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Espiritismo galopante

Talvez por excesso de otimismo, tendo a encarar a proliferação de filmes, livros e minisséries de TV sobre espiritismo e Chico Xavier como frutos maduros do oportunismo comercial. A credulidade do homem comum, afinal, precisa ser reavivada de tempos em tempos pela indústria cultural com novas doses de vampiros e zumbis, premonições e psicografias.

Surge agora a dúvida: quando produtores culturais mais “sérios” e reconhecidos também sucumbem às forças do além, haverá aí um fenômeno mais profundo da época, digno da atenção de ateus, céticos e admiradores das ciências naturais? Uma pergunta para Clint Eastwood e Alejandro González Iñárritu.

Aproveitando um raro fim de semana em São Paulo, no meu programa estava uma dose dupla de cinema: “Além da Vida”, de Eastwood, e “Biutiful”, de Iñárritu. Resultou numa dose dupla de espiritismo. No primeiro caso, pelo menos, era óbvia –a começar pelo título– a vinculação com a morte.

Eastwood dispensa apresentações e elogios. É daquelas coisas da vida que ficam melhores quanto mais envelhecem. Seu filme anterior, “Gran Torino”, é cativante. Mas até os melhores vinhos podem estragar-se com o correr do tempo, e uma ou outra garrafa termina com gosto de rolha (“bouchonné”).

O sabor de rolha, revela investigação química, pode originar-se tanto da própria quanto dos tonéis em que o vinho envelhece. Nem sempre é possível separar uma coisa da outra. No caso de “Além da Vida”, Eastwood assumiu o risco de avinagrar o filme com dois supostos fenômenos paranormais de uma vez: experiências de quase morte e comunicações com os mortos.

O primeiro garante o entrecho mais interessante do filme: jornalista francesa tem sua vida virada de ponta-cabeça depois de quase empacotar num tsunami e ter visões intrigantes –luzes intensas, experiência extracorpórea etc. –nos instantes em que se equilibrava entre viver e morrer. Nada implausível. Nada que contrarie o bom senso e não seja em princípio investigável pela neurociência.

Já há até livro sobre o assunto: “The Spiritual Doorway in the Brain” (A Porta Espiritual no Cérebro), do neurologista Kevin Nelson, de quem a Folha publicou uma entrevista recente. Ele entrevistou 55 pessoas que passaram por essas vivências limítrofes e alega ter descoberto nelas uma fronteira mais permeável entre sonho e vigília.

Eis como Nelson começa a explicar, neurologicamente, a experiência de quase morte: “Se o fluxo sanguíneo está diminuindo na região da cabeça, diminui também nos olhos, deixando a visão borrada nas bordas e criando a impressão de que há um túnel com luzes. Já quanto às experiências extracorpóreas, sabe-se que ao ‘desligar’ a região temporoparietal do cérebro, ligada à percepção espacial, podemos tirar a pessoa do seu corpo. Essa é a mesma área do cérebro que é ‘desligada’ durante o REM [fase do sono em que ocorrem os sonhos].”

O problema com “Além da Vida” está no personagem de George Lonegan, vivido por Matt Damon. Trata-se de um vidente recalcitrante, que tenta deixar de exercer o dom de passar a falar de imediato com o morto que o cliente tem em vista, ao tocar suas mãos. Eis aí um fenômeno inabordável pela pesquisa científica. Nem mesmo para documentação (quanto mais explicação), porque ocorre na esfera indevassável da experiência mental subjetiva.

Uma coisa é enxergar luzes, sombras, túneis, silhuetas ou faces –e atribuí-las a vivos e mortos, presentes ou futuros; as ocorrências visuais podem ao menos ser investigadas por seus correlatos físico-químicos no tecido cerebral. Outra, muito diversa, é “falar” com determinada pessoa morta e receber dela informações precisas, opiniões, juízos de valor, admoestações. Não há como registrá-los objetivamente, é preciso confiar em testemunhos. Só candidatos a um prêmio IgNobel se arriscariam.

Apesar disso, a fita de Eastwood põe um arremedo de explicação científica na boca de Lonegan, uma baboseira sobre febre na infância seguida de cirurgia da qual alguma ligação cerebral resultou embaralhada na cabeça do vidente. Um dos pontos mais baixos nas carreiras de Matt Damon e Clint Eastwood.

