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Juízes rebatem críticas do arcebispo de Porto Alegre

 

Grings teria dito que Judiciário é "ente corrompido"

Em nota, presidente da Ajuris vê ‘postura inquisitorial’

A Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) distribuiu nota em que manifesta a indignação dos magistrados gaúchos com declarações atribuídas ao arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, que, segundo a entidade, citou o Poder Judiciário como "ente corrompido".

O presidente da Ajuris, João Ricardo dos Santos Costa, que assina a nota, atribui a manifestação ao fato de o religioso ter sido condenado em ação de indenização em São Paulo.

"A postura inquisitorial do arcebispo é inaceitável", diz Costa.

Consultada pelo Blog, a arquidiocese informou que eventual pronunciamento sobre o episódio só deverá ocorrer nesta terça-feira.

Eis a íntegra da nota da Ajuris:

Nota Pública sobre os ataques do Arcebispo Dom Dadeus

A Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul – AJURIS vem a público manifestar toda a indignação da Magistratura gaúcha em face das declarações do Arcebispo de Porto Alegre, Dom Dadeus Grings, que atribui ao Poder Judiciário a condição de ente corrompido, impulsionado por ter sido condenado em ação de indenização por fato que lhe foi imputado, ocorrido na cidade de Mogi Guaçu (SP).

Esta prática adotada pelo Arcebispo está cada vez mais disseminada no Brasil, notadamente quando o Judiciário decide em desfavor de segmentos que desfrutam de poder diferenciado na sociedade.

É necessário que a cidadania perceba que um país, para ser substancialmente democrático, deve contar com um Poder Judiciário laico, imparcial e independente. Lamentavelmente, alguns quadros da vida pública ainda não se deram conta do quanto é importante tal condição para uma nação.

Reiteramos que a postura inquisitorial do Arcebispo é inaceitável. Da mesma forma, registramos o grande respeito que temos pela Igreja Católica, e todas as outras religiões.

Entretanto, não podemos admitir que qualquer religioso, em nome de sua crença, insulte pessoas e instituições de forma arbitrária, numa quase retrospectiva da inquisição medieval.

A AJURIS sempre exigirá pronta apuração de qualquer irregularidade no Poder Judiciário, mas não admitirá a ofensa generalizada e irresponsável, de qualquer autoridade, simplesmente pelo fato de ter seus interesses contrariados por decisão judicial. Repudiamos tal comportamento pelos evidentes danos que causa à democracia.

João Ricardo dos Santos Costa

Presidente da AJURIS

Escrito por Fred às 18h18

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