MARCO VARELLA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na década de 1940, o médico John Cutler, funcionário do serviço de saúde pública dos EUA, financiado com verba americana, infectou de propósito e sem consentimento prostitutas, prisioneiros, soldados e doentes mentais com sífilis e gonorreia, num total de mais de 1.500 pessoas na Guatemala.
Na época, o governo guatemalteco foi informado e aceitou os procedimentos.
Sobreviventes de testes dos EUA com DSTs são localizados
Esta é a conclusão da investigação histórica sobre os abusos das pesquisas com DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) conduzidas por americanos nos anos 1940, na Guatemala.
A informação foi dada em comunicado oficial por Amy Gutmann, chefe da Comissão Presidencial para o Estudo de Questões Bioéticas dos EUA.
"É importante fazermos a documentação precisa dessa clara injustiça histórica. Fazemos isso para homenagear as vítimas", diz Gutmann.
"Temos de aprender com o passado para que possamos assegurar ao público que hoje a pesquisa científica e médica é conduzida de forma ética", afirma Gutmann.
DESCULPAS
A investigação terminou após quase um ano do pedido oficial de desculpas por telefone do presidente Obama ao presidente da Guatemala, Álvaro Colom. Obama ordenou o inquérito sobre os estudos na América Central.
A comissão americana analisou mais de 125 mil documentos originais de arquivos públicos e privados em todo o país e realizou uma viagem investigativa para a Guatemala.
Os membros da equipe descobriram que muitos dos pesquisadores envolvidos em um projeto semelhante em 1943 em Terre Haute, Indiana (EUA), foram depois para a Guatemala realizar a pesquisa com DSTs.
Enquanto em Terre Haute os prisioneiros foram voluntários e consentiram em participar, na Guatemala não houve tal consentimento.
O resultado da investigação será entregue a Obama no começo do mês que vem, e o relatório final sairá em dezembro deste ano.