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Vida artificial: Venter criou a imprensa, mas eu escrevi o primeiro livro, diz pai do primeiro gene sintético

Em entrevista a VEJA, o americano Michael Hecht explica a fabricação de genes em laboratório, saudada como o passo seguinte ao dado pelo conterrâneo Craig Venter, que no ano passado recriou sinteticamente o DNA de uma bactéria

Nana Queiroz

Michael Hecht, PhD em biologia pelo MIT, professor da Universidade de Princeton e líder do estudo

Michael Hecht, PhD em biologia pelo MIT, professor da Universidade de Princeton e líder do estudo (Divulgação / Princeton)

O cientista americano Michael Hecht dá um suspiro satisfeito quando a reportagem pede que ele compare sua pesquisa, que resultou nos primeiros genes fabricados em laboratório, com a deCraig Venter, o criador da primeira bactéria sintética. “Fico feliz que tenha perguntado”, diz, antes de começar a explicação. “Podemos usar a criação da imprensa como analogia. O invento de Gutenberg foi um grande avanço tecnológico. Mas o primeiro livro a ser impresso foi a Bíblia.

A impressão era algo inovador, mas a informação contida nela já circulava por séculos. Esse é o experimento de Venter: ele criou o método para reproduzir um DNA inteiro sinteticamente, mas o copiou de uma bactéria cujos genes já existiam. No nosso experimento, não estamos copiando a Bíblia, ou Shakespeare. Se cada forma de vida fosse um livro, estaríamos escrevendo frases e versos de um novo livro”.

Com essa metáfora, Hecht ilustra como ele e sua equipe da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, entendem sua mais recente descoberta. Tendo como base a imaginação, a equipe de Hecht escreveu trechos genéticos inteiramente novos e os inseriu em bactérias com sucesso, substituindo genes vitais. As bactérias do experimento não só sobreviveram, como formaram colônia e passaram a produzir proteínas não encontradas na natureza. A descoberta pode ser um passo decisivo em direção à vida artificial.

O primeiro – e provavelmente mais importante – desses passos foi dado no ano passado quando o geneticista Craig Venter balançou o mundo científico com um experimento inédito na biologia sintética. Venter havia codificado e recriado em laboratório o DNA completo de uma bactéria e o inserido em uma segunda bactéria, que adquiriu as características da primeira. Mas, como bem observou Hecht, a nova bactéria não era uma vida inteiramente artificial e sim um cópia artificial de uma forma de vida conhecida. Os primeiros genes completamente sintéticos do mundo são estes desenvolvidos pelos cientistas de Princeton.

“A pesquisa de Hecht segue a mesma linha dos estudos de Venter, usando uma estratégia complementar. É um estudo sério e mais um passo em direção à criação da vida artificial”, atesta Mayana Zatz, uma das maiores geneticistas do Brasil e colunista do site de VEJA.

Opinião do especialista

Mayana Zatz, geneticista
“A pesquisa abre muitas portas. Poderíamos usar bactérias modificadas para coisas úteis como biorremediação, por exemplo, com micro-organismos que se alimentam do petróleo que contaminou oceanos ou usar proteínas artificiais como remédios para doenças sem cura hoje.”

A experiência – O estudo publicado na revista PLos ONE descreve o seguinte experimento: um milhão de genes foram inventados no computador e sintetizados em laboratório. Paralelamente, genes essenciais de algumas bactérias foram retirados e substituídos, um a um, por material sintético.

O objetivo era descobrir quais genes sintéticos poderiam sustentar a vida das bactérias tão bem quanto os originais. O resultado foram bactérias com quatro genes artificiais, que não só se tornaram perfeitamente aptas a sobreviver como também a transmitir essa herança.

O custo do experimento foi surpreendentemente baixo. “Enquanto Venter investiu 40 milhões de dólares em seu projeto, o nosso custou menos de 1% dessa soma. Ele foi tocado por seis estudantes universitários e um pós-graduando”, conta Hecht, que é líder do estudo e tutor de estudantes em Princeton.

Curas inéditas – Agora faça o exercício de voltar à pré-escola e imagine que você tem 20 tipos de bloquinhos que podem ser combinados de todas as maneiras que sua imaginação conceber. Quantas combinações são possíveis? Infinitas. Substitua esses bloquinhos por aminoácidos e pense que esses ácidos são pecinhas que, quando combinadas, podem formar incontáveis proteínas.

