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Quem é Baphomet?

 

Wednesday, 6 July 2011 |



Baphomet é uma figura enigmática com cabeça de bode que é encontrada em várias lugares na história do ocultismo. Dos Cavaleiros Templários da Idade Média e os maçons do século 19 às correntes modernas do ocultismo, Baphomet nunca deixou de criar polêmica. Mas qual é a origem de Baphomet, e mais importante, qual é o verdadeiro significado desta figura simbólica? Este artigo analisa as origens do Baphomet, o seu significado esotérico e sua ocorrência na cultura popular.

Ao longo da história do ocultismo ocidental, o nome do misterioso Baphomet foi muitas vezes invocado. Embora ele tenha se tornado um nome comum no século XX, menções de Baphomet podem ser encontradas em documentos que datam desde o século 11. Hoje, o símbolo está associado com qualquer coisa relativa ao ocultismo, rituais de magia, bruxaria, satanismo e esoterismo. Baphomet aparece muitas vezes na cultura popular para identificar qualquer coisa relacionada com ocultismo.

A representação mais famosa do Baphomet é encontrada em "Dogme et Rituel de la Haute Magie" (Dogma e Ritual da Alta Magia), um livro de 1897 de Eliphas Lévi que se tornou uma referência padrão para o ocultismo moderno. O que esta criatura representa? Qual é o significado dos símbolos ao seu redor? Por que ela é tão importante no ocultismo? Para responder algumas dessas questões, devemos primeiro olhar para suas origens. Vamos primeiro apresentar a história de Baphomet e os vários exemplos de referências a Baphomet na
cultura popular.

Origens do nome

Há diversas teorias sobre as origens do nome de Baphomet. A explicação mais comum afirma que este nome é uma corrupção do nome de Mohammed em francês antigo do (que foi "latinizado" para "Mahomet") – o Profeta do Islã. Durante as Cruzadas, os cavaleiros templários permaneceram durante longos períodos de tempo em países do Oriente Médio, onde se familiarizaram com os ensinamentos do misticismo árabe. Este contato com as civilizações orientais lhes permitiram trazer de volta para a Europa a base do que se tornaria o ocultismo ocidental, incluindo o gnosticismo, a alquimia, a cabala e o hermetismo. A afinidade dos cavaleiros Templários com os muçulmanos levou a Igreja a acusá-los de adoração de um ídolo chamado Baphomet, por isso há algumas ligações plausíveis entre Baphomet e Maomé. No entanto, existem outras teorias sobre as origens do nome.

Eliphas Levi, o ocultista francês que desenhou o famoso retrato de Baphomet argumentou que o nome havia sido derivado de uma codificação cabalística:

O nome do Baphomet dos Templários, que deve ser soletrado cabalisticamente para trás, é composto de três abreviações: Tem. ohp. AB., Templi omnium hominum pacts abbas, "o pai do templo da paz de todos os homens".[1]

Arkon Daraul, um autor e professor da tradição Sufi e de magia, argumentou que o nome Baphomet veio da palavra árabe Abu fihama (t), que significa "O Pai do Entendimento". [2]

Dr. Hugh Schonfield, cujo trabalho sobre os Manuscritos do Mar Morto é bem conhecido, desenvolveu uma das teorias mais interessantes. Schonfield, que havia estudado uma sistema de criptografia judeu chamado Atbash, que foi usado na tradução de alguns dos Manuscritos do Mar Morto, afirmou que quando se aplicou a cifra na palavra Baphomet, esta foi transposta para a palavra grega "Sophia", que significa "conhecimento" e também é sinônimo de "deusa".

Possíveis origens da Figura

A representação moderna de Baphomet parece ter suas raízes em várias fontes antigas, mas principalmente em deuses pagãos. Baphomet tem semelhanças com deuses de todo o globo, incluindo do Egito, do norte da Europa e da Índia. Na verdade, as mitologias de um grande número de civilizações antigas incluem algum tipo de divindade com chifres. Na teoria junguiana (de Carl Jung), Baphomet é uma continuação do arquétipo deus-com-chifres, pois o conceito de uma divindade com chifres é universalmente presente na psique individual. Será que Cernunnos, Pan, Hathor, o Diabo (como descrito pelo cristianismo) e Baphomet têm uma origem comum? Alguns de seus atributos são muito semelhantes.

[Imagem: cernunos.jpg]

O antigo deus celta Cernunnos é tradicionalmente representado com chifre na cabeça, sentado na "posição de lótus", semelhante à representação do Baphomet de Levi. Embora a história de Cernunnos esteja envolta em mistério, ele é geralmente considerado o deus da fertilidade e da natureza.

[Imagem: Herne.jpg]

Na Grã-Bretanha, Cerennunos foi nomeado Herne. O deus chifrudo tem as características de Sátiro de Baphomet, juntamente com sua ênfase no falo.

[Imagem: Pan1-e1307662300777.jpg]

Pan era uma divindade de destaque na Grécia. O deus da natureza era muitas vezes representado com chifres na cabeça e a parte inferior do corpo de um bode. Não diferentemente de Cerenunnos, Pan é uma divindade fálica. Suas características animalescas são a personificação dos impulsos carnais e de procriação dos homens.

[Imagem: 448px-Silvester_II._and_the_Devil_Cod._P...922770.jpg]

Papa Silvestre II e o Diabo (1460). No cristianismo, o diabo tem características semelhantes às dos deuses pagãos descritos acima pois eles são a principal inspiração para essas representações. Os atributos incorporados por esses deuses se tornou a representação do que é considerado o mal pela Igreja.

[Imagem: ts.jpg]

O carta do Diabo do Tarot de Marselha (século 15). Esta carta mostra o diabo, com suas asas, chifres, seios e sinal da mão. É sem dúvida uma grande influência na representação do Baphomet de Levi (detalhes mais adiante).

[Imagem: robin-goodfellow-e1307725065421.jpg]

Robin Good-Fellow (ou Puck) é um elfo mitológico que seria a personificação do espírito da terra. Tendo vários atributos de Baphomet e outras divindades, ele é mostrado aqui na capa de um livro de 1629 rodeado por bruxas.

