com aflição de espírito. Já era uma espécie de prenúncio do desenvolvimento sustentável. Quisemos encher as duas mãos e agora estamos vivendo várias aflições de espírito, por não usar adequadamente os recursos naturais. Eu acho melhor uma mão cheia de paz e tranquilidade.

A ministra Dilma Rousseff disse recentemente que sofre preconceito por ser mulher na política. A senhora tem uma experiência parecida?

Ela disse isso no contexto em que foi acusada de usar a máquina pública. Agora, eu acho que a gente tem que ter muito cuidado ao se colocar no lugar de vítima. Se há um desrespeito à lei, não se pode usar essa história do preconceito como escudo. Senão, você banaliza o próprio preconceito. Se eu fizer uma coisa errada, e as pessoas me criticarem, não posso me escudar na condição de mulher para reivindicar o direito de ficar errando porque sou mulher. Se há preconceito, e ele existe em relação às mulheres, não posso utilizá-lo para ficar me vitimizando e continuar fazendo as coisas erradas. Então, alguém me critica e digo, “ah, é porque eu sou mulher”? É uma banalização que não é pertinente.

A senhora disse recentemente que é preciso dar fim ao ciclo de FHC e Lula…

A gente tem que entender a história como processo. Acho que o Brasil acumulou coisas boas e coisasnegativas nos últimos 16 anos. Os acertos precisam ser reconhecidos: conseguimos estabilizar a democracia e consolidá-la; fizemos a estabilização econômica e, além dessa estabilidade, a distribuição de renda e justiça social. São coisas que devem ser preservadas. Tivemos aí a contribuição do sociólogo e a do operário. Mas a história não para por aí, e ainda bem que não. E eu não tenho dúvida de que o grande passo a ser dado na história do Brasil é a nova visão de modelo, saindo da visão de desenvolvimento predatório para o uso sustentável. Saúde, educação, emprego, moradia, mas sem a destruição do meio ambiente – que não venhamos a destruir as bases naturais do nosso desenvolvimento, nossas florestas, nossos recursos hídricos e a fertilidade das terras por processos de erosão e desertificação. O mundo está numa crise de proporções inimagináveis. É uma crise civilizatória, e a humanidade vai ter que fazer um movimento consciente para não inviabilizar as possibilidades de vida na Terra. Um aumento de 2º Celsius na média de temperatura do planeta pode inviabilizar todo o resto. Então, cada país, cada governante, tem que estar comprometido com essa agenda – sobretudo, combatendo o aquecimento global e impedindo as mudanças climáticas.

Se eleita presidente, como lidaria com essas questões?

Qualquer governo terá que integrar as duas coisas: os acúmulos positivos herdados da economia do século 20 e as possibilidades inéditas que começam a surgir da economia verde do século 21. Essa economia nova não nega os avanços positivos que acumulamos às custas da degradação ambiental, mas também não tem como permanecer no mesmo caminho. Vai ter que se reelaborar e repensar como produzir, como consumir, com um questionamento mais profundo. O senador Cristovam Buarque [PDT-DF] chama este momento de esquina ética, ou esquina civilizatória. Estamos diante dela, e como diz Chesterton, não podemos colocar a modéstia no lugar errado. Ele afirma que a modéstia se deslocou para o lugar da convicção. Não podemos ser modestos na convicção de que devemos, sim, proteger os recursos naturais. Um grande ensinamento vem do patriarca Abraão, que plantou uma árvore não para ele, mas para as gerações que viriam.

A polarização entre desenvolvimentistas e ambientalistas não inviabiliza esse processo?

A sociedade primeiro acolhe a ideia, e isso já está acontecendo no Brasil. As pesquisas mostram que as pessoas preferem pagar mais para proteger a floresta. Isso é uma energia fantástica! Nenhum governo poderia desperdiçar uma energia como essa. [O sanitarista] Oswaldo Cruz teve que chamar o Exército para obrigar as pessoas a tomar a vacina contra varíola, no início do século passado. Hoje, 95% das pessoas querem vacinar o planeta contra a destruição. Isso não vai acontecer sem conflitos ou tensões, mas a luta ambiental foge ao padrão do modelo clássico esquerda-direita. É um espaço de integração. A pessoa de direita precisa de água potável, e a da esquerda e a de centro também. Todos vão precisar de terra fértil e de ar puro. Talvez seja o momento de uma integração generosa dos esforços, para que lá na frente possamos pontuar novamente as nossas diferenças.

Se a senhora sair mesmo como candidata de um partido pequeno como o PV à Presidência da República, vai viver uma espécie de luta de Davi contra Golias, não é mesmo?

Sim, eu vou continuar fazendo questão de não usar a armadura de Saul.

