A National Gallery de Londres tenta conter a indignação dos católicos que protestaram contra a exposição do blásfemo quadro “A Anunciação de Fra Angelico”, em versão pornográfica de Richard Hamilton (saiba mais sobre o assunto aqui), enviando a todos uma resposta padrão.
Os que reagiram enviando e-mails de protesto estão recebendo o seguinte texto:
“Caros senhores,
“Muito obrigado pelo seu e-mail. Sentimos muito em saber que os senhores acharam desrespeitosa a obra de Richard Hamilton The Passage of the angel to the virgin. No entanto, a Galeria não se coloca no papel de censor dos trabalhos exibidos na exposição.
“Richard Hamilton é um dos artistas que como Ana Maria Pacheco and Paula Rego exploram o diálogo entre contemporaneidade e a tradição iconográfica refletida em nossa coleção de maneira controversa e instigante.
“De todas as formas, agradecemos por entrar em contato conosco e dividir sua opinião sobre a exposição.
“Sinceramente, Chris Morton”
A cínica resposta de Chris Morton suscita a indagação: Não leva ele em consideração os princípios que evidenciam a augusta majestade da Mãe de Deus?
Para realçar a excelsa nobreza da pessoa ofendida pela assim chamada “obra de arte”, apresentamos trecho do artigo de Plinio Corrêa de Oliveira sobre o tema “Devoção Mariana: fator decisivo no embate entre Revolução e Contrarrevolução”, publicado na revista “Catolicismo”, de agosto de 1989:
O concurso do espírito do mal
Uma visão da Revolução e da Contrarrevolução não pode ficar apenas nestas considerações. A Revolução não é o fruto da exclusiva maldade humana. Esta última abre as portas ao demônio, pelo qual se deixa estimular, exacerbar e dirigir.
É, pois, importante considerar, nesta matéria, a oposição entre Nossa Senhora e o demônio.
O papel do demônio na eclosão e nos progressos da Revolução foi enorme. Como é lógico pensar, uma explosão de paixões desordenadas tão profunda e tão geral como a que originou a Revolução não teria ocorrido sem uma ação preternatural. Além disso, seria difícil que o homem alcançasse os extremos de crueldade, de impiedade e de cinismo, aos quais a Revolução chegou várias vezes ao longo de sua história, sem o concurso do espírito do mal.
Ora, esse fator de propulsão tão forte está inteiramente na dependência de Nossa Senhora. Basta que Ela fulmine um ato de seu império sobre o inferno, para que ele estremeça, se confunda, se encolha e desapareça da cena humana. Pelo contrário, basta que Ela, para castigo dos homens, deixe ao demônio um certo raio de ação, para que a ação deste progrida. Portanto, os enormes fatores da Revolução e da Contrarrevolução, que são respectivamente o demônio e a graça, dependem de seu império e seu domínio.
Efetiva Realeza de Maria
A consideração deste soberano poder de Nossa Senhora nos aproxima da ideia da realeza de Maria.
É preciso não ver essa realeza como um título meramente decorativo. Embora submissa em tudo à vontade de Deus, a realeza de Nossa Senhora importa num poder de governo pessoal muito autêntico.
Tive ocasião de empregar certa vez, numa conferência, uma imagem que facilita a compreensão do papel de Nossa Senhora como Rainha.
Imaginemos um diretor de colégio com alunos muito insubordinados. Ele os castiga com uma autoridade de ferro. Depois de os ter submetido à ordem, retira-se dizendo à sua mãe: “Sei que governareis este colégio de modo diferente do que estou fazendo agora. Vós tendes um coração materno. Tendo eu castigado esses alunos, quero agora que os governeis com doçura”. Essa senhora vai dirigir o colégio como o diretor quer, porém com um método diverso daquele que usou o diretor. A atuação dela é distinta da dele; não obstante, ela faz inteiramente a vontade dele.
Nenhuma comparação é exata. Entretanto, julgo que, sob certo aspecto, esta imagem nos ajuda a entender a questão.
Análogo é o papel de Nossa Senhora como Rainha do Universo. Nosso Senhor lhe deu um poder régio sobre toda a criação, cuja misericórdia, sem chegar a nenhum exagero, chega entretanto a todos os extremos. Ele colocou-A como Rainha do Universo para governá-lo e, especialmente, para governar o pobre gênero humano decaído e pecador. E é vontade dEle que Ela faça o que Ele não quis fazer por si, mas por meio dEla, régio instrumento de seu Amor.
Há, pois, um regime verdadeiramente marial no governo do Universo. E assim se vê como é que Nossa Senhora, embora sumamente unida a Deus e dependente dEle, exerce sua ação ao longo da História.
