Arqueologia: Arqueólogo-chefe egípcio insiste em devolução de busto de Nefertiti

 

Imagem da rainha data do século 14 a.C.

Imagem da rainha data do século 14 a.C.

Encontrada numa escavação financiada pela Alemanha em 1912, a peça de mais de 3 mil anos de idade é alvo de prolongada disputa. Até agora todas as exigências foram ignoradas, não sendo reconhecidas como pedido oficial.

O Conselho Supremo de Antiguidades do Egito voltou a exigir que a Alemanha devolva o busto da rainha Nefertiti. Uma carta nesse sentido foi enviada à Fundação Patrimônio Cultural Prussiano (SPK), em cujo poder a peça se encontra. Seu signatário é Zahi Hawass, diretor do órgão sediado no Cairo, acentuando que o primeiro-ministro do país, Ahmed Nazif, apoia a exigência.

O ministro alemão da Cultura, Bernd Neumann, replicou não haver recebido, até esta segunda-feira (24/01), nenhum pedido oficial de devolução da Nefertiti. Existe realmente uma carta de 2 de janeiro de 2011, endereçada à SPK, porém não se trata de um requerimento oficial do governo egípcio: a única assinatura que consta é a de Hawass, declarou o chefe de pasta alemão.

Fraude arqueológica?

Zahi Hawass (centro) apresenta descoberta arqueológica no EgitoZahi Hawass (centro) apresenta descoberta arqueológica no Egito

O busto colorido da rainha Nefertiti conta mais de 3,3 mil anos de idade. Ele foi encontrado, juntamente com outros tesouros da Antiguidade, pelo arqueólogo alemão Ludwig Borchardt em 1912, durante escavações em Tell el-Amarna.

Como era de praxe na época, uma metade dos achados permaneceu no Egito, enquanto a outra – inclusive o busto de Nefertiti – foi enviada para a Alemanha, que organizara e financiara as escavações arqueológicas em questão.

Hawass acusa Borchardt de haver ludibriado o Serviço de Antiguidades do Cairo. Para ocultar o verdadeiro valor do busto, o alemão o haveria coberto de argila. Segundo o arqueólogo, esse fato torna seu país o "proprietário de direito" da escultura.

Sucesso de público

O Patrimônio Cultural Prussiano, por sua vez, rechaça qualquer intenção fraudulenta por parte de Borchardt. Tanto o Ministério da Cultura quanto o das Relações Exteriores da Alemanha confirmam que a Nefertiti é propriedade da SPK, com base na partilha de achados arqueológicos realizada na época. A presente carta do arqueólogo-chefe egípcio em nada altera este fato, afirmou o porta-voz do ministro Neumann.

Nefertiti: ideal de beleza milenarNefertiti: ideal de beleza milenar

Tal posicionamento é compartilhado pelo presidente da SPK, Hermann Parzinger. Por outro lado, ele anunciou que responderá ao Conselho de Antiguidades egípcio fazendo uma oferta de parceria. Esta permitiria às duas instituições realizar exposições conjuntas e intensificar a cooperação.

A famosa imagem da rainha egípcia, esposa do faraó Akhnaton, data do século 14 antes de Cristo, e faz parte de uma lista de objetos por cuja devolução Hawass se bate, há anos. Contudo, até agora, a Alemanha indeferiu todos os pedidos não oficiais do chefe do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito.

O busto de Nefertiti é feito de calcário e revestido de estuque. De extraordinária beleza, ele é estimado em 300 milhões de euros, e está exposto no Neues Museum (Novo Museu) de Berlim, onde é uma das atrações principais, ao lado da estátua de bronze do "Garoto de Xanten", e do assim chamado "Chapéu de Ouro Berlinense". Reaberto em outubro de 2009, o museu recebeu um total de 1,14 milhão de visitantes em 2010.

AV/afp/ap/dpa/dpd
Revisão: Carlos Albuquerque

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Egito cultiva florestas no deserto com água reaproveitada

Água usada diariamente por 80 milhões de egípcios transforma o deserto em terra fértil

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09 de novembro de 2010 | 14h 49

EFE

Cairo – O Governo egípcio desafia a natureza ao regar áreas desérticas com água reaproveitada para convertê-las em florestas, cuja superfície já equivale ao território do Panamá.

A diferença verificada após a intervenção humana é dramática: onde antes havia uma paisagem desértica e inóspita, agora há áreas verdes cobertas de árvores de alto valor econômico como álamos, papiros e eucaliptos.