Fonte Cristianismo hoje

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Viúva cristã pleiteia custódia em tribunal da sharia

 

NIGÉRIA (27º) – Rhoda Yakubu, com seus 50 anos, é uma cristã consagrada do vilarejo de Bingel, em um dos doze estados no norte da Nigéria, governados pela sharia¹ . Ela é viúva e tem a guarda de 18 crianças, das quais 11 são menores. Devido a seu falecido marido, Mal Yakubu Suleman, ter se convertido ao islã antes de sua morte, Rhoda foi levada a um processo judicial da sharia para forçá-la a desistir da custódia de seus filhos menores, para que sejam criados como muçulmanos. Mas, a despeito de ser muçulmano, Mal fez Rhoda prometer, antes de sua morte, que ela continuaria a criar seus filhos no amor de Cristo.
Rhoda foi a primeira esposa de Mal. Ambos eram cristãos quando casaram e estiveram juntos por várias décadas. Mal, quando moço, trabalhou como um chef de cozinha para um missionário canadense. O patrão de Mal deixou nele uma impressão duradoura, daí sua receptividade ao Evangelho. Foi nessa época que Mal veio a professar Cristo. Mas cerca de 20 anos atrás, quando o missionário deixou a Nigéria em definitivo, Mal se converteu ao islã.
Ele se casou com a segunda e a terceira esposas, ambas muçulmanas. Entre as três esposas, Mal teve 18 filhos. As outras duas tinham grande respeito por Rhoda e honraram o desejo de seu marido de que ela criasse seus filhos de acordo com os princípios cristãos. Mais tarde, a segunda e a terceira esposas aceitaram o cristianismo, embora uma delas tenha se divorciado de Mal para se casar com outro homem.
Há dois anos, Mal adoeceu. Após um longo período acamado, ele chamou Rhoda para pedir-lhe perdão e encorajou-a a permanecer firme em sua fé cristã. Ele também lhe pediu que orasse por ele e prometesse cuidar de todos os seus filhos, incluindo os que teve com outras esposas. Ele instou-a a não se deter pela oposição que provavelmente receberia por parte da família dele.
A morte de Mal, em 21 de novembro de 2008, acarretou grandes obstáculos para Rhoda, a outra viúva e os outros filhos. 
Logo após sua morte, a família de Mal apareceu e reivindicou a guarda dos filhos menores. Eles afirmaram que essas crianças eram de sua responsabilidade até então, uma vez que seu pai morrera um muçulmano. O irmão de Mal trancou sua despensa e confiscou as chaves. Exigiu assim que as crianças fossem entregues a seus parentes muçulmanos.
Parece que a família muçulmana de Mal não apenas guardava mágoa contra Rhoda por causa de sua crença, mas especialmente por criar os filhos de seu irmão segundo a fé cristã.
Entretanto, os filhos adultos e a segunda esposa apoiaram Rhoda. Ela, junto com seus filhos adultos Yusuf e Samaila recusaram-se a entregar os filhos mais novos. O chefe do distrito da região interessou-se pela questão e mandou chamá-los a seu palácio. Ele alertou Rhoda para entregar os 11 filhos menores para seus cunhados ou iria enfrentar a fúria do tribunal da sharia.
Rhoda, Yusuf e Samaila ouviram o alerta do chefe do distrito, mas recusaram-se a ceder. Como consequência, o caso foi despachado para o tribunal da sharia na área. Na audiência, Rhoda e Yusuf declararam que eram cristãos e, portanto, era ilegal serem julgados de acordo com a legislação da sharia. Mas o juiz admoestou-lhes para que cooperassem. Ele afirmou que o caso de Rhoda era de interesse do tribunal da sharia, uma vez que o falecido pai dos menores era muçulmano.
Este caso tem se prolongado no tribunal da sharia por mais de um ano. A despeito da batalha da família muçulmana para ganhar a custódia dos filhos de Mal, Rhoda e seu filho mais velho Yusuf não cederam. Um dos Mallams²  e irmão de Mal que compareceu aos procedimentos judiciais advertiu publicamente a Yusuf para não resistir às ordens do tribunal ou iria certamente sofrer as consequências. Dentro de uma semana, Yusuf morreu misteriosamente. A causa de sua morte permanece desconhecida.
A comunidade muçulmana apoiou a reivindicação de custódia contra Rhoda. Alguns membros até a ameaçaram, caso ela se recusasse a cumprir com as exigências de seus cunhados.
A esmagadora presença muçulmana nas audiências de Rhoda no tribunal ameaçou despertar emoções de desespero. Rhoda e Samaila foram encorajadas quando representantes de Portas Abertas, juntamente com pastores da comunidade local, compareceram aos procedimentos judiciais para mostrar solidariedade a elas. 
“Minha alegria é sempre de que o Senhor Jesus nunca nos abandonará”, disse Samaila.
Rhoda, a segunda esposa e os 11 filhos mudaram-se desde então por questões de segurança. Eles vivem em um pequeno cômodo e se encontram em circunstâncias desesperadoras. A Portas Abertas visitou a família para ministrar a eles. Além de pagar pelos serviços de um advogado cristão, também entregamos ajuda de emergência na forma de alimento, roupa, aluguel e taxas escolares. A família ficou tão estupefata de gratidão pelo apoio que explodiu em lágrimas. Foi impossível para nossos representantes não chorar.
A despeito das dificuldades, a família permanece esperançosa.
“Somos muito fortes. O Senhor e suas orações têm sido nosso segredo. Este processo tem nos ensinado a confiar mais em Deus e a depender exclusivamente de Suas promessas. Que o nome de Deus seja glorificado! Estou contente que Cristo em mim é maior do que o mundo. Eu vencerei”, testemunhou Rhoda. Portas Abertas compreende que Rhoda apreciará encorajamento e pede aos que apoiam sua causa para escreverem para ela (veja as orientações abaixo).
Motivos de Oração:
1. Ore para que a vontade de Deus seja feita no caso judicial de Rhoda e para que se faça justiça.
2. Ore pelo conforto e consolo de Rhoda e sua família enquanto choram a morte de seu filho Yusuf.
3. Ore pela provisão de Deus em suas necessidades físicas e para que continuem a depender dele para terem força e persistência.
Escreva para Rhoda Yakubu!
É extremamente importante que você siga as orientações abaixo. Qualquer correspondência que fugir às regras será descartada.
• Escreva apenas em inglês (aqui você encontra mensagens em inglês). Você pode incluir um ou dois versículos das Escrituras – neste caso, inclua a referência bíblica.
• Envie apenas cartões, não cartas. Você também pode mandar cartões-postais ou desenhos infantis. No caso de cartão-postal, não coloque seu endereço. Seu nome e país são suficientes.
• Escreva de forma legível, em preferência com letra de forma.
• Se você for encorajar seus filhos ou crianças de sua igreja a desenhar, tenha certeza de que os desenhos não fazem alusão à violência. Desenhos desse tipo não serão enviados.
• Se puder, envie selos, que serão mais interessantes do que apenas um envelope com o carimbo postal.
• Não mande dinheiro nem presentes.
Rhoda Yakubu e família
A/C Missão Portas Abertas
Caixa Postal 12.655
CEP 04744-970
São Paulo – SP