[Imagem: great_he-goat-e1307730966553.jpg]

Pintura de Goya de 1821 El Aquelarre, ou El Gran Cabrón (O grande Bode) ou ainda "Witches Sabbath". A pintura retrata um grupo de bruxas reunidas em torno de Satanás, retratado como uma figura meio-homem, metade bode.

[Imagem: notredame.jpg]

Uma figura semelhante a Baphomet na Catedral de Notre-Dame-de-Paris, que foi originalmente construída pelos Cavaleiros Templários.

Baphomet de Eliphas Levi

[Imagem: Baphomet.png]

Esta representação de Baphomet de Eliphas Levi em seu livro Dogmes et Rituels de la Haute Magie (Dogmas e Rituais da Alta Magia) tornou-se a representação visual "oficial" de Baphomet.

Em 1861, o ocultista francês Eliphas Lévi incluíu em seu livro "Dogmes et Rituels de la Haute Magie" (Dogma e Ritual de Alta Magia) um desenho que se tornaria a mais famosa representação do Baphomet: um bode humanóide alado com um par de seios e uma tocha em sua cabeça entre os seus chifres. A figura apresenta semelhanças numerosas com as divindades descritas acima. Ele também inclui vários outros símbolos relacionados com os conceitos esotéricos encarnado por Baphomet. No prefácio de seu livro, Levi diz:

"O bode na capa carrega o sinal do pentagrama na testa, com um ponto no topo, um símbolo de luz, e suas duas mãos formam o sinal do hermetismo, uma que aponta para a lua branca de Chesed, e a outra apontando para baixo para a lua negra de Geburah. Este signo expressa a perfeita harmonia da misericórdia com a justiça. Um de seus braços é de uma fêmea, e o outro de um macho como os do andrógino de Khunrath, os atributos dos quais tivemos que unir com os do nosso bode porque ele é um e o mesmo símbolo. A chama da inteligência que brilha entre seus chifres é a luz mágica do equilíbrio universal, a imagem da alma elevada acima da matéria, como a chama, que ainda que esteja amarrada à matéria, brilha acima dela. A cabeça do animal repulsivo exprime o horror do pecador, cuja atuação material é a única parte responsável que tem de suportar exclusivamente o castigo, porque a alma é insensível de acordo com sua natureza e só pode sofrer quando se materializa. A vara de pé em vez dos genitais simboliza a vida eterna, o corpo coberto de escamas simboliza a água, o semi-círculo acima dele significa a atmosfera e as penas logo em seguida acima representam a volatilidade . A humanidade é representada pelos dois seios e os braços andróginos desta esfinge das ciências ocultas." [3]

Na representação de Levi, Baphomet representa a culminação do processo alquímico – a união de forças opostas para criar Luz Astral – a base da magia e, por fim, a iluminação.

Um olhar mais atento sobre os detalhes da imagem revela que cada símbolo é, inevitavelmente, equilibrado com o seu oposto. Baphomet em si mesmo é um personagem andrógino possuindo as características de ambos os sexos: seios femininos e uma haste que representa o falo ereto. O conceito de andrógeno é de grande importância na filosofia oculta, pois representa o mais alto nível de iniciação na busca de se tornar "um com Deus".

O falo (pênis) de Baphomet é, na verdade o Caduceus de Hermes – uma haste com duas serpentes entrelaçadas. Este antigo símbolo tem representado o hermetismo durante séculos. O Caduceus esotericamente representa a ativação dos chakras, a partir da base da coluna vertebral para a glândula pineal, usando o poder serpentino (daí, as serpentes) ou Luz Astral.

[Imagem: Chakras-e1308082206861.jpg]

O Caduceus como símbolo de ativação chakra.

A Ciência é real somente para aqueles que admitem e entendem a filosofia e a religião, e seu processo só será bem sucedido para o Adepto que atingir a soberania da vontade, e assim se tornar o Rei do mundo elementar: para o grande agente da operação do Sol, é aquela força descrita no símbolo de Hermes, da tábua de esmeralda, é o poder mágico universal; o espiritual, ardente, a força motriz, é o Od, de acordo com os hebreus, e a luz astral, de acordo com outros povos.

Aí está o fogo secreto, vivo e filosofal, da qual todos os filósofos herméticos falam com a reserva mais misteriosa: a Semente Universal, do qual o segredo por eles é mantido, e o qual eles representavam apenas sob a figura do Caduceu de Hermes. [4]

Baphomet é portanto, o simbolo da Grande Trabalho da alquimia onde as forças separados e opostas são unidas em perfeito equilíbrio para gerar a luz Astral. Este processo alquímico é representada na imagem de Levi pelos termos ‘Solve’ e ‘Coagula’ nos braços do Baphomet. Enquanto eles realizam resultados opostos, Solve (transformar sólido em líquido) e Coagula (transformar líquido em sólido) são duas etapas necessárias do processo alquímico – que visa transformar pedras em ouro, ou em termos esotéricos, um homem profano em um homem iluminado . As duas etapas estão no braços apontando em direções opostas, enfatizando sua natureza oposta.

As mãos de Baphomet formam o "sinal de hermetismo" – que é uma representação visual do axioma hermético "O que está em cima é como o que está embaixo". Este ditado resume todos os ensinamentos e os objetivos do hermetismo, onde o microcosmo (homem) é como o macrocosmo (o universo). Portanto, a compreensão de um é igual a compreensão do outro. Esta Lei de Correspondência origina as Tábuas de Esmeralda de Hermes Trismegisto, onde foi declarado:

"O que está em cima é como o que está embaixo. E o que está embaixo é como o que está em cima, para realizar os milagres de uma só coisa". [5]

O domínio dessa força de vida, a Vida Astral, é o que é chamado pelos ocultistas modernos de "magia".

