Posted: 16 Nov 2010 07:20 PM PST
A história secreta da operação caça-nazistas do governo dos Estados Unidos revela que os serviços de inteligência americanos criaram no país um verdadeiro porto seguro para oficiais do 3oReich e seus aliados após a Segunda Guerra Mundial. De acordo com o jornal “The New York Times”, um relatório de 600 páginas, compilado em 2006 por funcionários do Departamento de Justiça americano, mostra que notórios integrantes do regime de Adolf Hitler tiveram vistos de entrada nos Estados Unidos mesmo quando seu passado era conhecido.
Os documentos sugerem, ainda, que os americanos acobertaram esses oficiais durante as buscas tardias de mais de uma dúzia de fugitivos nazistas — como Joseph Mengele, o chamado Anjo da Morte de Auschwitz, cuja amostra de cabelo ficou guardada durante anos numa gaveta do Departamento de Justiça. Décadas de confrontos com outras nações sobre o destino de criminosos de guerra nos EUA e no exterior vieram à tona, causando embaraço em Washington.
Desde 1979, 300 oficiais barrados
Segundo a reportagem, o Departamento de Justiça tentou ocultar por quatro anos o material que detalha os erros e acertos de advogados, investigadores e historiadores do chamado Escritório de Investigações Especiais (OSI, na sigla em inglês), órgão criado em 1979 para deportar fugitivos nazistas.
Há relatos de divisões dentro do governo americano sobre os esforços e implicações legais em confiar no testemunho dos sobreviventes do Holocausto.
Uma das revelações mais contundentes, diz o “Times”, é que o envolvimento da CIA com esses homens teria acontecido por acreditar que eles podiam prover informações de inteligência relevantes no pós-guerra.
“Os EUA, que se orgulhavam se ser um porto seguro para os perseguidos, transformaram-se, em alguma medida, num porto seguro para os perseguidores também”, diz um trecho.
Mais de 300 nazistas foram deportados, tiveram sua cidadania cassada ou foram impedidos de entrar nos EUA desde a criação da OSI. No entanto, a descrição da ajuda a outros é contundente. Um dos beneficiados foi Otto Von Bolschwing, aliado de Adolf Eichmann, que ajudou a criar o plano para “limpar a Alemanha de judeus”.
Memorandos da CIA mostram que, em 1954, agentes americanos questionavam o que fazer caso ele fosse confrontado sobre seu passado: “negar ou explicar com base em atenuantes”. O Departamento de Justiça tentou deportar Von Bolschwing apenas em 1981 — ano em que morreu.
Outro acobertado pela inteligência foi o cientista alemão Arthur L. Rudolph, levado aos EUA em 1945 por sua experiência à frente da fábrica de munições de Mittelwerk, na Operação Clip de Papel, programa que recrutava cientistas da Alemanha nazista. Os documentos mostram altos oficiais americanos, em 1949, exigindo que a imigração permitisse a volta de Rudolph aos EUA após uma visita ao México “devido aos interesses nacionais”.
Mais tarde, investigadores do Departamento de Justiça descobriram que o cientista estava muito mais implicado no trabalho escravo de judeus na fábrica do que ele ou a CIA admitiam — mas alguns oficiais da inteligência ainda se opuseram à sua deportação, em 1983. Rudolph é considerado o pai do foguete americano Saturno V.
‘Relatório inacabado e inconclusivo’
Em 1980, promotores entraram com uma moção de “fatos incorretos” nos controles da CIA e do FBI (a polícia federal americana) — que não haviam registrado o passado nazista de Tscherim Soobzokov, um ex-soldado da SS.
Segundo o relatório, o Departamento de Justiça “sabia que Soobzokov tinha advertido a CIA sobre sua ligação com a SS após chegar aos EUA”.
Uma das maiores falhas é apontada no capítulo sobre o médico Josef Mengele e mostra esforços infrutíferos da OSI nos anos 80 para determinar se ele ainda vivia e se estava nos EUA. Investigadores usaram cartas e diários do médico dos anos 70, além de registros odontológicos da Alemanha e um caderno de telefones de Munique para segui-lo. Somente após testes de DNA, uma amostra de seu couro cabeludo, esquecido numa gaveta “por razões de privacidade”, segundo relatórios, foi entregue ao Brasil, onde Mengele morreu em 1979.
De acordo com o “Times”, até decisões judiciais sobre casos complexos foram ocultadas pelo Departamento de Justiça, como o do aposentado americano John Demjanjuk, assassinado em Nova Jersey ao ser confundido com o nazista Ivan, o Terrível, guarda do campo de Treblinka.
Por decisão judicial, o Departamento de Justiça entregou uma versão parcial do relatório a um grupo de pesquisa, o National Security Archive, no mês passado, mas o “Times” conseguiu acesso a uma versão completa. O Departamento de Justiça alega que o relatório é fruto de seis anos de trabalho, nunca foi formalmente terminado e não representa suas conclusões finais — citando “inúmeros erros factuais e omissões”. O departamento, no entanto, recusa-se a apontar quais.
Fonte: Itamaraty.gov
Opinião: Não me surpreenderia se divulgassem que Hitler morreu nos Estados Unidos em 1986. E que os Rothschilds pagaram milhões de dólares para os historiadores da época mentirem sobre o suicídio em 1945. Nesse mundo perverso, sujo, avarento e egoísta tudo é possível.