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O Natal tem ligação com ritos pagãos? Veja a opinião de estudiosos

O que importa, segundo os entrevistados, é que mesmo discordando em suas opiniões teológicas, as pessoas se respeitem.
FONTE: GUIAME, CRIS BELONI
Natal em família. (Foto: Pixabay)
Natal em família. (Foto: Pixabay)

As festas de fim de ano se aproximam e, com elas, as dúvidas sobre o “Natal teologicamente correto”. Se Jesus não nasceu em 25 de dezembro, como afirma a maioria dos teólogos, por que os cristãos continuam comemorando a data?

Além disso, se é um dia do calendário que se relaciona a festas pagãs, seria pecado então comemorar o nascimento de Jesus na mesma ocasião?

Há quem defenda que a festa de Natal não deveria ser realizada pelos cristãos. Mas, também há quem defenda que não há problema algum em festejar esse dia.

Por que não devemos festejar o Natal?

Primeiro, por ser uma demonstração bem clara de que “não há o mínimo cumprimento das Escrituras na maneira atual de se comemorar o Natal”, diz o rabino Mário Moreno ao Guiame.

Ele resume a data como um dia revestido de características pagãs. “Não há diferença entre a comemo­ração do Natal em países cristãos, como Brasil ou França, e em países budistas, como o Japão”, observou.

“Isto nos leva à conclu­são de que os verdadeiros crentes preci­sam mudar drasticamente a maneira de comemorar o nascimento do seu Salvador, de acordo com os padrões bíblicos”, apontou.

Entre as formas pagãs, ele incluiu a comilança e a bebedeira. Além disso, citou aqueles que se sentem solitários ou frustrados por falta de dinheiro e também as pessoas que ficam cansadas pelas tarefas deste dia, em especial os vendedores.

Por que não montar uma árvore dentro de casa?

Sobre os enfeites natalinos e a famosa Árvore de Natal, o rabino que é fundador da Congregação Judaico Messiânica Shema Israel, diz que é um costume emprestado das religiões pagãs da Europa Medieval e da Roma primitiva.

“Existe uma indicação bem clara de que já na época de Jeremias os pagãos costumavam cortar árvores, trazê-las para sua casa, enfeitá-las, e dessa forma exercerem uma espécie de culto pagão à natureza, mais especificamente à árvore”, disse ao citar Jeremias 10.2-4.

Para o rabino, então, montar uma árvore de natal é uma prática ligada à idolatria, bem como o presépio ou o ato de acender velas. “A nossa conclamação é para que todos os genuínos crentes deixem de lado os costumes pa­gãos. Não há registro nas Escrituras nem na história do primeiro século que os judeus crentes comemoravam o nascimento de Ieshua”, apontou.

Por que não se vestir de papai Noel?

Outro detalhe a ser observado no Natal, conforme o rabino, é o fato de “homens sérios, cris­tãos devotos, que jamais teriam a coragem de vestir uma fantasia de carnaval, não se acanharem de fantasiar-se de Papai Noel”.

“Eles fingem que distribuem às crianças da igreja os presentes que seus próprios pais já haviam comprado de an­te­mão. E esse velho mitológico está, pouco a pouco, tomando o lugar do perso­nagem que deveria ser o dono da festa, ao ponto de o Natal, ao invés de ser chamado ‘Festa de Ieshua’  estar recebendo o título de festa de Papai Noel”, disse.

“Por isso devemos agora nos perguntar: O que fazer com as chamadas festas pagãs na Igreja”? A resposta é: abolir totalmente! Precisamos de uma medida radical para podermos retornar ao Eterno e assim podermos então ter a certeza de que estaremos de novo em sua presença da forma como Ele deseja, celebrando as festas que estão designadas em Sua Palavra”, frisou.

“Poderíamos comemorar as festas do calendário judaico”

hebraísta e escritor Getúlio Cidade se diz indiferente às festas de Natal. “Acho que a maioria dos cristãos, hoje, sabe que Jesus não nasceu em 25 de dezembro”, ele também disse ao Guiame.

Getúlio explica que as comemorações pagãs foram readequadas para se encaixar ao cristianismo, que passou a ser a nova religião do império, nos tempos de Constantino.

O escritor esclareceu que só vê de forma positiva, independente da data, o reunir a família. “Quando posso, recebo parentes para passarmos um tempo de comunhão, até porque isso é difícil em outras épocas do ano”, comentou.