[Imagem: RWS_Tarot_01_Magician-e1308084231965.jpg]

O cartão do Mágico do tarot exibindo o axioma hermético "O que está em cima é como o que está embaixo"

"A prática da magia – branca ou preta – depende da capacidade do adepto de controlar a força da vida universal – o que Eliphas Levi chama de "o grande agente mágico", ou a luz astral. Pela manipulação desta essência fluídica os fenômenos do transcendentalismo são produzidos. O famoso bode hermafrodita de Mendes era uma criatura composta formulada para simbolizar a luz astral. Ele é idêntico ao Baphomet, o deus místico daqueles discípulos de magia cerimonial, os Templários, e estes provavelmente obtiveram este conhecimento dos árabes." [6]

Cada uma das mãos de Baphomet aponta para luas opostas, que Levi chama de Chesed e Geburah – dois conceitos opostos tomadas da Cabala Judaica. Na Árvore cabalística da Vida, o Sefirot, Chesed está associada a "bondade dada aos outros", enquanto Geburah refere-se à contenção "da própria vontade de conceder bondade aos outros, quando o destinatário do bem é considerado indigno e susceptível de abusar desta". Estes dois conceitos são opostos e, como tudo na vida, um equilíbrio deve ser encontrado entre os dois.

A característica mais reconhecível de Baphomet é, naturalmente, a sua cabeça de bode. Esta cabeça monstruosa representa a natureza animal e pecaminosa do homem, suas tendências egoístas e seus instintos mais básicos. Oposto à natureza espiritual do homem (simbolizada pela "luz divina" em sua cabeça), este lado animal é independentemente visto como uma parte necessária da natureza dualista do homem, onde o animal e o espiritual devem se unir em harmonia. Também pode-se argumentar que a aparência grotesca geral do Baphomet poderia servir para afastar e repelir o profano que não é iniciado com o significado esotérico do símbolo.

Em Sociedades Secretas

Embora representação Levi de Baphomet de 1861 seja a mais famosa, o nome deste ídolo tem circulado por mais de mil anos, através de sociedades secretas e círculos ocultistas. A primeira menção registrada de Baphomet como uma parte de um ritual oculto apareceu durante a época dos Cavaleiros Templários.

Os Cavaleiros Templários

[Imagem: TemplarRitual.jpg]

Baphomet presidindo um ritual Templário por Leo Taxil.

É amplamente aceito pelos pesquisadores ocultistas que a figura de Baphomet foi de grande importância nos rituais da Ordem dos Templários. A primeira ocorrência do nome de Baphomet apareceu em uma carta de 1098 do cruzado Anselmo de Ribemont afirmando:

"À medida que o dia seguinte amanheceu eles clamaram bem alto por Baphometh enquanto nós orávamos silenciosamente em nossos corações a Deus, então nós os atacamos e forçamos todos eles para fora dos muros da cidade." [7]

Durante o julgamento dos Templários de 1307, onde Templários foram torturados e interrogados a pedido do Rei Felipe IV da França, o nome de Baphomet foi mencionado várias vezes. Enquanto alguns templários negaram a existência de Baphomet, outros o descreveram como sendo tanto uma cabeça decepada, ou um gato, ou uma cabeça com três faces.

Enquanto os livros destinados para consumo de massa muitas vezes negam qualquer ligação entre os cavaleiros templários e Baphomet, alegando que isso é uma invenção da Igreja para demonizá-los, quase todos os autores de renome no ocultismo (que escreveram os livros destinados aos iniciados) reconhecem a ligação. Na verdade, o ídolo é muitas vezes referido como o "Baphomet dos Templários".

"Será que os Templários realmente adoraram a Baphomet? Será que eles ofereciam uma saudação vergonhosa às nádegas do bode de Mendes? O que foi realmente esta associação secreta e potente que colocou a Igreja e o Estado em perigo, e foi assim destruída? Não julgue nada levemente, pois eles são culpados de um grande crime, pois eles expuseram a olhares profanos o santuário da antiga iniciação. Eles se reuniram novamente e compartilharam os frutos da árvore do conhecimento, para que eles pudessem se tornar senhores do mundo. A sentença proferida contra eles é maior e muito mais antiga do que o tribunal do papa ou do rei: "No dia em que comeres dela, certamente morrerás", disse o próprio Deus, como lemos no livro de Gênesis.

(…)

Sim, em nossa profunda convicção, o Grão-Mestres da Ordem dos Templários adoraram a Baphomet, e fizeram ele ser adorado por seus iniciados; sim, existia no passado, e pode haver ainda no presente, assembléias que são presidida por esta figura, sentado em um trono e com uma tocha flamejante entre os chifres. Mas os adoradores deste sinal não consideram, como nós, que ela seja uma representação do diabo: pelo contrário, para eles é a do deus Pã, o deus de nossas escolas modernas de filosofia, o deus da escola teúrgica de Alexandrina e do nossos próprios místicos Neo-platonistas, o deus de Lamartine e Victor Cousin, o deus de Spinoza e Platão, o deus das escolas gnósticas primitivas, o Cristo também do sacerdócio dissidente. Esta última qualificação, atribuída ao bode de Magia Negra, não surpreenderá aos estudantes de antiguidades religiosas que estão familiarizados com as fases de simbolismo e a doutrina nas suas várias transformações, tanto na Índia, Egito ou Judéia." [8]

MAÇONARIA

Pouco depois do lançamento de ilustração de Levi, o escritor e jornalista francês Léo Taxil lançou uma série de folhetos e livros denunciando a Maçonaria, acusando os lodges de adoração ao diabo. No centro de suas acusações estava Baphomet, que foi descrito como o objeto de adoração dos Maçons.

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"Les mystères de la franc-maçonnerie" (Os Mistérios da Maçonaria) acusou os maçons de satanismo e de adorar Baphomet. As obras de Taxil levantaram a ira dos católicos.

[Imagem: leo_taxil_book_cover-e1309290899440.jpg]

A capa do livro de "Les mystères de la franc-maçonnerie" que descreve um ritual maçônico presidido por Baphomet, que está sendo literalmente adorado.

[Imagem: baphomet01.gif]

Imagem anti-maçônico de Abel Clarin de la Rive, 1894.

Em 1897, depois de causar grande celeuma devido às suas revelações sobre a Maçonariafrancesa, Léo Taxil convocou uma conferência de imprensa onde anunciou que muitas de suas revelações tinham sido fabricadas [9]. Desde então, esta série de eventos vêm sendo apelidada de "O Hoax de Léo Taxil". No entanto, muitos argumentam que há possibilidade de que a confissão Taxil pode ter sido fruto de coação a fim de acabar com a polêmica envolvendo a Maçonaria.

