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Loiros altos tornam Dinamarca meca da inseminação artificial

20/05/2011 – 10h46

 

DA BBC BRASIL

Selecionar um potencial pai para o seu filho está se tornando bem parecido a fazer compras na internet.

"Muitos de nossos clientes querem tradicionalmente doadores de pelo menos 1,80 metro e olhos azuis”, afirma o diretor da Nordic Cryobank, Peter Bower, enquanto exibe o acervo de doadores de sêmen da empresa.

Para estreitar a procura, os clientes eliminam homens que estão acima ou abaixo de um determinado peso. Mediante o pagamento de uma taxa, eles clicam no perfil do candidato e fazem o download de uma foto do doador quando ele ainda era bebê.

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Clínica de fertilização da Dinamarca usa bicicletas em formato de espermatozóide

Clínica de fertilização da Dinamarca usa bicicletas em formato de espermatozoide

Os funcionários da clínica ainda fornecem por escrito uma breve descrição ou detalhes a respeito do potencial doador. Um exemplo, explica Bower, é se "ele gostou de conversar no laboratório após ter feito a doação ou que se veste bem ou se interessa muito por este ou aquele tipo de música”.

Mas nenhuma das informações fornecidas permite identificar o indivíduo, a não ser que ele opte em ser identificado.

ANONIMATO

Na Dinamarca, a doação de sêmen não precisa vir acompanhada de nome e telefone do doador –ao contrário do que ocorre no Reino Unido e em um número cada vez maior de países europeus.

A opção pelo anonimato fez da Dinamarca uma espécie de meca para mulheres estrangeiras que querem engravidar por meio da inseminação artificial, e fez com que no país não haja escassez de sêmen oficialmente examinado e testado.

Clínicas dinamarquesas que oferecem inseminação contam com três tipos principais de clientes: casais de lésbicas, casais heterossexuais e mulheres solteiras. É esta última categoria a que mais cresce.

Bower diz que mulheres britânicas estão "na vanguarda"’ deste serviço, mas a procura por estrangeiros, de um modo geral, está forte.

Segundo dados do Departamento de Saúde da Dinamarca, em 2008, 2.694 mulheres estrangeiras foram às cidades dinamarquesas de Aarhus e Copenhague em busca de inseminação. Em 2010, esse número subiu para 4.665.

Como parte de uma curiosa estratégia de marketing e promoção, as amostras são levadas do banco de sêmen até a clínica de fertilização –chamada de Clínica da Cegonha–, em uma jornada através da capital dinamarquesa, em uma bicicleta no formato de espermatozoide.

Congeladas em nitrogênio líquido, as amostras são guardadas na cabeça esférica do espermatozóide, à frente do guidão.

AMBIENTE CASEIRO

As instalações da clínica representam o auge do estilo chique do design dinamarquês. "Queremos que as mulheres se sintam como rainhas", afirma a enfermeira-chefe da clínica, Lilian Joergensen, apontando para uma coroa de madeira situada acima da cama onde é feita a inseminação.

"Tentamos oferecer uma atmosfera de tranquilidade que deixará os clientes com boas memórias sobre onde a história de seus bebês começou. Em alguns dias, podemos realizar até 17 inseminações, mas o importante é destinar o mesmo tempo e atenção a cada mulher”, conta a enfermeira.

"Nós ouvimos a história dela, seus problemas, levamos o seu ânimo em consideração. Não é aceitável que ela seja apenas mais um número no nosso registro. Ela vem aqui e usa este quarto como se fosse o seu próprio quarto, pode trazer amigas, velas, o que ela quiser.”

"DAVID BECKHAM"

Em sua residência em New Malden, no sul de Londres, a britânica Kellie Lombard e sua parceira contam como a experiência dinamarquesa foi um êxito.

Kellie havia se submetido a tratamentos caros, mas malsucedidos, no Reino Unido e na África do Sul.

O casal tomou conhecimento do tratamento dinamarquês pela internet e agora tem uma família próspera, com duas "mães", dois gêmeos idênticos com quase cinco meses de idade e uma menina de dois anos. O pai biológico é o mesmo homem dinamarquês anônimo.

Kellie costuma brincar em relação ao critério que elas escolheram para encontrar um pai. "Inicialmente, estávamos buscando um David Beckham, mas também queríamos alguém que tivesse qualificações acadêmicas.”

Surpreendentemente, elas possuem muitas informações a respeito do pai biológico de suas crianças: a idade, o peso, o fato de que ele é um estudante de medicina e como ele se parece.

Elas também conhecem o som da voz dele, pois ouviram uma gravação de áudio na qual ele explica por que estava fazendo a doação. Sua principal motivação era financeira. E elas acharam que ele soava como uma "boa pessoa".

Kellie admite que a sua não é uma família típica. Quando ela leva a filha de aparência escandinava ao parque, as pessoas perguntam se o "papai" dela é muito alto. Ela apenas responde que ele tem 1,93 metro de altura.

Se essa nova tendência da inseminação ganhar ainda mais força, os genes nórdicos poderão se espalhar mais do que muitos poderiam imaginar.