autor: Pr. Luiz Fernando
Como o caso saiu em jornais de Minas Gerais e tornou-se público não pude deixar de perceber que quanto mais Deus é desrespeitado juntamente com Sua Palavra maior é o nível de imbecilização do Evangelho. Não teço opiniões sobre pessoas já que não conheço o pastor da reportagem, mas questiono comportamentos. Veja a matéria aqui que saiu nos jornais.
Após contatos com vários pastores da Cidade de Governador Valadares (MG), fiquei sabendo das aberrações perpetradas por alguns líderes de igrejas neopentecostais. Soube que existem desde kits completos para campanhas até a prática de unções exóticas que são praticadas nas igrejas.
Na reportagem citada o pastor ora para que as pessoas emagreçam e unge pessoas para que esqueçam seus passados tenebrosos, a chamada unção de Manassés. Vamos ponderar alguns pontos:
1 – O Evangelho do Senhor Jesus Cristo não tem como escopo nem como apêndice tais sandices praticadas pelo referido pastor da reportagem e por outros que no mínimo são totalmente analfabetos de Bíblia e teologia. O Evangelho por natureza é mensagem de salvação e perdão de pecados. Cristo não morreu na cruz do Calvário com o fim de promover estas aberrações. Ele cumpriu o plano de Deus e este plano primariamente era resgatar o homem de sua condição de inimigo de Deus. Qualquer outra proposta para o Evangelho do Senhor Jesus Cristo é outro evangelho, outra mensagem e não encontra nenhum amparo nas Escrituras. Paulo chega a dizer em Gal. 1:6-9 “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; 7 O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. 8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. 9 Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema”.
2 – Estas práticas absurdas somente apontam para um total sincretismo religioso. Essa mistura de pseudoevangelho com práticas xamanistas descaracteriza completamente o santo Evangelho de Cristo. A igreja foi chamada para preservar a pureza do Evangelho e lutar pela fé que uma vez foi entregue aos santos. Cabe aos pastores e líderes a incumbência de extirpar as misturas do meio cristão, denunciando com firmeza a avareza dos homens que na busca por projeção e dinheiro sacrificam a mensagem do Evangelho, sacrificam o bom nome de Cristo e atestam suas sórdidas intenções. Quando alguém se propõe a fazer o que a reportagem disse, somente nos resta dizer que vale tudo no meio gospel em nome de Deus. Aqui os fins justificam os meios. Não encontro na Palavra de Deus nenhum tipo de indicação que o Espírito Santo faça estas coisas descritas na reportagem. Não encontro padrão bíblico para orar pelas pessoas e depois soprar sobre elas para que estas sejam abençoadas. São praticas estranhas à Palavra e que induzem ao erro.
3 – As práticas exaradas na reportagem mostram como as lideranças desconhecem a obra do Espírito Santo. Tudo que ocorre no meio neopentecostal, por mais estranho que pareça e mais absurdo possível, é atribuído ao Espírito Santo. Não estou dizendo que o Espírito de Deus tenha que ser formatado dentro de nossos padrões culturais, doutrinários e sociais, mas é preciso um retorno a Palavra e à teologia para sabermos que essas práticas evidenciadas na reportagem são anti-bíblicas. O Espírito Santo não age desconhecendo a revelação que Ele próprio nos proporcionou através das Escrituras Sagradas. A finalidade do Espírito Santo é nos revelar a suficiência de Cristo, a magnitude de Cristo como Senhor e Salvador e nunca emagrecer pessoas. Quando lideranças desconhecem os ensinos sobre a Pessoa e a Obra do Espírito, passam a se basear em achismos e sentimentos que nada honram a Cristo, somente trazem o escárnio do mundo.
4 – Uma falta de conhecimento de Bibliologia e uma apropriação indevida de exemplos do Antigo Testamento são as marcas de igrejas imaturas e fracas. Tais comunidades estão cheias não porque possuem um ensino sólido e relevante, mas por apelam para as emoções e contam com o despreparo de seus membros doutrinariamente.
As práticas da reportagem mostram que tais líderes desconhecem que a revelação de Deus é proposicional e progressiva. Paulo nos alerta na carta aos Coríntios que o que aconteceu com o povo de Israel foi para nosso proveito e que precisamos ver estes exemplos e não errarmos como eles erraram. Não podemos buscar exemplos no Antigo Testamento e aplicá-los agora com todos seus detalhes como se mais 4000anos de história nada significassem. A tão falada unção de Manassés (ou hoje em dia: unção do esquecimento) está baseada em Gn. 41:51 “E chamou José ao primogênito Manassés, porque disse: Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho, e de toda a casa de meu pai”. Veja que atrocidade tais líderes cometem contra a Palavra. José ao dar o nome de Manassés a um de seus filhos somente expressava o favor de Deus. Deus o havia feito esquecer seus dias de amargura e tristeza e mesmo as decepções com a casa de seu pai. Esquecer aqui no texto de Gênesis segundo Von Rad,pode significar não tanto que ele esquecera a sua família anterior, com que agora seu filho preencheria o vácuo atormentador de seu coração. Também pode significar que José queria esquecer completamente seu passado e o escritor de Gênesis mostra a fraqueza do comportamento de José. Parece que José não seguia a trilha correta, pois, ao assumir o poder no Egito não faz nenhuma menção à sua família. Achegada de seus irmãos serviu como uma oportunidade de José resgatar seu passado que ele corria o perigo de perder.
Vale lembrar que nosso passado nunca vai ser apagado de nossas mentes. Enquanto vivermos ele nos acompanhará e servirá de base para nossas experiências presentes. Orar para que Deus nos faça esquecer nosso passado é um contrassenso. Nossas experiências passadas devem servir como base para nosso futuro. Corrigimos erros e sedimentamos acertos, mas esquecer somente o que de ruim aconteceu é algo antinatural e estranho ao processo de viver. Para mim essas unções exóticas em nome de Deus somente significam embustes e subterfúgios para tirar dinheiro do povo despercebido.
5 – Por último destaco a total inadimplência dos líderes que presenciam estas aberrações nada dizem. Acham que ficando calados as coisas não piorarão. Lembro aos colegas da cidade de Valadares que o mal impetrado por lideranças tacanhas chegarão às suas igrejas e que o estrago feito chegará ao ponto de não ter mais conserto. Parafraseando Martin Luther King o que me incomoda não são as aberrações de homens sagazes, mas o silêncio dos homens de Deus. Este silêncio presta um desserviço ao Reino de Deus. Esse silêncio aponta para a conivência com tais aberrações. É chegada a hora de agir e reagir a tais comportamentos. Tais ações e reações não significam dividir o Reino, mas denunciar as trevas.
Que seja desfraldado o estandarte da verdadeira igreja do Senhor Jesus Cristo.
Soli Deo Gloria.
Pr. Luiz Fernando R. de Souza
Rev. Ângelo Medrado, Bacharel em Teologia, Doutor em Novo Testamento,referendado pela International Ministry Of Restoration-USA e Multiuniversidade Cristocêntrica é presidente do site Primeira Igreja Virtual do Brasil e da Igreja Batista da Restauração de Vidas em Brasília DF., é autor de diversos livros entre eles: Maçonaria e Cristianismo, O cristão e a Maçonaria, A Religião do antiCristo, Vendas alto nível, com análise transacional e Comportamento Gerencial.