DA FRANCE PRESSE
DE SÃO PAULO
O micetozoário detém a capacidade de raciocínio como se fosse um computador, afirma um grupo de cientistas japoneses da Universidade Hakodate que nos últimos anos se dedica a observar esse minúsculo ser unicelular parente da ameba.
Shingo Ito-10.mar.11/France Presse
Cientista observa micetozoário em microscópio; o ser unicelular escolhe as melhores rotas para obter comida
Segundo eles, o ser primitivo, mesmo sem ter um centro de decisões avançado como é o cérebro, pode colaborar com o desenvolvimento de sistemas de transporte público mais eficientes.
De que forma isso seria feito? Pelo estudo do comportamento do micetozoário que, entre tantas possibilidades, escolhe a melhor das rotas para chegar até seu alimento, ao mesmo tempo que evita situações de estresse –no caso dele, isso equivale a fugir da luz.
A pesquisa, coordenada por Toshiyuki Nakagaki e equipe da Universidade Hakodate, não é recente. Ela já lhes garantiu dois Ig Nobel, o "prêmio" que elege bizarrices científicas, em 2008 e 2010.
O cientista Atsushi Tero, da Universidade Kyushu, que desenvolve pesquisa semelhante comenta que os micetozoários podem criar redes muito mais avançadas do que a própria mente humana.
"Os computadores não são bons para analisar as melhores rotas que se conectam entre si porque a quantidade de cálculo pode se tornar maior do que eles. Mas esses micro-organismos, sem qualquer cálculo de todas as opções possíveis, podem se mover por áreas livremente e gradualmente encontrar as melhores rotas", diz.
Tero afirma que teve êxito em simulações em laboratórios com micetozoários: os micro-organismos desenvolveram um sistema de locomoção muito semelhante ao das vias de trens e metrô que cobrem a área de Kanto no Japão –uma rede emaranhada de transporte que cobre uma das mais populosas áreas do Japão, que engloba Tóquio.
Vale lembrar que pode haver um possível ganhador do Nobel, o reconhecimento máximo das pesquisas científicas, por trás de estudos bizarros.
No ano passado, os físicos de origem russa Andre Geim e Konstantin Novoselov levaram o Nobel de Física por seus trabalhos revolucionários sobre o grafeno, mas foram indicados ao Ig Nobel dez anos antes ao estudar um sistema de levitação de rãs com um ímã.