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COMUNICADO À IMPRENSA
01 de junho de 2010 – 14h50m
Seguem abaixo novas declarações oficiais do Governo de Israel em relação aos eventos ocorridos na madrugada de 31 de maio.
1) Declarações do Presidente de Israel, Shimon Peres:
O Hamas decidiu impedir a paz entre palestinos e Israel. Depois que Israel evacuou Gaza, o Hamas transformou o território em um campo de ataques contra Israel e dispararam milhares de foguetes contra a população civil israelense. O Hamas está constantemente adquirindo armas e mísseis por mar e por túneis. O grupo sabe muito bem que pode escolher o caminho eleito pela Autoridade Palestina e trazer estabilidade e prosperidade para seu povo, mas em vez disso, escolhe o caminho do terror.
Israel é um país democrático com a obrigação de defender seus cidadãos e não pode tolerar a chegada em Gaza de mercadorias e navios sem inspecioná-los. A flotilha violenta e provocadora foi apoiada pelo Hamas, cujo suporte foi o de terror e de oposição à paz.
As ações violentas dos passageiros do navio contra os israelenses, obrigaram-os a se defenderem. A responsabilidade pelos graves resultados do evento ocorrido é inteira e exclusivamente dos organizadores da flotilha, cujo real objetivo era criar uma provocação e não entregar ajuda humanitária.
Lamento as perdas desnecessárias de vidas e encorajo as partes a exercerem o controle.
2) Chanceler Liberman é entrevistado pelo Canal 1, da TV Israelense, em 31 de maio:
Em primeiro lugar, gostaria de expressar a minha admiração pelos soldados das Forças de Defesa de Israel (FDI), que demonstraram responsabilidade, moderação e muita coragem em condições tão difíceis, sob o ataque brutal dos apoiadores ao terror.
Em segundo lugar, gostaria de manifestar a minha profunda tristeza pela perda de vidas humanas.
Todo Estado tem o direito de inspecionar cada navio que entra ou pretende entrar no seu território. Tenho ouvido muitas críticas pelo fato de que a prisão ocorreu em águas internacionais. Gostaria de lembrar a todos que também o Karine A (um navio carregado de armas iranianas destinadas à Autoridade Palestina em 2002) foi abordado em águas internacionais.
As intenções da flotilha se tornaram claras de que os organizadores não estavam dispostos a ouvir as advertências – e houve muitos avisos antes que os soldados israelenses embarcassem no navio. Acredito que agimos em conformidade com o estabelecido pelo direito internacional. O que está claro é que, desde o início, a intenção dessas pessoas – os apoiadores do terrorismo e não combatentes pelos direitos humanos – era o derramamento de sangue e não trazer qualquer ajuda humanitária para Gaza.
Já disse várias vezes que não há crise humanitária na região. Nós transferimos toneladas de suprimentos todos os dias. Todos os países que transferiram ajuda humanitária se comportaram de forma correta, enviando primeiro a carga para Ashdod, onde é verificada, e de lá, transferida para a Faixa de Gaza. Isto também foi proposto neste episódio. Realizamos por vários dias contatos com o governo turco, com diversas organizações, através de canais oficiais e não oficiais. Todas as nossas tentativas para chegar a algum tipo de acordo foram rejeitadas. Assim como estes organizadores se recusaram a apelar para os líderes do Hamas, em prol da permissão para os representantes da Cruz Vermelha, para visitar o soldado Gilad Shalit.
A frota era composta de seis navios. Em cinco deles, todos saíram ilesos. Só em um navio turco ocorreu uma emboscada, pois estes estavam armados. Os soldados das FDI ficaram seriamente feridos – dois soldados com ferimentos de bala e um oficial foi gravemente esfaqueado. Tudo isso prova que estamos lidando com um grupo de partidários do terror – na verdade, terroristas – que simplesmente querem promover o terrorismo, cooperar com o terrorismo e toda a sua intenção era atacar Israel e promover o derramamento de sangue. Nós não vamos concordar com isso.
