Para bispo evangélico, a prática corre o risco de se tornar uma religião
Por Sarah Curty | Correspondente do The Christian Post
A “igreja ateísta” chamada Assembleia de Domingo foi inaugurada em janeiro deste ano e é voltada para ateus que querem celebrar a vida, segundo o mestre de cerimônias e fundador da “igreja” Sanderson Jones, que também é comediante.
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(Foto: BBC Brasil)
BBC Brasil mostra imagem de "igreja ateísta" no norte de Londres, na Inglaterra.
De acordo com uma das frequentadoras, participar da Assembleia "é uma boa desculpa para nos reunirmos e termos um pouco de espírito de comunidade, mas sem o aspecto religioso”. Outra frequentadora afirma que as pessoas têm necessidade do sentimento de conexão, pois o mundo está muito individualista e é importante que todos se sintam parte de alguma coisa
Todos os domingos, cerca de 300 pessoas se reúnem para a celebração para entoar músicas da banda Queen e de Stevie Wonder. Além disso, há leitura de livros, palestras, discussão de temas gerais e momentos sérios durante o encontro, como o que os participantes abaixam suas cabeças e contemplam o “milagre” da vida e como a jornada espiritual de cada integrante é importante, já que acreditam que nada virá após a morte.
Para o bispo evangélico Harrisson, que prega a palavra de Cristo há mais de 30 anos, existe o risco de que a congregação acabe se tornando uma religião em si, com seus próprios dogmas e sacerdotes. A igreja evangélica de São Paulo e São Judas, na qual Harrison é o líder, é vizinha à Assembleia de Domingo, mas o bispo não os vê como ameaça. “Eles têm que começar de algum lugar”, diz o bispo.
O fundador da Assembleia de Domingo insiste em dizer que não é sua intenção criar uma nova religião, mas até mesmo membros da “igreja” acreditam que isso será inevitável. "Vai se tornar uma religião organizada. É inevitável. Um sistema de crenças vai se estabelecer. Haverá uma estrutura, uma perspectiva ética sobre a vida. Existe o perigo de que ela se torne ‘da moda’ e se torne centrada em uma pessoa só. Você pode acabar se colocando como um pregador, esse é o perigo", afirma o arquiteto Robbie Harris, frequentador da Assembleia.
O número de pessoas que se declaram “sem religião” no País de Gales e na Inglaterra cresceu quase 50% em dez anos (de 7 milhões para 14,1 milhões), fazendo dos países uns dos mais seculares do ocidente.