BISPO CRITICA ECAD POR COBRANÇA
Walter McAlister reclama de cobrança por música em templos
Por: Danilo Aguiar – Redação Creio
Em um artigo publicado nesta semana, intitulado “Gospel de Rapina”, Walter McAlister, bispo primaz das alianças de Igrejas Nova Vida, comentou em seu site uma notificação que a igreja recebeu da Christian Copyright Licensing International (CCLI), instituição responsável por garantir os direitos autorais de músicas nacionais e internacionais executadas em lugares públicos.De acordo com o artigo, a notificação informava que as músicas tocadas nos cultos das igrejas poderiam ser taxadas em nome do direito autoral. O valor pago seria calculado levando em conta a quantidade de músicas e o número de membros participantes do culto.
Segundo o gerente de relacionamento da instituição, Jeff-Harvey, a entidade enviou um informativo para alertar sobre a fiscalização de lei autorais quanto às cópias de letras, cifras e músicas, gravações ao vivo de louvor, arranjos personalizados e projeções de letras: “o papel da CLLI é informar as igrejas sobre a legislação vigente. E a reprodução dos produtos musicais através dessas formas fica sujeita à multas mesmo a igreja não estando ciente desta responsabilidade, conforme a Lei Federal 9610/98. O nosso trabalho é fiscalizar a ajudar as diversas denominações evitar punições, dadas de acordo com as determinados estabelecidas pelo ECAD, o escritório central de arrecadação e distribuição.”
O aviso causou indignação a McAlister, que ressaltou que a Igreja não é um empreendimento com fins lucrativos: “Segundo a definição do estado brasileiro: Ela goza de certos privilégios, na compreensão de que a sua atividade é religiosa, devota e piedosa e, sendo assim, sem fins lucrativos.”
No artigo publicado no site, McALister reforça também que a situação é impulsionada pelos chamados empresários da fé: “Esses cantores e essas cantoras têm o apoio de empresários da fé. Homens que também lucram absurdamente às custas da boa-fé de pessoas. Esses cantores que se venderam para emissoras de televisão, que ganham fortunas nas suas turnês “gospel” tornaram-se mercadores da fé. Para eles, a igreja não passa de fonte de lucro, uma máquina de dinheiro.”
Para o gerente de relacionamentos da CLLI, o que é preciso entender no Brasil é que os produtos com direitos autorais reservados precisam ser respeitados: “Eu trabalhei três anos nos EUA antes de trabalhar no Brasil. Lá qualquer tipo de reprodução dos produtos é paga, seja por download ou CD e DVD. Não é lucro que se visa nisso, é uma forma de você poder ter direito de exibir um produto intelectual que não é seu.”
O gerente de relacionamentos reforçou ainda que os cantores cadastram-se de CLLI e através de um pacote as igrejas ganham o direito de reproduzir o produto deles: “um cantor registrado na lista da CLLI publicou uma vez que o dinheiro recebido pelo pagamento de direitos autoriais era pequeno que nem dava pra ele pagar um almoço. Mas ele estava satisfeito porque soube que 80 igrejas cantavam a música dele. Uma delas, inclusive, era de um país estrangeiro. Local que nem imaginava que a música era escutada.”
O CREIO tentou contato com o ECAD para saber quais os critérios utilizados para fazer a cobrança às igrejas e perguntar também louvor a Deus é uma forma de gerar renda ou de devoção, de manifestação da fé sem fins lucrativos. Mas até o final do dia não obtivemos retorno.
Como forma de acabar com o abuso atribuído pelo bispo aos empresários da fé, MCAlister disse no site pretende estimular o uso de hinos antigos e músicas cujos autores estão comprometidos com a louvor a Deus e não com o dinheiro do mercado, chamado por ele de ‘mercado de rapina’: “É possível fazer um culto fundamentado apenas nas músicas riquíssimas do Cantor Cristão e da Harpa Cristã. centenas de hinos antigos que vamos tirar das prateleiras e redescobrir. Podemos aprendê-los e retrabalhá-los para torná-los atuais aos nossos dias, com arranjos interessantes. Músicas escritas por santos e não por crianças. Músicas escritas para a glória de Deus e não para lucro sórdido. Sim, falei sórdido. Pois os atuais já lucraram com o que é legítimo.”
Data: 17/9/2012 08:23:04