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Lula chama de “bobagem” declaração de Jesus

 

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva interpretou, nesta quinta-feira, uma famosa passagem bíblica onde Jesus diz: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”. Em Salvador, ele disse que é “bobagem” o que o Novo Testamento apregoa sobre a promessa de que o reino dos céus é para os pobres. Ele discursou de manhã para uma plateia formada em sua maioria por pequenos agricultores.

— Bobagem, essa coisa que inventaram que os pobres vão ganhar o reino dos céus. Nós queremos o reino agora, aqui na Terra. Para nós inventaram um slogan que tudo tá no futuro. É mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico ir para o céu . O rico já está no céu, aqui. Porque um cara que levanta de manhã todo o dia, come do bom e do melhor, viaja para onde quer, janta do bom e do melhor, passeia, esse já está no céu. Agora o coitado que levanta de manhã, de sol a sol, no cabo de uma enxada, não tem uma maquininha para trabalhar, tem que cavar cada covinha, colocar lá e pisar com pé, depois não tem água para irrigar, quando ele colhe não tem preço. Esse vai pro inferno — discursou Lula, para delírio das cerca de mil pessoas que lotavam o auditório de um hotel de Salvador.

Pouco antes de falar, recebeu de presente uma garrafa de cachaça. Como se ainda estivesse ocupando a cadeira de presidente da República, Lula fez um balanço de suas realizações.

Adaptado de O Globo.

Fonte: www.juliosevero.com

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Gurgel: "José Dirceu era o chefe da quadrilha"

 

Procurador-geral pede a condenação de 36 réus envolvidos no maior escândalo do governo Lula por crimes contra a administração e lavagem de dinheiro

Luciana Marques

José Dirceu: "provas irrefutáveis" de que ele integrava o grupo criminoso

José Dirceu: "provas irrefutáveis" de que ele integrava o grupo criminoso (Lula Marques/Folhapress)

“As provas coligidas no curso do inquérito e da instrução criminal comprovaram, sem sombra de dúvida, que José Dirceu agiu sempre no comando das ações dos demais integrantes dos núcleos político e operacional do grupo criminoso. Era, enfim, o chefe da quadrilha", diz Gurgel.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não poupou a cúpula do PT e pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a condenação de 36 réus da ação penal 470 pelos crimes cometidos durante o mensalão do PT – o maior escândalo do governo Lula. Gurgel foi enfático ao falar do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, demitido no auge das denúncias: "As provas coligidas no curso do inquérito e da instrução criminal comprovaram, sem sombra de dúvida, que José Dirceu agiu sempre no comando das ações dos demais integrantes dos núcleos político e operacional do grupo criminoso. Era, enfim, o chefe da quadrilha".

O procurador afirma que o ex-ministro foi o mentor do esquema de compra de votos de parlamentares da base em troca da aprovação de projetos encaminhados pelo Palácio do Planalto ao Congresso Nacional. Dirceu, ressalta Gurgel, agia tanto nas negociações com os líderes partidários quanto na obtenção de recursos a serem entregues ao deputados.

O documento derruba a tese, sustentada por Dirceu, de que não há provas contra ele.

O chefe do Ministério Público Federal (MPF) encaminhou seu parecer à Suprema Corte nesta quinta-feira, mesmo dia em que o Diário Oficial da União (DOU) publicou a indicação de Gurgel para a recondução ao cargo de procurador-geral, por determinação da presidente Dilma Rousseff. "As provas que instruem a presente ação penal comprovaram que os acusados associaram-se de modo estável, organizado e com divisão de trabalho, para o cometimento de crimes contra a administração pública, contra o sistema financeiro, contra a fé pública e lavagem de dinheiro", disse Gurgel em seu parecer. 
Provas – O ex-tesoureiro petista, Delúbio Soares, que arrecadou recursos para a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, confirmou que Dirceu comandava as operações para financiar os acordos políticos. Outro fato que evidenciou a participação do ex-ministro foi a viagem que Marcos Valério, Rogério Tolentino e Emerson Palmieri – todos réus no processo do mensalão – fizeram a Portugal para se reunir com o presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta.
O objetivo do encontro era conseguir recursos para cobrir dívidas do PT, incluindo as dívidas da campanha eleitoral assumidas pelo PTB. O presidente do PTB, Roberto Jefferson, foi convidado a indicar uma pessoa do partido para participar da reunião. "No bojo dessas tratativas, surgiu a possibilidade de a Portugal Telecom doar o equivalente a 8 milhões de euros, equivalente à época a 24 milhões de reais, para o pagamento de dívidas de campanha do PT", diz o procurador.
José Dirceu acompanhou as negociações do grupo Portugal Telecom, com a intervenção do Banco do Espírito do Santo, para a aquisição da Telemig. "Esse fato tem especial relevância, pois comprova, não somente a coautoria dos crimes por José Dirceu, mas também a existência dos acordos ilícitos feitos pelo núcleo político para obter o apoio parlamentar às ações do governo, pagos com dinheiro havido ilicitamente pelo denunciado José Dirceu e, também, para quitar dívidas do partido".
Provas irrefutáveis – Outro fato que também comprova o envolvimento de José Dirceu e os vínculos que matinha com Marcos Valério, é uma reunião na Casa Civil entre José Dirceu e Ricardo Espírito Santo, presidente do Banco Espírito Santo no Brasil, com a participação de Marcos Valério e Delúbio Soares.
"Todos esses eventos, protagonizados também por Marcos Valério, constituem provas irrefutáveis de que José Dirceu integrava o grupo criminoso desvendado no chamado esquema do mensalão. Comprova, em suma, que muito embora não aparecesse explicitamente nos atos da quadrilha, estava no comandado das ações dos demais agentes, que a ele se reportavam na condição de líder do grupo", diz Gurgel.

