A ideia de crianças criadas “sem gênero” é exaltada pela mídia

Empresários batizaram o filho com nome “neutro” de uma letra só: B

         A ideia de crianças criadas “sem gênero” é exaltada pela mídia

O assunto já é debatido há anos em países do hemisfério Norte, em especial da Europa. A defesa de uma linguagem neutra e inclusiva para se referir a todos na sociedade é quase epidêmica. Conforme reportou recentemente a rede CNN, há um forte movimento na Suécia para se usar nas escolas o pronome neutro “hen” para todos os alunos, independentemente do seu sexo.

Trata-se de um novo pronome, que seria um meio-termo entre “han” (ele) e “hon” (ela). Ele é utilizado para fazer referência a uma pessoa sem revelar seu gênero, seja porque é desconhecido, porque a pessoa é transgênero ou porque quem fala ou escreve considera supérfluo referir-se ao gênero.

Mês passado, a Alemanha começou a trabalhar com a opção de que seja reconhecida na certidão de nascimento um “terceiro sexo”. Isso permitiria que os pais possam registrar que seu filho não é nem homem nem mulher. A provável nomenclatura será “intersexual”, em lugar do termo mais conhecido “não binário”.

No Canadá, um casal conseguiu que seu bebê Searyl Atli, de 8 meses, não seja identificado por gênero. Após seu pedido junto ao governo, a carteirinha de saúde da criança traz um “U” no item “sexo”. Essa seria a abreviação para “indeterminado” [undetermined, em inglês].

Agora, essa “tendência” parece que se estabelece também no Brasil.

Os empresários Roberto, 38, e Luísa Martini, 35, sócios de um grupo de agências de publicidade registraram seu filho como “B”. Só isso, a segunda letra do alfabeto é o nome do menino de 1 ano. A escolha, segundo eles, foi para que a criança “tenha o mínimo de influência e carga social possível”. O mesmo vale para o sexo, pois os pais se esforçam para não dar roupas ou brinquedos que possam influenciá-lo.

Folha de São Paulo deu novamente destaque a esse tipo de situação, exaltando as escolhas parentais, de modo semelhante ao que ocorreu com Ariel Carneiro dos Santos, que seus pais decidiram que será criada como “agênera”, isso é, caberá a ela decidir se será menino ou menina.

Roberto, o pai de B, conta sua perspectiva de vida quando o menino nasceu “Estávamos numa tentativa de amenizar a carga do que a sociedade acabou imprimindo na gente. Não só preconceitos, mas todas as predefinições do que é certo e do que é errado, do que é branco, do que é preto. Primeiro questionar e depois entender que nenhuma verdade resiste ao tempo. Não houve discussão sobre como íamos criá-lo. Foi tudo muito natural”.

Para ele, o nome da criança serve para marcar uma posição ideológica. “Não sabemos se esse nome vai ser complementado quando B for adulto. A gente não pensa isso. É um nome que ele pode seguir o caminho que quiser seguir, pode mudar, pode complementar. A mesma coisa com gênero. Nossa concepção de gênero vai se modificar… Não queríamos limitar.”

O discurso de Luísa reforça o do esposo: “Eu acredito que o nome carrega uma carga energética. A gente queria um nome que fosse um espaço em branco, para nosso filho poder explorar sua personalidade”.

A mãe acredita que “Esses padrões culturais de comportamento foram determinados muito tempo atrás. A sociedade carrega sem questionamento. O questionamento começou uns anos atrás, o que eu acho muito bom. A humanidade sofre muito por causa desses padrões. Nossa intenção não é criar um filho sem gênero, é criar um filho sem estereótipo de gênero… Ele usa uma roupa que tanto uma menina quanto um menino poderiam usar”.