Seja qual for o caso, a conexão mais provável entre a Maçonaria e Baphomet é através do simbolismo, onde o ídolo se torna uma alegoria para os profundos conceitos esotéricos. O autor maçônico Albert Pike argumenta que na Maçonaria, Baphomet não é um objeto de adoração, mas um símbolo, sendo que o seu verdadeiro significado só é revelado a iniciados de alto nível.

"É absurdo supor que homens de intelecto adoravam um ídolo monstruoso chamado Baphomet, ou reconheciam Mahomet como um profeta inspirado. Seus simbolismos, inventados séculos antes, para esconder o que era perigoso confessar, foram naturalmente incompreendidos por aqueles que não eram adeptos, e aos seus inimigos pareciam ser panteístas. O bezerro de ouro, feito por Aarão para os israelitas, foi um dos bois sob a camada de bronze, e o Querubim no Propiciatório, incompreendido. Os símbolos dos sábios sempre se tornam os ídolos da multidão ignorante. O que os chefes da Ordem realmente acreditavam e ensinavam, é indicado para os Adeptos pelas sugestões contidas nos Altos Graus da Maçonaria, e pelos símbolos que só os Adeptos entendem." [10]

Aleister Crowley

O ocultista britânico Aleister Crowley nasceu cerca de seis meses após a morte de Eliphas Lévi, levando-o a acreditar que ele era a reencarnação de Lévi. Em parte por esta razão, Crowley era conhecido dentro da Ordo Templi Orientis (O.T.O), a sociedade secreta que ele popularizou, como "Baphomet".

[Imagem: baphomet1.jpg]

Uma foto autografada de Crowley como Baphomet.

Aqui está a explicação de Crowley da etimologia do nome Baphomet, tiradas de seu livro de 1929 "As Confissões de Aleister Crowley":

"Eu tinha tomado o nome Baphomet como o meu lema na O.T.O. Por mais de seis anos eu tinha tentado descobrir a maneira correta de soletrar este nome. Eu sabia que ele deveria ter oito letras, e também que as correspondências numéricas e literais deveriam ser de modo que expressassem o significado do nome em tais maneiras que confirmassem o que os estudiosos haviam descoberto sobre ele, e também para esclarecer os problemas que os arqueólogos até agora não conseguiram resolver… Uma teoria do nome é que ele representa as palavras "Beta alpha phi eta mu eta tau epsilon omicron sigma", O batismo de sabedoria; outro, que é uma corruptela de um título que significa "Pai Mitra". Não é necessário dizer que o sufixo R apoiou a última teoria. Eu adicionei a palavra, tal como é soletrada pelo Mago. Ela totalizou 729. Este número nunca tinha aparecido no meu trabalho Cabalístico e, portanto, não significava nada para mim. Ele no entanto se justificava como sendo o cubo de nove. A palavra "chi eta phi alpha sigma", o título místico dado por Cristo a Pedro como a pedra angular da Igreja, tem esse mesmo valor. Até agora, o Mago tem-se mostrado com grandes qualidades! Ele tinha resolvido o problema etimológico e mostrou por que os Templários deveriam ter dado o nome de Baphomet para seu chamado ídolo. Baphomet foi Mithras Pai, a pedra cúbica, que foi a pedra angular do Templo. " [11]

Baphomet é uma figura importante na Thelema, o sistema místico que Crowley estabeleceu no início do século 20. Em uma de suas obras mais importantes, Magick, Líber ABA, Book 4, Crowley descreve Baphomet como um andrógino divino:

"O Diabo não existe. É um nome falso inventado pelos Irmãos Negros para implicar uma unidade na sua confusão ignorante de dispersões. Um diabo que tivesse unidade seria um Deus … "O Diabo" é, historicamente, o Deus de qualquer povo que alguém pessoalmente não goste … Esta serpente, Satanás, não é o inimigo do homem, mas Ele que fez Deuses da nossa raça, conhecendo o Bem e do Mal, Ele mandou "Conhece a ti mesmo!" e ensinou a Iniciação. Ele é "O Diabo" do Livro de Thoth, e Seu emblema é Baphomet, o Andrógino que é o hieróglifo de arcana perfeição… Ele é, portanto, Vida e Amor. Mas além disso a sua carta é ayin, o Olho, de modo que ele é Luz, e sua imagem Zodiacal é Capricórnio, o bode saltitante cujo atributo é a Liberdade." [12]

A Ecclesia Gnóstica Catholica, o braço eclesiástico de Ordo Templi Orientis (OTO), recita durante a sua Missa Gnóstica "E eu acredito na Serpente e no Leão, Mistério do Mistério, em Seu nome BAPHOMET" [13]. Baphomet é considerado como a união do Chaos e Babalon, energia masculina e feminina, o falo e o útero.

A IGREJA DE SATAN

Embora não seja tecnicamente uma sociedade secreta, a Igreja de Anton Lavey de Satanás continua a ser uma ordem ocultista influente. Fundada em 1966, a organização adotou o "Sigil do Baphomet" como seu emblema oficial.

[Imagem: 210px-Baphosimb.gif]

O Sigil de Baphomet, o símbolo oficial da Igreja de Satanás, apresenta o Bode de Mendes dentro de um pentagrama invertido.

O Sigilo do Baphomet foi, provavelmente, fortemente inspirado por esta ilustração de Guaita’s La Clef de la Magie Noire (A Chave para Magia Negra).

[Imagem: deGuaita.jpg]

Ilustrações de La Clef de la Magie Noire (1897)

De acordo com Anton Lavey, os templários adoravam Baphomet como um símbolo de Satanás. Baphomet é destaque presente durante nos rituais da Igreja de Satanás, com o símbolo sendo colocado acima do altar ritualístico.

Na Bíblia Satânica, Lavey descreve o símbolo do Baphomet:

"O símbolo do Baphomet foi usado pelos Cavaleiros Templários para representar Satanás. Através dos tempos este símbolo tem sido chamado por muitos nomes diferentes. Entre elas estão: O Bode de Mendes, o Bode de Mil Jovens, O Bode Preto, O Bode de Judas, e talvez o mais adequado, O Bode Expiatório".