A mudança no formato de uma estrutura com as mesmas ‘peças’ também muda o tipo da proteína. Até hoje, esse “lego de aminoácidos” era uma brincadeira exclusiva da Natureza. Não é mais. A descoberta de Hecht permite que cientistas inventem proteínas em laboratório.

A técnica pode levar a avanços antes inimagináveis que terão impacto direto na vida das pessoas. “Poderíamos usar bactérias modificadas para coisas úteis como biorremediação, por exemplo, com micro-organismos que se alimentam do petróleo que contaminou oceanos, ou usar proteínas artificiais como remédios para doenças hoje sem cura”, diz Mayana.

Brincando de Deus

O geneticista Craig Venter e o microbiólogo Michael Hecht estão perto de criar vida artificial. Conheça as diferenças entre as duas pesquisas:

A pesquisa de Venter
A pesquisa de Hecht

1) O genoma de uma bactéria é inteiramente transcrito e copiado em laboratório
1) Partes do genoma são inventados no computador e fabricados em laboratório

2) O DNA sintético é inserido, inteiro, na carcaça de uma segunda bactéria, diferente da primeira
2) Esse trecho do genoma é inserido em uma bactéria e substitui trechos vitais do original

3) A segunda bactéria assume as características da primeira, produzindo as mesmas proteínas
3) A bactéria assume características diferentes e passa a produzir proteínas até então desconhecidas

Para entender a importância da pesquisa é preciso ter em mente a relação entre genes e proteínas. Cada grupo de genes é o responsável pela produção de uma determinada proteína. Espécies diferentes produzem proteínas distintas e as proteínas criadas variam entre indivíduos também. Ou seja: os genes funcionam como ‘máquinas’ que fabricam proteínas que podem mudar o funcionamento do organismo de um indivíduo. E com a liberdade de criar e inserir novas ‘máquinas genéticas’ no DNA de bactérias, agora os cientistas já são capazes de inventar proteínas antes desconhecidas, para os mais distintos usos.

“Na maioria dos casos, hoje, a biotecnologia lida com proteínas que já existem na natureza para tratar doenças. Insulina, ou o hormônio de crescimento, por exemplo, são substâncias já conhecidas que são postas em seringas e dadas aos pacientes”, diz Hecht. “No futuro, a biotecnologia usará proteínas que não são retiradas da natureza, mas sintetizadas em laboratório, completamente novas, vindas das mentes dos pesquisadores”, complementa.
As responsabilidades, naturalmente, crescem com o conhecimento. Mayanna alerta para o perigo de que essas experiências também pudessem produzir superbactérias e super doenças que saíssem do controle. “Será preciso discutir e criar normas para o bom uso dessa técnica.”

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Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento, referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., ex-maçon, autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria,A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.

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Predisposição genética para a religião se reproduz com rapidez, diz professor

 

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um cálculo matemático demonstra que os supostos genes responsáveis pela orientação religiosa de um indivíduo se reproduzem com mais rapidez.

A base do estudo teve como ponto de partida análises demográficas, que indicam que grupos religiosos geram mais filhos do que os ateus.

Em média, uma mulher sem qualquer religião teria de um a dois bebês. Para termos de comparação, no caso de uma seguidora do judaísmo ortodoxo, esse número passaria a ser seis.

O resultado a longo prazo é que o "gene da religião" se tornaria mais comum a cada nova geração.

De acordo com Robert Rowthorn, professor emérito de economia do Kings College, em Cambridge (Reino Unido), que desenvolveu o cálculo, essa expansão teria aumentado em até 50% depois de dez gerações.

Rowthorn acrescenta que os genes seriam ainda mais perpetuados e distribuídos se os integrantes do segmento religioso passassem a se relacionar com a população secular.

"Este é puramente um exercício especulativo", diz o autor do estudo a ser publicado nesta quarta-feira no "Proceedings of the Royal Society B".

Ele enfatiza que, até 150 anos atrás, o contraste na taxa de natalidade entre famílias religiosas e não religiosas não existia. O número de nascimentos caiu globalmente e a transição afetou mais alguns grupos do que outros.