Também parece supérflua a atribuição de similar aptidão comunicativa além-túmulo a Uxbal, personagem encarnado por Javier Bardem em “Biutiful”, de González Iñárritu. Ajudou a compor uma das cenas mais belas do filme, a do velório de três meninos, mas não chega a justificar a normalização cinematográfica dessa crendice sem pé nem cabeça.

Para dar vazão a esse lixo ocultista, bastam a TV e o rentável nicho de mercado em que pululam pescoços pálidos e sublimação de atos sexuais em mordidas vampirescas. Há gosto para tudo. De Eastwood e Iñárritu se espera biscoito mais refinado, livre do espessante espírita.

Marcelo Leite

MARCELO LEITE é repórter especial da Folha, autor dos livros “Folha Explica Darwin” (Publifolha) e “Ciência – Use com Cuidado” (Unicamp) e responsável pelo blog Ciência em Dia (Ciência em dia). Escreve às quartas-feiras neste espaço.

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ISRAEL BELO RESPONDE ESPIRITISMO

 

Autor lança livro sobre espiritismo segundo Jesus Cristo

Por: Redação Creio

    Visando esclarecer os pontos controversos à Bíblia, o pastor Israel Belo Azevedo lançou pela Editora Vida Nova o livro Espiritismo segundo Jesus Cristo. Em 144 páginas, o pastor da Igreja Batista em Itacuruçá, faz uma leitura cristã e analisa à luz da Bíblia temas como fontes dessas duas confissões. Confira a sinopse:

Sinopse:

Com um número expressivo de adeptos e simpatizantes no Brasil, a doutrina espírita tem como ponto fundamental o fato de se identificar como uma crença cristã, ou seja, uma crença que se baseia nos ensinamentos de Jesus Cristo. Segundo a ótica espírita, Jesus é visto como mestre e modelo a ser seguido.  À primeira vista parecem existir pontos de contato entre cristianismo e espiritismo, como, por exemplo, a aceitação da figura de Jesus Cristo como ideal e dos Evangelhos como norma.

Buscando aprofundar-se mais nessa questão, o autor faz uma leitura cristã do espiritismo e analisa à luz da Bíblia temas como as fontes dessas duas confissões, o papel de Jesus Cristo em cada uma delas, a mediunidade e a comunicação com os mortos, tudo isso com o objetivo de mostrar a verdade da mensagem do Evangelho de acordo com a Bíblia.

Sobre o autor

Israel Belo de Azevedo, graduado emcomunicação, pós-graduado em história e em teologia e doutor em filosofia. Jornalista desde 1970 e pastor da Igreja Batista Itacuruçá, na Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro. A convite da Rede Globo e TV Futura, participa do programa "Sagrado", em que pensadores de diferentes religiões comentam temas diversos propostos por essas emissoras.

Data: 7/12/2010 08:11:44

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ESPIRITISMO Filmes espíritas fazem sucesso no país católico

 

“Nosso Lar”, homônimo de livro psicografado por Chico Xavier, conta a história de um médico que relata a trajetória que percorreu após a morte. O espiritismo integra o imaginário brasileiro, escreveu a antropóloga Sandra Stoll, em seu livro sobre o espiritismo a brasileira.

“Esse imaginário vem reforçado por uma impressionante literatura espírita e sua presença nos meios de comunicação social, particularmente nas telenovelas de caráter espírita”, analisou o teólogo católico Faustino Teixeira, da Universidade Federal de Juiz de Fora, em entrevista ao Instituto Humanitas.

Segundo o Censo de 2000, apenas 1,4% da população brasileira – 2,33 milhões de adeptos – se declarou seguidora do espiritismo. A forma de viver a religiosidade no Brasil é bem “mais alargada” do que aquela declarada no Censo, disse Faustino.

Faustino recorreu à pesquisa realizada pelo antropólogo Luiz Eduardo Soares e o cientista político e economista Leandro Piquet Carneiro para lembrar que 46% dos católicos praticantes declararam acreditar na reencarnação.

Sandra Stoll menciona, no seu livro, “esse modo católico de ser espírita”, concretizado por Chico Xavier. O médium espírita mais conhecido do Brasil, que alcançou 92 anos de idade, teve 400 livros psicografados.

O psicólogo e antropólogo Carlos Brandão definiu o catolicismo brasileiro como uma religião que abraça a diversidade e que possibilita diversas alternativas de viver a crença e a fé. Uma religião “em que Deus pode ter muitos rostos”.

O Censo de 2010 poderá acrescentar algumas novas características a esses rostos, que passam por constantes

Data: 24/9/2010
Fonte: ALC