O publicitário Marcos Valério ficou conhecido como o "operador" e "pivô" do escândalo do mensalão.
Tesoureiro – O procurador faz acusações graves contra Delúbio Soares: "Ele integrou o grupo criminoso desde 2003, tornando-se o principal elo entre o núcleo político e os núcleos operacionais – composto pelo grupo de Marcos Valério – e financeiro – bancos BMG e Rural". Cabia a Delúbio fazer os contatos com Marcos Valério para obtenção dos recursos que financiaram a cooptação de partidos para a composição da base aliada do governo. O valor total recebido pelo ex-tesoureiro foi de 550.000 reais.
Além de Delúbio, o então secretário do PT, Sílvio Pereira, também participava das negociações com políticos. "Sílvio Pereira atuava nos bastidores do Governo, negociando as indicações políticas que, em última análise, proporcionariam o desvio de recursos em prol de parlamentares, partidos políticos e particulares".

Histórico – Em agosto de 2007, após cinco dias – e trinta horas de julgamento -, o STF recebeu a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra quarenta acusados. Não são mais réus na ação Sílvio Pereira, que fez acordo, e José Janene, que morreu. Roberto Gurgel decidiu retirar da ação os nomes de Luiz Gushiken e Antônio Lamas. Portanto, agora são 36 réus no total. Entre eles, José Genoíno (PT), Valdemar Costa Neto (PR), Roberto Jefferson (PTB) e João Paulo Cunha (PT).

Normalmente, quando a PGR pede que acusados sejam inocentados, cabe ao STF arquivar o processo contra eles, uma vez que o autor da denúncia é o próprio MPF. Como Gurgel entregou o parecer ao STF, os réus terão 30 dias para apresentar defesa. Depois disso, o relator irá elaborar o voto e deve apresentar o relatório ao plenário para julgamento em março de 2012.

Veja.com

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A luta secreta de católicos e protestantes vermelhos durante o regime militar no Brasil

 

Documentos do Conselho Mundial de Igrejas revelam como parte da Igreja Católica no Brasil e alguns protestantes

criaram uma rede de apoio para a base política de Lula

Julio Severo

No auge do regime militar no Brasil, parte da Igreja Católica e centenas de líderes católicos e protestantes de linha marxista passaram a ser alvo do governo. Documentos guardados há décadas em Genebra, na sede do Conselho Mundial de Igrejas, revelam como o cardeal dom Paulo Evaristo Arns liderou um lobby internacional, coletou fundos de forma sigilosa e manteve encontros com líderes no exterior.

A atuação de Arns mobilizou uma rede de informantes, financiadores e apoiadores secretos no mundo inteiro. Dentro do Brasil, os documentos mostram que ele e seus aliados organizaram manifestações, forneceram incentivos para Lula e outros líderes operários e pagaram despesas para a base política de Lula no ABC em 1980.

Relatórios, testemunhos, cartas, informações de dissidentes e dezenas de acusações fazem parte de três caixas de documentos entregues ao Brasil na terça-feira. A ONU quer que esses documentos sirvam de base para processos contra autores de “crimes contra a humanidade”. Os documentos originais foram mantidos no Conselho Mundial de Igrejas, organização notória por suas ligações comunistas e hoje por suasconexões com ativistas gays, adeptos de religiões afros e ativistas políticos contra Israel.

O texto de introdução do documento deixa claro que o material havia sido encomendado por Arns, que já tentava organizar um dossiê que compilasse as “violações aos direitos humanos” para ser usado futuramente.

Segundo o relatório, entre 1968 e 1978, 122 religiosos foram presos pelo regime militar. Havia 36 estrangeiros, 9 bispos, 84 sacerdotes, 13 seminaristas e 6 freiras. Outras 273 pessoas “engajadas no trabalho pastoral” tinham sido detidas.