Tudo isso foi possível graças à água que utilizam, poluem e desperdiçam todos os dias os 80 milhões de egípcios. Ironicamente, esta é a melhor opção para as chamadas "florestas feitas à mão".

"A água residual pode transformar o que não é fértil, como o deserto, em algo fértil, já que contém nitrogênio, micronutrientes e substâncias orgânicas ricas para a terra", disse à Agência Efe o professor do Instituto de Pesquisa de Solo, Água e Meio Ambiente Nabil Kandil, especializado na análise de terrenos desérticos adequados para o florestamento.

A opinião é compartilhada pelo professor do Departamento de Pesquisa de Contaminação da Água, Hamdy el Awady, que até ressalta a superioridade das plantas regadas com água reaproveitada.

"Esse tipo de água tem muito mais nutrientes do que a água tratada e, por isso, é uma fonte extra de nutrição que pode fazer com que as plantas resistentes aos climas hostis cresçam mais rápido e, inclusive, tenham folhas mais verdes", explica El Awady

Os dois professores sabem bem a importância de equilibrar a oferta e a demanda em um país que produz 7 milhões de metros cúbicos de água residual ao ano e que, ao mesmo tempo, tem 95% de seu território coberto por desertos estéreis ou com pouca vegetação.

Ao todo, há 34 florestas ao longo do país, localizadas em cidades como Ismailia e Sinai, no norte, e em regiões turísticas do sul, como Luxor e Assuã, num total de 71.400 quilômetros quadrados que equivalem à superfície total do Panamá.

De acordo com o Governo egípcio, há outras dez florestas em processo de "construção", em uma área de 18.600 quilômetros quadrados.

Os mais de 71 mil quilômetros quadrados de floresta plantados até agora são resultado das análises de solo, clima e água que possibilitaram a escolha das espécies de árvores capazes de sobreviver em condições extremas.

"A boa notícia é que as plantas são seletivas. São elas que selecionam a quantidade de água e os nutrientes necessários para sobreviver", explica El Awady.

A maioria das espécies cultivadas até agora são árvores como álamos, papiros, casuarinas e eucaliptos, semeadas para responder à demanda de madeira do país, além plantas para produzir biocombustíveis como a jatrofa e a jojoba, e para fabricar óleo, como a colza, a soja e o girassol.

Para Kandil, estes resultados são a prova de que "o problema não é a terra, pois no Egito há de sobra, mas de onde extrair a água".

E obtê-la das estações de tratamento primário – onde são eliminados os poluentes sólidos – foi a saída mais barata, especialmente porque os sistemas de irrigação que transportam e bombeiam o líquido são os mesmos utilizados há anos pelos camponeses egípcios.

Apesar desta água exigir precaução devido à presença de poluentes e os impactos da mudança no ecossistema para a biodiversidade sejam desconhecidos, o projeto, implementado pelo Ministério de Agricultura em parceria com o de Meio Ambiente, parece ter obtido sucesso.

De acordo com Kandil, as "florestas feitas à mão" não só combatem as secas, a desertificação e a erosão, mas "aproveitam a água residual, maximizam o benefício para os agricultores e satisfazem as necessidades de madeira do Egito, gerando benefícios econômicos para o país", acrescenta.

Descoberta inscrição sobre faraó egípcio na Arábia Saudita

 

Texto mencionando Ramsés III é o primeiro registro de hieróglifos já encontrado em território saudita

08 de novembro de 2010 | 16h 30 Fonte: Estadão.com

REUTERS – REUTERS

A Arábia Saudita encontrou sua primeira inscrição hieroglífica mencionando um faraó egípcio, datando de mais de 3.000 anos.

Reprodução

Reprodução

Sarcófago de Ramsés III, atualmente no Museu do Louvre, em Paris

O texto está numa rocha perto da cidade de Tabuk, informa a mídia estatal saudita.

As inscrições, que contêm o nome do faraó Ramsés III, datam do século 12 a.C. e são os primeiros hieróglifos já encontrados em território saudita. Ramsés III governou o Egito de 1.192 a.C. a 1.160 a.C.

A descoberta foi feita em julho, no oásis de Tayma, que se localiza no que foi, segundo arqueólogos, uma importante rota entre a costa da Arábia e o Vale do Nilo.

A Arábia Saudita vem promovendo esforços para intensificar as descobertas arqueológicas no país.