Eu falei durante o dia com muitos dos meus colegas, Ministros das Relações Exteriores, com a Alta Representante da UE para Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Baronesa Catherine Ashton, com os Ministros das Relações Exteriores da Alemanha, Grécia, Chipre, Bulgária entre outros. Eu reiterei a nossa posição de forma clara e também disse que esperamos uma reação equilibrada e responsável e não uma reação que é na verdade uma rendição aos extremistas, uma rendição ao terror, dos mesmos grupos que incitam a polêmica e a guerra, que apoiam o Hamas e outras organizações terroristas ao redor do mundo.
3) Mais informações (vídeos em inglês)
a) Durante a busca a bordo do navio Mavi Marmara, que fazia parte da flotilha que seguia pra Gaza, as Forças de Defesa de Israel (FDI) descobriram um esconderijo de armas, que continha muitas facas, estilingues, pedras, bombas de fumaça, barras de metal, objetos metálicos e pontiagudos improvisados, varas e paus, martelos de 5kg, bombas incendiárias e máscaras de gás. Estas armas foram usadas contra os soldados da Marinha israelense enquanto eles tentavam embarcar no navio. Sete soldados ficaram feridos durante o incidente, onde ativistas! pegaram as pistolas dos soldados e atiraram contra eles.
Clique neste link e veja o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=JvS9PXZ3RWM&feature=player_embedded
b) Clique no link abaixo e veja uma filmagem feita pelo navio da Marinha Israelense onde são mostrados os passageiros a bordo do navio Mavi Marmara, um dos navios que seguiria para Gaza. No vídeo, claramente pode ser visto um soldado israelense desembarcando no navio e sendo atacado pelos participantes da flotilha. O fato ocorreu após Israel solicitar que a flotilha seguisse para o porto de Ashdod.
Clique neste link e veja o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=0LulDJh4fWI
c) No vídeo abaixo, um soldado que desembarcou no navio Mavi Marmara. Ele descreve a violencia com a qual foi recebido na embarcação.
Clique neste link e veja o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=C9p5QT91QYs
a) Após a flotilha que seguia para Gaza recusar sua mudança de curso, mesmo após múltiplas solicitações das FDI para que seguissem paa o porto de Ashdod, a Marinha israelense seguiu com as embarcações para o porto. No vídeo abaixo vê-se que os participantes são escoltados no desembarque dos navios sem terem sofrido agressões.
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Paul Reynolds
Analista para Assuntos Internacionais da BBC News
Mesmo em Israel, opinião é de que operação foi um fiasco
Muitos em Israel e no resto do mundo concordam que, justificada ou não, a operação para interceptar a frota de navios que levavam ajuda humanitária à Faixa de Gaza deu muito errado.
No jornal israelense Haaretz, um colunista declarou: "Meu filho de seis anos teria se saído muito melhor do que nosso atual governo".
Então, o que deu errado?
A operação aconteceu a 60 km da costa de Gaza, em um ponto que fica 40 km distante do limite formal estabelecido por Israel para o bloqueio marítimo que o país mantém em torno da Faixa de Gaza.
Um bloqueio marítimo é um recurso legítimo segundo leis internacionais. Ele precisa ser justificado (Israel diz que, sem ele, o grupo Hamas poderia importar armas), precisa ser declarado formalmente (e foi) e precisa ser implementado (como de fato está).
Ao interceptar a frota fora do limite demarcatório do bloqueio, Israel correu o risco de ter sua ação questionada segundo a lei internacional, mas isso é discutível.
Israel argumenta que a frota pretendia, claramente, furar o bloqueio. De fato, durante as formalidades que marcaram o início da operação, ao receber, por rádio, ordens de parar, o navio que liderava a frota disse aos israelenses que seu destino era Gaza.
Cinco dos seis navios que integravam a frota pararam, mas o principal, Mavi Marmara, seguiu em frente.
‘Inesperado’
Os avisos, como se esperava, foram ignorados. Então, Israel decidiu usar a força.
Para a operação, os israelenses usaram parte de sua força especial marítima, a Frota 13, com helicópteros e lanchas.
Há discussões em Israel se essa teria sido a unidade correta a ser usada. Ela foi treinada para combate, não para controle de multidões.
Até o momento, o melhor relato do que realmente aconteceu veio de Ron Ben Yishai, repórter do jornal israelense Yediot Achronot, testemunha ocular dos acontecimentos.