Segundo Rowthorn, a progressão matemática demonstrada em seu cálculo indica a hipótese de que a população pode ser mais propensa à religião a longo prazo, mas isso dependeria também da proporção entre fertilidade e "deserção" de membros no grupo religioso.

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Arqueologia Bíblica: TIAGO – Para universidade hebraica, ossuário do irmão de Jesus é verdadeiro

Ela pesa 25 quilos. Tem 50 centímetros de comprimento por 25 centímetros de altura. E está, indiretamente, no banco dos réus de um tribunal de Jerusalém desde 2005. Adiscussão em torno de uma caixa mortuária com os dizeres “Tiago, filho de José, irmão de Jesus” nasceu em 2002, quando o engenheiro judeu Oded Golan, um homem de negócios aficionado por antiguidades, revelou o misterioso objeto para o mundo.

A possibilidade da existência de um depositário dos restos mortais de um parente próximo de Jesus Cristo agitou o circuito da arqueologia bíblica. Seria a primeira conexão física e arqueológica com o Jesus do Novo Testamento. Conhecido popularmente como o caixão de Tiago, a peça teve sua veracidade colocada em xeque pela Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA). Em dezembro de 2004, Golan foi acusado de falsificador e a Justiça local entrou no imbróglio. No mês passado, porém, o juiz Aharon Far¬kash, responsável por julgar a suposta fraude cometida pelo antiquário judeu, encerrou o processo e acenou com um veredicto a favor da autenticidade do objeto. Também recomendou que o IAA abandonasse a defesa de falsificação da peça. “Vocês realmente provaram, além de uma dúvida razoável, que esses artefatos são falsos?”, questionou o magistrado. Nesses cinco anos, a ação se estendeu por 116 sessões. Foram ouvidas 133 testemunhas e produzidas 12 mil páginas de depoimentos.

Especialista em arqueologia pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Rodrigo Pereira da Silva acredita que todas as provas de que o ossuário era falso caíram por terra. “A paleografia mostrou que as letras aramaicas eram do primeiro século”, diz o professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp). “A primeira e a segunda partes da inscrição têm a mesma idade. E o estudo da pátina indica que tanto o caixão quanto a inscrição têm dois mil anos.” O professor teve a oportunidade de segurá-lo no ano passado, quando o objeto já se encontrava apreendido no Rockfeller Museum, em Jerusalém.

Durante o processo, peritos da IAA tentaram desqualificar o ossuário, primeiro ao justificar que a frase escrita nele em aramaico seria forjada. Depois, mudaram de ideia e se ativeram apenas ao trecho da relíquia em que estava impresso “irmão de Jesus” – apenas ele seria falso, afirmaram.

A justificativa é de que, naquele tempo, os ossuários ou continham o nome da pessoa morta ou, no máximo, também apresentavam a filiação dela. Nunca o nome do irmão. Professor de história das religiões, André Chevitarese, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, levanta a questão que aponta para essa desconfiança. “A inscrição atribuiria a Tiago uma certa honra e diferenciação por ser irmão de Jesus. Como se Jesus já fosse um pop¬star naquela época”, diz ele. Discussões como essa pontuaram a exposição de cerca de 200 especialistas no julgamento. A participação de peritos em testes de carbono-14, arqueologia, história bíblica, paleografia (análise do estilo da escrita da época), geologia, biologia e microscopia transformou o tribunal israelense em um palco de seminário de doutorado. Golan foi acusado de criar uma falsa pátina (fina camada de material formada por microorganismos que envolvem os objetos antigos). Mas o próprio perito da IAA, Yuval Gorea, especializado em análise de materiais, admitiu que os testes microscópicos confirmavam que a pátina onde se lê “Jesus” é antiga. “Eles perderam o caso, não há dúvida”, comemorou Golan.

O ossuário de Tiago, que chegou a ser avaliado entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões, é tão raro que cerca de 100 mil pessoas esperaram horas na fila para vê-lo no Royal Ontario Museum, no Canadá, onde foi exposto pela primeira vez, em 2002. Agora que a justiça dos homens não conseguiu provas contra sua autenticidade, e há chances de ele ser mesmo uma relíquia de um parente de Jesus, o fascínio só deve aumentar.

Data: 10/1/2011 08:42:55
Fonte: Isto é