Igreja nega irregularidades e processará acusador
Explica que esse esquema foi criado pela cúpula da igreja para usar, pelo menos duas vezes por ano, a arrecadação das campanhas em Angola, sobretudo durante a Fogueira Santa. Cerca de US$ 5 milhões eram levados por viagem, assegura.
O ex bispo diz ter participado do esquema e por isso sabe que os dólares eram levados, de carro, de Angola até a África do Sul, de onde era colocados num jato particular com destino à Europa. Uma vez em Portugal, os dólares eram convertidos em euros e depositados na conta da Universal no banco BCP, declarados como dízimos da igreja. A partir daí eram transferidos para outros países europeus, onde subsidiavam diferentes trabalhos da denominação.
“A igreja em Portugal sustentava outras igrejas na Europa”, declarou Paulo Filho à Folha de São Paulo. Ele insiste que o dinheiro vindo de Angola, ficava guardado em sua casa em Portugal até que pudesse ser depositado na conta da igreja. “Eu que ia pegar o dinheiro. Sabia que era ilegal”, confessa. Mas faz questão de frisar que Macedo sabia de toda a operação.
Depois que Paulo Filho começou a postar vídeos na internet, onde faz essa e várias outras acusações, o caso foi mostrado na mídia angolana e gerou repercussão. Questionado sobre como poderia comprovar tudo que denunciou, diz que não precisa.
Ele possui uma série de fotos que mostram sua ligação com o bispo Edir Macedo e comprovação que trabalhou na igreja por muito tempo. Porém, foi incapaz de oferecer qualquer documentação que mostra o funcionamento dessas transferências. “Minha prova sou eu. Participei e vi”, resume.
A trajetória do bispo Alfredo na IURD foi marcada por um episódio de adultério. Ele traía a mulher com prostitutas e a informação, chegou à cúpula da igreja. Foi então rebaixado a funções administrativas, até que em 2013 decidiu sair da Universal e hoje lidera sua própria igreja no Rio de Janeiro.
Quando os primeiros vídeos foram divulgados no mês passado, Paulo Filho divulgava um número de telefone, afirmando que responderia a perguntas que os fiéis poderiam ter sobre as acusações. A redação do portal Gospel Prime entrou em contato com ele, mas ele não demonstrou interesse em conversar com a imprensa. Seu canal no Youtube foi excluído recentemente e o material apagado, mas existem várias cópias disponíveis na internet.
Universal nega
O advogado e professor da FGVSP Edison Fernandes explica que, em tese, a situação descrita seria enquadrada como crime de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O dinheiro seria ilícito por que não estava declarado às autoridades.
A assessoria da Igreja Universal do Reino de Deus afirma que está preparando um processo judicial contra o exbispo, por calúnia e difamação.
Avisou por meio de nota que “não se pronunciará sobre o assunto fora dos tribunais”.
“Confiamos que a Justiça brasileira, mais uma vez, revelará onde está a verdade nesta mais nova tentativa de manchar a imagem da Universal, punindo exemplarmente o mentiroso”, encerra. A Rede Record não deseja se manifestar sobre a questão. Com informações Gospel Prime e Folha de SP