Baphomet representa os Poderes das Trevas combinados com a fertilidade generativa do bode. Na sua forma "pura" o pentagrama é mostrado envolvendo a figura de um homem nos cinco pontos da estrela – três pontas para cima, duas pontas para baixo – simbolizando a natureza espiritual do homem. No satanismo o pentagrama também é usado, mas já que o satanismo representa os instintos carnais do homem, ou o oposto da natureza espiritual, o pentagrama é invertido para acomodar perfeitamente a cabeça do bode – seus chifres, representando dualidade, que é voltado para cima em tom de desafio, os outros três pontos invertidos, ou a trindade negada. As letras hebraicas em torno do círculo exterior do símbolo, que são dos ensinos mágicos da Cabala, soletram "Leviathan", a serpente do abismo, e identificada com Satanás. Estas figuras correspondem aos cinco pontos da estrela invertida." [14]

Na Cultura Popular

Principalmente devido à influência de Aleister Crowley e Anton Lavey na cultura popular, as referências a Baphomet podem ser encontrado em toda a cultura popular. Em alguns casos, como com bandas de heavy metal, as referências são bastante claras e inequívocas – estas bandas, de modo algum escondem a influência dessas escolas de ocultismo em suas imagens. Aqui estão alguns exemplos:

[Imagem: Behemoth-Apostasy-e1309386001255.jpg]

Banda de Death Metal Behemoth – Capa de Zos Kia Cultus

[Imagem: cover-e1309386154685.jpg]

Banda de death metal The Black Dalia Murder – capa do álbum Ritual.

[Imagem: marilyn_manson-antichrist_superstar.jpg]

Marilyn Manson – Capa do álbum Anti-Christ Superstar

[Imagem: rammstein_pussy.jpg]

Rammstein’s Pussy se refere a androginia de Baphomet. O segundo homem da direita também faz o sinal da mão "O que está em cima é como o que está embaixo".

Na cultura pop de massa (corporativa), as referências são muito mais vagas e escondidas. Destinadas a um público mais jovem, as referências existem, mas provavelmente não são reconhecidas e compreendidas conscientemente pela maioria de sua platéia. Aqui estão alguns exemplos.

[Imagem: ladygagahandoffatimamannequin.jpg]

Lady Gaga.

[Imagem: l_102e2ba71a83112b84fbf2f5da73f028.jpg]

A cantora pop Kerli.

[Imagem: t1241759422-e1309386810391.jpg]

Captura de tela do popular jogo online Ragnarok.

[Imagem: 3247496.jpg]

Capa do álbum de "Baphomet" de Kiichi

Muitas referências mais obscuras podem ser encontrados por aqueles "que têm olhos para ver".

Em Conclusão

Baphomet é uma criação composta simbólica da realização alquímica através da união de forças opostas. Ocultistas acreditam que através do domínio da força vital, a pessoa é capaz de produzir a iluminação da magia e do espirito. A representação de Eliphas Lévi de Baphomet incluia vários símbolos aludindo à elevação da kundalini – energia serpentina – que em última análise, leva à ativação da glândula pineal, também conhecida como o "terceiro olho". Então, do ponto de vista esotérico, Baphomet representa este processo oculto.

No entanto, ao longo do tempo o símbolo passou a denominar muito mais do que seu significado esotérico. Através de controvérsias, Baphomet tornou-se, dependendo do ponto de vista, uma representação de tudo o que é bom no ocultismo ou tudo o que é de ruim no ocultismo. É, de fato, o "bode expiatório" final, o rosto da feitiçaria, magia negra esatanismo. O fato do símbolo ser bastante monstruoso e grotesco provavelmente ajudou a impulsionar o símbolo para o seu nível de infâmia, como nunca deixa de chocar religiões organizadas ao mesmo tempo que atrae aqueles que se rebelam contra elas.

Desde que ganhou amplo reconhecimento na cultura popular, a imagem de Baphomet é agora utilizada como um símbolo de qualquer coisa sobre ocultismo e ritualismo. Nos meios de comunicação de massas, que têm laços com sociedades secretas, a figura de Baphomet aparece nos lugares mais estranhos, muitas vezes para um público jovem demais para entender a referência oculta (o site Vigilant Citizen documenta as ocorrências de Baphomete símbolos ocultos outras em vídeos de música, filmes e moda. Os mesmos artigos podem ser encontrados em português no blog Danizudo – Knowledge is Power ). Estaria Baphomet sendo utilizado na cultura pop como um símbolo do poder da elite oculta sobre as massas ignorantes?

Citações

1 – Eliphas Levi, Dogmes et Rituels de la Haute Magie (Dogma e Ritual da Alta Magia)

2- Arkon Daraul, A History of Secret Societies

3- Eliphas Levi, Dogme et Rituel de la Haute Magie

4- Albert Pike, Morals and Dogma

5- English translation of the Emerald Tablet

6- Manly P. Hall, The Secret Teachings of All Ages

7- Malcom Barber and Keith Bate, Letters from the East: Crusaders, Pilgrims and Settlers in the 12th-13th Centuries

8- Op. Cit. Levi

9- The Confessions of Léo Taxil, April 25 1897

10- Albert Pike, Morals and Dogma

11- Aleister Crowley, The Confessions of Aleister Crowley

12- Aleister Crowley, Magick, Liber ABA, Book 4

13- Helena and Tau Apiron, “The Invisible Basilica: The Creed of the Gnostic Catholic Church: An Examination”

14- Anton Lavey, The Satanic Bible

Fontes:

Secreta Arcana: Who is Baphomet? (artigo original)

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A consciência e o naufrágio da fé

 

Conservando a fé e a boa consciência,

rejeitando a qual alguns fizeram naufrágio na fé.” 1Tm 1.19

Quando pecamos, o Espírito se entristece em nós. É importante manter o coração limpo. A Bíblia diz que devemos conservar a fé e a boa consciência. O que é uma boa consciência? Quando pecamos, o Espírito se entristece, e vai se apagando (1Ts 5.19,22). Nossa consciência, se for boa, quer dizer, se funciona bem, nos chama a atenção. Quando pecamos, acende-se uma luz vermelha em nosso interior. É como o apito do árbitro que soa em uma partida. É importante que obedeçamos a nossa consciência. Quando ela nos diz: “o que fizeste é errado”, o Espírito Santo se entristeceu dentro de você; se endurecermos o coração ao chamado da consciência, vamos ficando insensíveis.

