Peter J. Smith
CONCORD, New Hampshire, EUA, 11 de novembro de 2010 (Notícias Pró-Família) — O bispo V. Gene Robinson, o primeiro bispo assumidamente homossexual da Igreja Episcopal dos EUA, anunciou sua aposentadoria depois de sete anos liderando sua diocese de New Hampshire devido à tensão por causa da polêmica que envolveu completamente a Comunhão Anglicana após sua eleição.
A Igreja Episcopal dos EUA consagrou Robinson em 2003 passando por cima das objeções de membros tradicionais da Comunhão Anglicana, os quais disseram que consagrar um homem homossexual ativo como bispo era um repúdio claro aos alicerces bíblicos da Igreja e do Cristianismo.
Desde então, a Comunhão Anglicana vem lutando para vencer um racha aberto onde certas facções estão a ponto de deixar a Comunhão ou até buscar reunificação com a Igreja Católica, que garantiu à identidade anglicana um lugar perpétuo dentro de seu rebanho.
Robinson disse no sábado, durante a convenção diocesana anual em Concord, que ele renunciaria em janeiro de 2013, permitindo tempo para a diocese consagrar um bispo assistente em 2012 para um período de transição. Robinson fará 65 anos, faltando ainda alguns anos para chegar aos 72 anos, idade de aposentadoria compulsória na Igreja Episcopal (IE).
“O fato é que os últimos sete anos provocaram um efeito negativo em mim, minha família e vocês”, Robinson declarou. “Ameaças de morte e agora a polêmica mundial envolvendo o fato de que vocês me escolheram como bispo têm sido uma tensão constante, não só em mim, mas em meu amado marido Mark”.
O anúncio, porém, não agradou aos conservadores na Comunhão Anglicana, os quais disseram que as questões na igreja tinham ido muito além da eleição de Robinson e de bispos homossexuais.
“A aposentadoria de Gene Robinson não muda nada”, disse o Dr. Chris Sugden do grupo Anglican Mainstream. “A questão é a recusa da [Igreja Episcopal] de seguir os padrões doutrinários aceitos da Comunhão e a determinação de sua liderança de promover — e na América do Norte de implementar — padrões éticos e doutrinários que são contrários ao ensino claro das Escrituras conforme recebidos pela igreja universal.
“Eles escolheram andar separados”.
Peter Jensen, arcebispo de Sydney, Austrália, disse que a crise atual na Comunhão Anglicana “não é sobre o bispo Robinson pessoalmente”.
“É verdade que a consagração dele como bispo sete anos atrás foi um dos pontos críticos para um sério reajustamento da Comunhão inteira”, disse ele. “Mas muitas coisas aconteceram desde então”.
Jensen disse que o futuro da Comunhão Anglicana depende da Conferência Futura Anglicana Global (CFAG) e da Declaração de Jerusalém, que representavam um compromisso de líderes anglicanos conservadores, muitos do Global Sul, de fazer com que a Comunhão Anglicana volte ao sólido ensino ortodoxo.
O comentarista anglicano David Virtue, porém, disse que o esgotamento que Robinson está sofrendo foi “totalmente induzido, e até mesmo provocado, por ele mesmo”.
“Dentro ou fora do cargo de bispo, Robinson fez todos os danos necessários para garantir o perpétuo declínio da Igreja Episcopal. Ele efetivamente, por procuração, destruiu a Comunhão Anglicana, como a conhecemos”, disse Virtue.
Virtue disse que a consagração de Robinson abriu o caminho para a fratura da Comunhão Anglicana, a criação da CFAG, a Declaração de Jerusalém e o estabelecimento da nova Igreja Anglicana da América do Norte (IAAN) para competir pelas comunidades anglicanas conservadoras descontentes com a liderança da Igreja Episcopal (IE).
As fraturas na Comunhão Anglicana ficaram ainda maiores depois da eleição de Robinson, quando a IE decidiu violar a moratória nas consagrações homossexuais ao episcopado exigida pelo Arcebispo Rowan Williams. A IE elevou Mary Glasspool, lésbica assumida, bispa assistente de Los Angeles em 2010.
Robinson renunciará a seu posto como bispo de New Hampshire, mas diz que continuará a atuar como bispo dentro da IE.