“Aproveitamos para orar em família, o que também é uma oportunidade rara. Mas sem as tradições natalinas de troca de presentes. Apenas usufruímos da companhia uns dos outros”, enfatizou.

Para o hebraísta, os cristãos poderiam comemorar as festas judaicas, em vez de comemorar o Natal, já que elas mostram o plano de redenção para toda a humanidade, incluindo Israel, conforme ele comenta.

“A Igreja se paganizou ao longo da história comemorando datas que não estão ligadas ao calendário bíblico”, apontou. Ele diz que é possível que os cristãos não sejam tão ligados às festas judaicas por preconceito.

‘Natal é uma oportunidade de pregar o Evangelho’

E a pergunta final é feita por dois pastores bem conhecidos entre os cristãos: “Por que não aproveitar o Natal para falar de Jesus?”, questionaram Luciano Subirá e Lamartine Posella numa live divulgada pelo Guiame, em 2019.

O pastor da Comunidade Alcance, em Curitiba (PR) e coordenador do projeto Orvalho, Luciano Subirá, explicou que costumava defender que não era necessário celebrar o Natal, mas passou a “perceber que alguns posicionamentos são muito frios”.

Ele reconhece a “origem pagã” e entende a preocupação de alguns cristãos em relação aos enfeites de Natal, mas disse que antes de Constantino cristianizar as festas pagãs, os cristãos já celebravam o nascimento de Cristo em datas diferentes. Por outro lado, ele acredita no fator evangelístico do Natal: “O não-convertido tem esse dia em sua cultura para celebrar a Jesus”, disse. Sendo assim, não comemorar o Natal é deixar de usar essa oportunidade, numa das poucas vezes que as pessoas estão receptivas ao Evangelho.

“Fechamos essa porta por causa de algo que não nos faria mal”, avaliou. “Romanos 14 diz que um julga iguais todos os dias e outro faz diferença entre dias. E Paulo diz: que um grupo não julgue o outro”, emendou.

O problema, segundo o pastor, é quando as pessoas usam o Natal para atacar umas às outras simplesmente para defender suas opiniões teológicas.

Relação entre a Igreja e o contexto cultural

Falando sobre a relação entre a Igreja e o contexto cultural, Lamartine deu como exemplo a passagem do apóstolo Paulo por Atenas, quando apresentou o Evangelho aos gregos por meio da estátua do “deus desconhecido”.

“Você vê claramente a vontade de Paulo de usar a cultura para comunicar o Evangelho”, observou o pastor. “No Natal, o mundo inteiro está falando de Jesus. E agora, se nós abrirmos mão de falar de Jesus, vai ficar só o Papai Noel”, Lamartine Posella concluiu.

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O nascimento de Jesus – Isaías 7:14 realmente é uma profecia messiânica?

Luke Wayne

Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel. Isaías 7:14 Os críticos muitas vezes afirmam que este versículo nunca se destinou a ser uma profecia messiânica.

Eles apontam que Isaías 7 descreve um encontro entre Isaías e o rei Acaz. O ‘sinal’ em Isaías 7:14 é oferecido ao rei para assegurar-lhe que Deus livrará Judá da sua coalizão de inimigos. O sinal de um Messias que nasceria muito tempo depois que o rei Acaz estava morto não parece cumprir o objetivo. Eles argumentam, portanto, que Isaías 7:14 só poderia estar falando sobre algo que aconteceu pouco depois que Isaías falou essas palavras e não tinha nada a ver com o Messias.

O problema com este argumento é que ele pressupõe que Isaías 7 foi escrito no vácuo. Assume que a história foi escrita sem conexão com o resto do livro de Isaías e para absolutamente nenhum propósito além de meramente registrar um evento.

O Livro de Isaías, no entanto, não é um livro de memórias ou uma obra de história. Há muito pouca narrativa em Isaías. Quando ele conta uma história, está utilizando essa história para fazer um ponto maior. Quando o autor do Novo Testamento citou Isaías 7:14 em referência a Jesus, não estava apenas “rasgando” o verso e atirando-o na página. Estava fazendo um caso maior de que Jesus era o cumprimento de uma série de profecias sobre um Filho Messiânico prometido em Isaías 7-12. Mateus aplicou diretamente o versículo a Jesus, dizendo: Artigos Relacionados Isaías 40:22 e a Forma da Terra Apologéticos A primeira parte de Isaías 40:22 diz: “É ele [isto é, Deus] quem se assenta acima do círculo da… Quem é o ‘Príncipe da Paz’ de Isaías 9: Jesus ou Ezequias? Uma Resposta ao Judaísmo.