Fonte: Portas Abertas

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Congresso Da iurd discute a melhor forma de realizar sonhos

Rumo ao sucesso

Por Ivonete Soares
[email protected]

O II Congresso Universitário IURD, que aconteceu recentemente no Teatro Paulo Autran, na Zona Sul de São Paulo, reuniu centenas de jovens e contou com a participação de profissionais que alcançaram o sucesso.
O evento, idealizado e organizado por um grupo de jovens universitários da Igreja Universal do Reino de Deus, que tem como diretor Marcelo Hodge, foi apresentado pelo jornalista Reinaldo Gottino, da “Rede Record”.
As palestras foram ministradas pelo presidente da “Rede Record”, Alexandre Raposo, o diretor musical Marco Camargo, um dos jurados do programa “Ídolos” (também da emissora) e o juiz federal William Douglas.
O tema do ciclo de palestras foi “Coragem para alcançar seus sonhos”. Após a explanação de Gottino, o presidente do grupo salientou que para se chegar ao sucesso é preciso ter coragem, dedicar-se ao que realiza, estudar e, acima de tudo, ser comprometido com o que faz.
Na sequência chamou Marco Camargo para contar um pouco de sua experiência aos jovens. Ele, em tom de brincadeira, disse: “Próximo”, expressão muito usada por ele no programa “Ídolos”, mas que, segundo descreve, tem grande significado para a vida das pessoas.
“Todos deveriam ter essa expressão dentro de si, pois toda situação, por pior que seja, passará. E virá uma próxima, e outra, e mais outra! O mesmo ocorrerá com os momentos felizes.
Temos que conviver com a verdade. Acreditar e aceitá-la é um ato de coragem”, afirmou.
Após um intervalo, foi a vez do último palestrante, o juiz William Douglas. Ele, que já foi advogado, delegado de polícia e defensor público, ressaltou aos presentes que, apesar das várias conquistas na vida, também acumula muitos fracassos.
“Fui reprovado em muitos concursos até conseguir boas colocações. Das 14 empresas constituídas por mim, apenas as duas últimas deram certo. Mas eu não me deixei abater, fui à luta, identifiquei as insatisfações, tracei um plano de vida, trabalhei e venci”, destacou.
Ao final do evento, os presentes ao congresso receberam um certificado de participação.
Colaborou Cleide Sales