Entre os motivos mais frequentes de prisão estavam mensagens religiosas com conteúdo político, além de ajuda na organização de manifestações operárias de orientação igualmente política.

Na segunda metade dos anos 70, Arns e líderes religiosos do exterior avaliaram que era hora de reagir nos bastidores para reunir apoio internacional e demonstrar a insatisfação popular nas ruas. Em 27 de setembro de 1977, o então encarregado de Direitos Humanos na América Latina do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) enviou de São Paulo uma carta a Genebra alertando para a “crescente tensão entre a Igreja e as autoridades” — evidenciando uma tensão existente entre católicos e protestantes ligados ao CMI com o governo do Brasil, embora evangélicos e católicos sem envolvimento político esquerdista não tivessem tido nenhum tipo de problema durante o governo militar.

De forma inversa, não havia tensão entre o CMI e a União Soviética. Aliás, o CMI nunca demonstrou nenhum ativismo contra as violações em massa de direitos humanos na União Soviética e outros países comunistas. Mas o CMI não perdeu a chance de manifestar sua oposição oficial ao que chamou de “repressão” no Brasil aos indivíduos e organizações que queriam implantar um regime comunista no Brasil.

A relação entre o CMI e o cardeal vermelho, como Arns veio a ser conhecido, ganharia novas dimensões quando ele escreveu ao então secretário-geral do CMI, Philip Potter, sob o alerta de que o “conteúdo dessa carta deve ser confidencial, dada suas implicações”. Era o pedido por fundos internacionais clandestinos para a operação que culminaria na publicação, em 1985, de Brasil: Nunca Mais.

O projeto foi ideia do reverendo presbiteriano Jaime Wright, que optou por se aliar a Arns, e ambos, para prosseguir no seu projeto de denúncia, dependiam de dinheiro do CMI que entrava no Brasil de forma ilegal. Arns argumentou: “Pedimos, portanto, que o Conselho Mundial de Igrejas aceite a tarefa de levantar a grande maioria dos fundos necessários, de uma forma confidencial”.

O pedido de Arns foi atendido, inclusive com assistência financeira para a base do PT no ABC.

Apesar do intenso trabalho de Arns de colaboração com o PT principiante e religiosos de tendência marxista, a eleição de João Paulo II, em 1978, foi um duro golpe para a facção progressista da Igreja Católica. O novo papa estava preocupado com o avanço da ideologia marxista entre os católicos e, quando visitou o Brasil pela primeira vez, em 1980, advertiu o clero sobre o envolvimento com a política — um evidente puxão de orelha em Arns.

Durante a década de 1980, João Paulo II se aliou a Ronald Reagan, presidente dos EUA, na iniciativa de enfraquecer e derrotar o comunismo. Foi uma aliança poderosa entre o papa e um presidente evangélico, culminando no desmoronamento do maior império comunista da história: a União Soviética. Se o católico Arns podia se aliar ao presbiteriano Jaime Wright em suas ideias “progressistas”, por que o papa também não poderia se aliar a um evangélico conservador?

A onda conservadora trazida pelo papa provocou sérias repercussões, impondo medidas de contenção em religiosos católicos brasileiros como Leonardo Boff, o mais famoso promotor da Teologia da Libertação.

Apesar disso, o cardeal vermelho reinava de forma suprema na Arquidiocese de São Paulo. Para tentar contê-lo, em 1989 João Paulo II decidiu dividir a arquidiocese em cinco novas dioceses, reduzindo de forma considerável a influência religiosa e política de Arns. A razão principal dessa divisão, além do ativismo marxista, teria sido a falência da arquidiocese: o cardeal Arns vendia tudo o que podia para dar dinheiro para os comunistas.

Contudo, a ação do papa parece ter vindo tarde demais. Com o sustento financeiro e inspiração que Arns deu para o PT durante anos, a ideologia de Lula ganhou não só a boa parte da Igreja Católica no Brasil, mas também seduziu muitas igrejas evangélicas. Debaixo do peso dessa inspiração, o Brasil tem hoje um Estado quase que completamente parasitado pelo socialismo do PT.

Sob essa inspiração, disponível hoje através dos documentos do Conselho Mundial de Igrejas, o tabloide sensacionalista Genizah canonizou os protestantes vermelhos que recebem indenizações milionários porque tiveram de se exilar na Europa e EUA. E faz insinuações maldosas dos que, como o Pr. Enéas Tognini, convocaram o Brasil para a oração e jejum contra a ameaça comunista que pairava sobre o Brasil antes e durante o regime militar.

Com informações do livro “O bispo de Volta Redonda: memórias de Dom Waldyr Calheiros” (FGV Editora, 2001) e com informações adaptadas e retificadas da matéria tendencioso “A luta secreta de D. Paulo Arns” publicada no jornal Estadão de 19 de junho de 2011.