Nossa Senhora é infinitamente inferior a Deus — é evidente — porém, Deus quis dar a Ela esse papel por um ato de liberalidade. É Nossa Senhora quem, distribuindo ora mais largamente a graça, ora menos, freando ora mais, ora menos, a ação do demônio, exerce sua realeza sobre o curso dos acontecimentos terrenos. Nesse sentido, depende dEla a duração da Revolução e a vitória da Contrarrevolução.
Além disso, às vezes Ela intervém diretamente nos acontecimentos humanos, como o fez, por exemplo, em Lepanto. Quão numerosos são os fatos da História da Igreja em que ficou clara sua intervenção direta no curso das coisas! Tudo isto nos faz ver de quantos modos é efetiva a realeza de Nossa Senhora.
Quando a Igreja canta a seu respeito: “Tu só exterminaste as heresias no mundo inteiro”, diz que seu papel nesse extermínio foi de certo modo único. Isso equivale a dizer que Ela dirige a História, porque quem dirige o extermínio das heresias dirige o triunfo da ortodoxia, e dirigindo uma e outra coisa, dirige a História no que ela tem de mais medular.
Haveria um trabalho de História interessante para fazer, o de demonstrar que o demônio começa a vencer quando consegue diminuir a devoção a Nossa Senhora. Isso se deu em todas as épocas de decadência da Cristandade, em todas as vitórias da Revolução.
Exemplo característico é o da Europa antes da Revolução Francesa. A devoção a Nossa Senhora nos países católicos foi prodigiosamente diminuída pelo jansenismo, e é por isso que eles ficaram como uma floresta combustível, onde uma simples chispa pôs fogo em tudo.
Estas e outras considerações tiradas do ensinamento da Igreja abrem perspectivas para o Reino de Maria, isto é, uma era histórica de Fé e de virtude que será inaugurada com uma vitória espetacular de Nossa Senhora sobre a Revolução. Nessa era, o demônio será expulso e voltará aos antros infernais, e Nossa Senhora reinará sobre a humanidade por meio das instituições que para isso escolheu.
Estas ricas palavras deixam evidente o grau de vilania da ”exposição”, a qual ofende profundamente a realeza de Maria.
Em vista disso, como não sentir como uma bofetada o “sentimos muito”, mas o insulto permanece? A única atitude razoável dos promotores da blasfêmia seria retirar o quadro ofensivo, seguido de pedido de desculpas por tê-lo exibido.
É outra hipocrisia dizer que a galeria “não se coloca no papel de censor dos trabalhos exibidos” , porque no seu Esquema Provisório de Igualdade de Gênero, a National Gallery declara explicitamente:
“Nós cremos que toda pessoa que entra em contato com a National Gellery deveria ser tratado de maneira justa e respeitosa, sem consideração a seu gênero, religião, estado matrimonial ou de parceria, cor, nacionalidade, origem nacional ou étnica, orientação sexual ou idade”.
Aceitariam eles então uma exposição que ofendesse uma raça em particular? Acolheriam obras que ridicularizassem o Islã? Apresentariam obras que propugnassem o machismo e uma suposta inferioridade das mulheres? É evidente que não!
Então, por que somente a fé católica pode ser vilipendiada desta maneira, e ofendida em uma de suas mais íntimas convicções?
Reza então a National Gallery pela mesma cartilha da BBC, que não hesita em colocar no ar programas que atacam o cristianismo, mas retira da programação um filme que questiona as origens do Islã?
Por que dois pesos e duas medidas?
As belas celebrações do Jubileu de Diamente da Rainha Elizabeth II aumentaram nos brasileiros a admiração pela Inglaterra. Mas tal prestígio vai ficar profundamente abalado se a National Gallery teimar em exibir uma obra blasfema que fere brutalmente a Realeza de Maria Santíssima, Mãe do Rei dos reis.
Peço que enviem tréplicas à National Gallery, aos cuidados de seu diretor principal, Nicholas Penny, fazendo os questionamentos acima, deixando claro que exigir respeito à Mãe de Deus não é nenhum posicionamento favorável à censura.
Email para Dr. Nicholas Penny:
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Nota: A. Sentido da palavra “Revolução”
Damos a este vocábulo o sentido de um movimento que visa destruir um poder ou uma ordem legítima e pôr em seu lugar um estado de coisas (intencionalmente não queremos dizer ordem de coisas) ou um poder ilegítimo.
Se tal é a Revolução, a Contra-Revolução é, no sentido literal da palavra, despido das conexões ilegítimas e mais ou menos demagógicas que a ela se juntaram na linguagem corrente, uma “re-ação”. Isto é, uma ação que é dirigida contra outra ação. Ela está para a Revolução como, por exemplo, a Contra-Reforma está para a Pseudo-Reforma.
O ideal da Contra-Revolução é, pois, restaurar e promover a cultura e a civilização católica.
Revolução e Contrarrevolução – Plinio Corrêa de Oliveira http://www.pliniocorreadeoliveira.info/livros.asp