Ele diz que o plano era desembarcar um grupo no deck superior, invadir a ponte e tomar o controle do barco. A previsão, ele relata, era de que passageiros apresentariam "resistência leve e possivelmente alguma violência pequena".
Segundo o jornalista, os soldados foram orientados a confrontar os manifestantes verbalmente, usar táticas de controle de massas e armas de fogo apenas para salvar suas próprias vidas.
Entretanto, à medida que as primeiras tropas desembarcaram, uma por uma, "o inesperado aconteceu. Os passageiros (…) pegaram bastões, cacetetes e estilingues com bolinhas de gude, atacando cada soldado que desembarcava".
Você pode ver um pouco do ocorrido em um vídeo feito pelos israelenses.
Soldados que descem no deck são atacados, um a um. Um manifestante segurando um cacetete está vestindo uma máscara contra gás. Outros vídeos divulgados pelos israelenses mostram estilingues, bolinhas de gude, barras de metal e uma faca retirada do barco após a operação.
‘Os manifestantes atiraram’
Ron Ben Yishai menciona o uso, pelos soldados, de armas de paintball. No vídeo, você pode ver um deles, em perfil. Segundo o repórter, essas armas não foram efetivas.
Eu me pergunto se era mesmo tinta o que havia dentro delas, ou alguma outra substância, mas de qualquer forma, não funcionou.
As tropas não foram capazes de invadir a ponte como planejado e uma segunda leva foi despachada de outro helicóptero. Nesse ponto, cerca de 30 ativistas confrontavam 30 israelenses no deck.
Mas algo mais sério estava acontecendo. O repórter declara que os manifestantes "tentaram pegar as armas (dos soldados)". Eles conseguiram pegar uma pistola, ele diz, quando um soldado, visto no vídeo, foi jogado do deck superior para o inferior.
Os soldados, que tinham começado a usar bombas de efeito moral, pediram permissão para usar suas armas de fogo. A permissão foi concedida.
Isso, entretanto, não é visto no vídeo. Ele é interrompido no momento exato em que um soldado aponta sua arma na direção dos manifestantes.
Me pergunto o que aconteceu depois. Por que o vídeo parou ali?
Os israelenses dizem que os militantes conseguiram se apoderar de duas pistolas e devem tê-las usado, já que os pentes estavam vazios quando as armas foram encontradas.
Ben Yishai também menciona um relato, por um dos membros da tropa, de que os israelenses teriam atirado em alguém que segurava um rifle. Até agora, nenhum rifle foi visto.
Yishai disse que dois soldados foram feridos após, aparentemente, "desordeiros terem atirado contra eles".
Dúvidas
O que não está claro até agora, é por que tantos morreram e em que circunstâncias. Teriam morrido todos no deck? Em um grupo ou um a um?
Não se pode ver nada disso no vídeo e me pergunto se existiria algum registro, em vídeo, dos acontecimentos. E, caso exista, por que não foi divulgado.
O repórter diz que as tropas atiraram contra "as pernas dos desordeiros". Pode ter sido, mas algo mais deve ter acontecido.
E, claro, não ouvimos relatos de testemunhas entre os militantes, especialmente os feridos.
Ron Ben Yishaidisse que as forças israelenses cometeram dois erros. Subestimaram o grau de resistência e falharam ao não tê-la vencido de cima, usando gás lacrimogênio e bombas de efeito moral antes de entrar no barco.
Até esse momento, em Israel, a avaliação geral é de que as tropas estavam despreparadas e em número insuficiente.
Foram colocadas em uma posição na qual não tiveram outra opção senão abrir fogo. Esta não é uma boa posição para um comandante colocar seus subordinados. Daí as críticas ouvidas em Israel.
Também está claro que os israelenses tinham poucas informações sobre o que estava sendo preparado no navio.
A história lembra o ataque britânico contra o Êxodus, um navio carregando refugiados judeus que, em 1947, tentou romper o bloqueio naval britânico em torno da então Palestina.
Naquele incidente, também, as tropas invasoras subestimaram a resistência, apelaram para a força e três passageiros acabaram morrendo.
O caso contribuiu para enfraquecer o domínio britânico sobre a Palestina e aumentar o apoio a um Estado Judeu.