Sabe como se produz um naufrágio? Imaginemos um bote e alguém que vai remando e de repente percebe que se fez em seu barco um pequeno furo e que está entrando água. Quando pecamos, se faz um furo em nosso bote e começa a entrar água. Que temos que fazer? Consertar, e não seguir assim. A princípio, parece que tudo vai bem, e o bote flutua. Mas continua entrando água devagar.

Assim é quando pecamos: a consciência nos adverte, e nós a rejeitamos. E seguimos pregando, cantando, e orando. Parece que tudo segue igual, nada muda. Mas de um momento a outro, o que acontece com esse bote? Quando o peso da água já é suficiente, em um instante o bote afunda.

É importante ter esta prática em nossa vida: obedecer à voz da consciência, obedecer ao Senhor em Sua Palavra, confessar nossos pecados. Se você ofendeu sua esposa, seu marido, se disse alguma mentira a algum irmão, a seu patrão, ou a algum empregado, se cometeu algum pecado sexual em segredo, se viu na televisão ou na Internet alguma coisa imprópria, sua consciência foi manchada, sua consciência o incomoda, fez o que não devia, olhou o que não devia. Deus não o condena, mas guia-o ao arrependimento.

"Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão…" Mt 5.23-24

Se você deseja crescer espiritualmente, precisa aprender a lidar com o pecado. Certa vez um jovem perguntou a um homem de Deus sobre como crescer na vida espiritual. Este lhe respondeu: “Quantos dias se passaram, sem você ter lidado com o pecado?”

Esta é, portanto, uma lição que você deverá praticar por toda a sua vida. É como lavar o rosto. Precisamos aprender a lavar o rosto e devemos fazê-lo todos os dias. Se lavamos o rosto há três anos e, depois disso, nunca mais o lavamos, então o nosso rosto deve ter uma aparência horrível.

A Palavra de Deus diz muito sobre lidar com o pecado. Em Mateus 5.23-26 lemos:

“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz; o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo.”

Repare nas expressões “te lembrares”, “reconciliar-te”, “entra em acordo sem demora”, “sejas recolhido à prisão”. O texto ensina, dentre outras coisas, que devemos nos ater aos pecados dos quais lembramos. Imediatamente devemos procurar reconciliação, seja com Deus, seja com o próximo. Esse texto nos apresenta um “adversário”, que é o pecado. Se não resolvermos a questão em tempo hábil, esse “adversário” nos entregará ao juiz; o juiz, ao oficial de justiça, e este nos lançará na prisão. Já vimos que quando cedemos ao pecado e somos vencidos por ele, nos tornamos seu escravo (2Pe 2.19). Somos lançados na prisão.

Em 1Jo 1.9 lemos: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”.

Em Provérbios 28.13 lemos:

“O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia”.

1. O alvo ao lidar com o pecado

Quando a Bíblia usa a palavra pecado no singular ela se refere à natureza pecaminosa dentro de você. Com relação a isso você não tem muito o que fazer, é uma obra exclusiva de Deus (Ef 2.8). Mas quando ela usa a palavra pecado no plural, ela se refere aos atos pecaminosos que cometemos. Com relação aos pecados nós temos responsabilidade diante de Deus e das pessoas.

Cada pecado que cometemos é registrado diante de Deus. No futuro, Deus nos julgará de acordo com esse registro. O ato de tratar com o pecado deve então envolver esses dois aspectos: o registro do pecado diante de Deus e o ato diante das pessoas. Por um lado precisamos do perdão de Deus e por outro a reconciliação com aquele contra quem pecamos. Quando fazemos isso dizemos que tratamos com o pecado.

2. A base para lidar com o pecado

O nosso tratar com o pecado está baseado apenas na nossa consciência quando estamos em comunhão com Deus. Por exemplo, pode ser que tenhamos cometido muitos erros, mas quando estamos em comunhão com Deus, Ele nos dá a consciência de apenas dois. Devemos lidar com esses dois. Se lembrarmos de três, tratamos dos três. Nós já lemos em Mateus: “se pois, ao trazeres ao altar a tua oferta ali te lembrares…” Se você não lembrar de nada, então a comunhão não será quebrada.

Deus é o que opera em nós, tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade (Fl 2.13). É certo que nossas falhas serão gradativamente tratadas pelo Senhor, no ritmo adequado a cada um, com o objetivo de gerar em nós a imagem do “varão perfeito”, seu Filho Jesus Cristo (Ef 4.13 e Gl 4.19).

“Porque é preceito sobre preceito, preceito e mais preceito; regra sobre regra, regra e mais regra; um pouco aqui, um pouco ali.” Is 28.10

Não precisamos lidar com pecados dos quais não estamos conscientes. Isto não quer dizer que não temos pecado, mas que Deus trata conosco com base naquilo que temos consciência. Na medida que avançarmos na comunhão com Deus a Sua luz trará à tona outros pecados. Algumas vezes acontece de outras pessoas terem consciência do seu pecado, mas você mesmo não percebeu. Por isso, sua consciência está sem acusação, e, conseqüentemente, sem culpa perante Deus. Por essa razão sua vida e comunhão com Deus continuarão sem ser afetados. Mas sempre que você tiver consciência de pecado e não tratar com Ele, sua consciência o acusará e você não poderá manter a comunhão com Deus (Is 59.2).

Quanto mais comunhão você tiver com Deus, mais sensível você será para o pecado. É por isso que algumas pessoas fazem coisas erradas e não se lembram quando vão orar. É por que a comunhão delas é superficial e assim a luz que recebem é fraca. Você está num quarto e pensa que o ar está limpo, mas basta a luz do sol entrar e você percebe quanta poeira está pairando no ar. Para manter a comunhão com o Pai, é preciso ler a Palavra sistematicamente e manter-se “limpo”, por meio da oração de confissão, e Deus fará o resto.