Roberto insiste que já está tudo planejado: “A gente tenta não pensar que roupa vai comprar, se é de menino ou de menina. Compra o que faz sentido, seja um vestido ou uma calça mais larga, uma camiseta maior… Quando a gente foi decorar o quarto dele, chamei um artista que é superlegal. Ele desenhou várias coisas, dentre elas um skatinho e um capacetinho. Por um segundo achei estranho, mas depois me dei conta de que skate não é coisa de menino, isso era um condicionamento antigo. Mudou”.

O pai ressalta que não teve dificuldades de registrar o filho com esse nome no cartório, onde foi lavrada a certidão, mas precisava de um sobrenome. “A gente também criou um sobrenome novo, mas ele carrega um dos nossos sobrenomes porque foi uma coisa que eles insistiram. Se fosse um nome totalmente novo seria mais interessante”, relata.

No entendimento da mãe, “Nosso trabalho é tentar minimizar uma carga que é simbólica, e que vem pesada. A gente sabe que não tem como anular a sociedade. Mas nomear é um pouco colocar uma intenção. Queríamos que ele não carregasse um caminho pré-determinado”.

E as críticas? “Não tenho medo de crítica. Meu único receio é preparar ele para o mundo”, assegura Roberto.

Pensando no futuro, Luísa já pensa na educação formal de B, desde que isso acompanhe a ideologia dos pais. “Estou procurando escolas em que eu possa conversar sobre isso, e que tenham educadores que já tenham isso na sua pauta. Já estive em alguns lugares que é super “menino aqui”‘, “menina ali”. Já estive em alguns lugares que estão querendo mudar, fazer um evento em que meninas possam se fantasiar de pirata e meninos possam se fantasiar de bruxa”, explica. “Essa geração Z, que nasceu depois de 1995, lida muito melhor com a mudança, com a ausência de definição. É uma sabedoria absurda, uma conexão com natureza e com energia. Meu olho brilha, eu quase choro quando vejo essas coisas acontecendo”, comemora. Com informações Folha de SP

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Pastor Silas Malafaia critica projeto de lei de Jean Wyllys que pretende dar às crianças poder de decisão sobre mudança de sexo

Avatar de Tiago ChagasPublicado por Tiago Chagas em 17 de setembro de 2014

Pastor Silas Malafaia critica projeto de lei de Jean Wyllys que pretende dar às crianças poder de decisão sobre mudança de sexoUm polêmico projeto de lei de autoria do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) propõe que crianças e adolescentes possam entrar na Justiça para conseguir o direito à cirurgia de mudança de sexo caso os pais não concordem.

A proposta tramita sob o número 5002/2013 e tem a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) como co-autora.

O texto do PLC 5002/13 defende que as pessoas que optam pela homossexualidade “precisam ter sua identidade de gênero reconhecida legalmente”, seja na mudança de nome ou na mudança de sexo.

Um dos trechos do projeto prevê ainda que o Sistema Único de Saúde (SUS) custeie as cirurgias de mudança de sexo e também obriga as empresas de plano de saúde a cobrir os procedimentos.

“A independência entre os tratamentos hormonais e as cirurgias, isto é, a garantia do direito das pessoas travestis que quiserem realizar terapias hormonais e/ou intervenções cirúrgicas parciais para adequar seus corpos à identidade de gênero autopercebida, mas não desejarem realizar a cirurgia de transgenitalização; A gratuidade no sistema público (SUS) e a cobertura nos planos de saúde particulares; A não-judicialização dos procedimentos, isto é, a livre escolha da pessoa para realizar ou não este tipo de tratamentos e/ou intervenções. A lei também regulamenta o acesso das pessoas que ainda não tenham de dezoito anos aos direitos garantidos por ela, entendendo que a identidade de gênero se manifesta muito antes da maioria de idade e essa realidade não pode ser omitida”, diz a proposta.

O pastor Silas Malafaia atacou frontalmente o projeto de Wyllys e Kokay: “Não vou me calar, não vou me calar! A minha luta não é contra pessoas e sim contra uma ideologia que quer destroçar os bons costumes”, escreveu o pastor em seu perfil no Twitter.