Assim, lidar com o pecado depende de uma consciência sensível. A consciência será sensível a depender da sua comunhão com o Senhor. Se o grau de comunhão for profundo, a sua consciência será aguçada e forte. Por outro lado, se a comunhão é superficial a sua consciência fica embotada e entorpecida.

Desta forma, nunca meça outras pessoas com o critério da sua própria consciência, nem aceite a consciência de outros como critério para medir a você mesmo. Você deve aprender a lidar com o pecado apenas de acordo com a sua consciência. Mas, cuidado! Se a sua consciência não o acusa por algo expressamente condenado pela Palavra de Deus, isto é um sinal de que você tem a consciência cauterizada ou talvez ainda não tenha nascido de novo.

3. Como lidar com o pecado

a. Lidando com o registro do pecado

O apagar do registro do seu pecado diante de Deus está baseado na obra redentora de Cristo na cruz. É pelo sangue que todo registro do pecado é apagado diante de Deus.

Contudo, para esse fato se tornar a sua experiência é necessária a sua aplicação. Essa aplicação acontece em dois momentos: pelos pecados que você cometeu antes de se converter e pelos que comete depois de convertido.

Os seus pecados que foram cometidos antes de você ter sido salvo foram perdoados pela fé. É isso que lemos em Atos 10.43: “por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe remissão de pecados”. Apagar o registro de seus pecados cometidos antes de se converter depende apenas de crer. Se você manifesta fé em Jesus e na Sua obra redentora, eles já foram apagados. Mas depois que você se converte fica um pouco diferente. Já não basta crer, é necessário também confessar. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9). Estas palavras foram escritas para os crentes,

portanto, para apagar o registro de seus pecados cometidos depois de convertido você precisa confessá-los diante de Deus. Deus não o perdoará ou purificará, até que se arrependa e confesse a falta.

b. Lidando com o ato

Como você deve lidar com o ato do pecado? Se você ofendeu a Deus, trate com ele diante de Deus e peça o Seu perdão. Se, além de pecar contra Deus você pecou contra o homem, você deve lidar com ele diante do homem pedindo o perdão do homem.

Se o seu pecado diante do homem envolve apenas uma questão moral, você tem apenas de confessá-lo e se desculpar diante do homem. Mas, se envolve dinheiro ou prejuízos, você tem, então, de pagar a quantia que deve ou ressarcir os prejuízos.

Esse é o princípio geral, mas eu gostaria de lhe dar quatro regras que você pode seguir ao lidar com o pecado.

1º – Você deve ir a quem quer que tenha ofendido e lidar com a questão. Se você pecou apenas contra Deus, trate apenas com Ele. Se tiver pecado contra o próximo, lide com ele.

2º – Você deve lidar com o pecado de acordo com a circunstância em que pecou. Se você pecou abertamente, lide com ele abertamente; se pecou secretamente, lide secretamente. Se você pecou contra uma pessoa sem ela saber, não precisa lidar com ela face a face. É suficiente que trate disso por si mesmo. Se odeia uma pessoa secretamente, não precisa confessar a ela, basta arrepender-se no coração. Mas, se você odeia alguém e isso se tornou conhecido, então você tem de procurá-lo e confessar o seu pecado, de modo que a barreira possa ser eliminada.

3º – Você deve lidar com o pecado apenas na parte pela qual é responsável. Nunca envolva outras pessoas. Por exemplo, você e outra pessoa cometeram juntas um pecado. Quando você tratar do pecado não denuncie ou exponha a outra parte, trate apenas da sua parte, deixe que ela trate com a parte dela. Cada um é responsável por si mesmo, perante Deus (Rm 14.12).

4º – Se o pecado que você cometeu envolve coisas materiais ou prejuízo a outras pessoas, você deve reembolsá-las. É preciso restituir aquilo que você deve ou o prejuízo que causou. Caso você não possa pagar de forma alguma as dívidas antigas, pelo menos procure a pessoa prejudicada, reconheça o seu erro e peça perdão. Caso você tenha condição de restituir, faça-o.

c. O pecado oculto

Existem práticas inadequadas das quais conseguimos nos desvencilhar com certa facilidade, porém alguns pecados têm raízes mais profundas, e é necessário algo mais que boa-vontade para resolver o problema. Dessa forma, pode existir algum pecado que você comete em secreto, do qual você tem consciência do erro, mas não consegue impedir, e sente vergonha de si mesmo por praticá-lo. Você passa algum tempo sem tropeçar nele, mas de vez em quando ele ressurge, deixando-o triste e desanimado, pois percebe que seus esforços para vence-lo tem sido infrutíferos e somente imaginar que tal prática poderá ser conhecida por alguém, causa-lhe imenso pavor.

Neste caso, a Bíblia diz que precisamos confessar a alguém, não ocultar, para sermos curados. Seus votos, jejuns e orações não funcionam, é preciso confessar. A Bíblia diz que quando confessamos e deixamos, alcançamos misericórdia. Tudo aquilo que precisamos manter oculto, pertence às trevas, pois a luz de Cristo ainda não alcançou. Exemplificando, é como um quarto de nossa casa que permanece fechado. Abrimos todas as portas e janelas para a luz do sol entrar, mas existe um quarto, no fundo da casa, que permanece trancado, na escuridão. Neste caso, é necessário não somente o perdão, mas também a cura.

“Não participem das obras infrutíferas das trevas; antes, exponham-nas à luz; porque o que eles fazem em oculto, até menciona-lo é vergonhoso.” Ef 5.11-12

“Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados: a oração feita por um justo pode muito nos seus efeitos.” Tg 5.16

“O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Pv 28.13

Concluindo, o propósito de lidar com o pecado é que você mantenha a consciência limpa, livre de culpa. Sempre que Deus o iluminar, você deve estar disposto a lidar com o seu pecado, qualquer que seja ele, não importando a sua imagem diante dos homens nem levando em conta o prejuízo. Lembre-se: temos mais de Deus, quando Deus tem mais de nós.

Ercilio R Oliveira

www.batistarestaurar.org.br

ercilioribeiro.blogspot.com

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O mundo inteiro virou gay?

 

Jerry Newcombe

5 de julho de 2011 (Notícias Pró-Família) — Um marciano que visitasse os Estados Unidos de hoje poderia muito bem achar que metade da população é homossexual, e que a outra metade deseja ser homossexual.

Isso é bizarro, principalmente quando olhamos para as reais estatísticas que mostram que um número insignificante de 2% da população geral se identifica como “gay”.

Escrevendo em maio no jornal USA Today, Michael Medved, apresentador de um programa de rádio conservador, comentou: “O Instituto Williams de Direito e Políticas Públicas sobre Orientação Sexual ofereceu uma nova estimativa de identificação homossexual, concluindo que 1,7% dos americanos dizem que são gays, e um grupo levemente maior (1,8%) se identifica como bissexual…”

Apesar dos números pequenos (e Medved cita um estudo diferente que coloca o número numa percentagem de apenas 1,4), essa questão parece estar na vanguarda em todas as partes.

Quando o enredo dos Flintstones cantou de alegria pela primeira vez “teremos um tempo como nos tempos velhos e gays [gay em inglês costumava significar ‘feliz’]”, teria sido difícil imaginar como o sentido dessa frase mudou e virou um fenômeno que está varrendo o país inteiro.

Junho pode ter sido o mês do casamento do ano passado nos EUA, mas em junho deste ano o presidente declarou: “Agora, pois, eu, Barack Obama, presidente dos Estados Unidos da América, pela virtude da autoridade garantida a mim pela Constituição e leis dos Estados Unidos, proclamo por meio desta junho de 2011 Mês do Orgulho Lésbico, Gay, Bissexual e Transgênero”.

Olhe para os programas de TV. Em setembro de 2010, o jornal [esquerdista] The New York Times comentou que havia um número recorde de personagens homossexuais de televisão.

Olhe para as escolas, onde as crianças poderiam aprender fatos básicos de história e matemática, mas estão lendo livros que valorizam famílias com duas lésbicas como mães.

De ponta a ponta do país, as pressões a favor do casamento de mesmo sexo estão nas manchetes. A Proposta 8, que foi o polêmico referendo na Califórnia para os eleitores defenderem a definição do casamento como entre um homem e uma mulher, foi derrubada num tribunal federal (anulando os votos de sete milhões de pessoas) e está sob recurso. Em Nova Iorque, a assembleia legislativa acabou, mediante votação, de legalizar o casamento de mesmo sexo. Historicamente, essas coisas estão sendo impostas, por um ativismo judicial, contra a liberdade do povo decidir. 

O primeiro casamento oficial de mesmo sexo nos Estados Unidos foi entre duas lésbicas de Massachusetts em 2004, ocasionado por uma ação judicial da ACLU. Graças ao ativismo judicial nesse estado, a constituição de 1780, escrita em grande parte por John Adams, foi torcida pelo mais elevado tribunal desse estado para impor o casamento de mesmo sexo.

Incidentalmente, esse primeiro casamento legal de mesmo sexo já terminou em divórcio.

O que aconteceu em Massachusetts como consequência da legalização do casamento de mesmo sexo?

Para os principiantes, a agenda da militância homossexual começou a dominar. A Igreja Católica, que durante séculos ajudou a colocar órfãos em lares amorosos, já não pode mais trabalhar em Massachusetts porque a Igreja Católica não pode, em sã consciência, colocar essas crianças em lares homossexuais. Assim, as crianças acabam azaradas.

Enquanto isso, os alunos do primeiro grau de Massachusetts têm acesso a camisinhas nas escolas públicas. Conforme Peter Sprigg do Conselho de Pesquisa da Família comenta: O que é que crianças do primeiro grau poderiam fazer com camisinhas, a não ser talvez brigar jogando balões de água umas nas outras?

Penso que tudo isso é muito trágico, pois coloca outro prego no caixão da família americana. O estado da sociedade reflete o estado da família.

Por outro lado, uma das mais importantes, mas uma das menos divulgadas, histórias sobre homossexuais nos EUA é uma história de redenção.

Como produtor de alto escalão e apresentador do programa de televisão A Verdade que Transforma (que no passado era chamado de A Hora da Igreja de Coral Ridge), tive o privilégio de entrevistar mais de vinte cinco ex-homossexuais. Em vez de descrever vidas de felicidade, eles descreveram uma vida cheia de sofrimento, amor condicional e rejeição (apesar de que a sociedade os estava abraçando totalmente).

Como um deles me disse: “Se você separá-los, um a um, há algumas pessoas bastante miseráveis, que estão sofrendo profundamente”.

Mas por meio do poder do Evangelho, esses ex-homossexuais foram libertos de seu estilo de vida do passado.

Alguns até chegaram a se casar (com alguém do sexo oposto — suponho que hoje em dia temos de esclarecer essas coisas). Um dos que entrevistei estava casado há uma década, e agora tinha três belos filhos.

Eles são eternamente gratos pela transformação em seus corações e são parte de uma associação chamada Exodus International.

Um ex-homossexual me disse: “Nunca senti felicidade de ser gay, porém ninguém nunca me ofereceu uma saída”. Mas quando alguém realmente me ofereceu uma saída, ele a aproveitou e foi transformado de dentro para fora.

Como outro ex-gay explicou: “Nunca sonhei que a orientação fosse embora, que mudaria, que me levaria ao ponto na minha vida em que não mais seria uma tentação… Nunca é tarde demais para mudar — porque eu mudei quando decidi que não ia mais me envolver com a homossexualidade”.

Há alguns ex-gays que voltaram aos velhos hábitos? Claro que sim. Esses casos me fazem recordar de ex-fumantes. Só porque alguns ex-fumantes voltam a fumar não significa que outros não tenham a capacidade de abandonar a homossexualidade para sempre.

Eu só desejaria que, ao visitar a terra, o marciano ficasse sabendo de ex-gays e ex-lésbicas, pois eles são uma parte importante desse quadro.

Esta coluna apareceu originalmente no ChristianPost.com