O livro de Isaías contém uma profecia sobre uma impressionante criança em seu capítulo 9:…

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Estudos Diversos

1) ANO DO NASCIMENTO? Jesus não nasceu no ano zero (até porque não existe esse ano; 1 a.C. passa… Jesus: O Centro das Promessas do Antigo Testamento Judaísmo Jesus Cristo é o cumprimento das promessas e profecias do Antigo Testamento. Ele é a semente… Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco. Mateus 1:22-23

O evangelho de Lucas, no entanto, estabelece o ponto de forma mais holística. Enquanto Lucas não cita diretamente nenhum versículo, Lucas 1:31-33 liga diretamente o nascimento virginal com as profecias, como Isaías 9:7 sobre sentar no trono de Davi e governar um reino para sempre. Há também linguagem semelhante à de Isaías 10. Lucas não está apenas citando um texto-prova, mas aplica a ideia do Filho Davídico prometido em Isaías 7-12 como um todo a Jesus, começando com o nascimento virginal.

Da mesma forma, Mateus não cita apenas Isaías 7:14. Mateus 4:15-16 também aplica Isaías 9 a Jesus, e um caso pode ser feito de que Mateus 2:23 aplica Isaías 11 a Jesus também. Em outros lugares do Novo Testamento, Jesus é explicitamente identificado com a ‘raiz de Jessé’ de Isaías 11:10 (Romanos 15:12), bem como a ‘pedra do tropeço’ de Isaías 8:14-15 (Romanos 9:33 1 Pedro 2:8). Claramente, eles viram Isaías usando a história de seu encontro com o rei Acaz como parte de um ponto maior que Isaías estava fazendo para seus leitores naquela seção inteira de seu livro. Mas isso é realmente o que Isaías pretendia? Os detalhes certamente apontam nesse caminho: Em Isaías 7:3, quando Deus envia Isaías para falar com o rei, Deus diz a Isaías que leve seu filho Sear-Jasube.

A Bíblia diz especificamente que os filhos de Isaías são sinais do Senhor para Israel (Isaías 8:18) e, no próximo capítulo, somos informados de que Isaías nomeia outro de seus filhos como um sinal profético (Isaías 8:3-4). O fato ter sido dito a Isaías para trazer um filho específico pelo nome não é um acidente. É parte de sua mensagem.

O nome da criança, Sear-Jasube, significa ‘um remanescente retornará’. A conversa de Isaías com o rei é sobre Deus protegendo Judá, mas abaixo havia algo mais: uma promessa de que um remanescente retornaria. Retorno de onde? Do exílio, é claro. Todo o Livro de Isaías está lidando com o exílio vindouro e a promessa de retorno e restauração. Não era essa, no entanto, a preocupação do rei Acaz. Ele estava preocupado com seus inimigos naquele momento, e Deus prometeu protegê-lo contra esses inimigos. No entanto, Deus também falava claramente de algo maior do que isso, e Ele trouxe Isaías e com ele a mensagem de que ‘um remanescente retornará’. Se você lê Isaías 7-12 conjuntamente, esta mensagem é central e frequentemente repetida. É também uma futura esperança messiânica. Isaías está falando ao rei Acaz no singular, mas quando chegamos em 7:13, a gramática muda e ele está falando com a ‘casa de Davi’ no plural.

Embora seja difícil perceber no inglês, os pronomes mudam do singular ‘você’ para o plural ‘vocês’ [Nota do Tradutor: ambas as formas são You em inglês], e as formas verbais refletem um endereço plural. Isaías entregou sua profecia de forma a falar com um público mais amplo do que o rei apenas. Isaías 8:8 continua a referir-se a Emanuel como aquele a quem a terra pertence. Então, o filho prometido de Isaías 7:14 é trazido para o contexto maior, e não como um mero espectador. Isaías 9:6-7 descreve o Filho prometido que se sentará no trono de Davi e governará para sempre. Isaías 11 fala de um rebento do tronco de Jessé (o pai de Davi) que governará em justiça. A imagem é da casa de Davi como uma árvore que foi cortada até o toco, mas um novo rebento brota da árvore e produz nova vida. É uma imagem de restauração futura através de um novo rei davídico.

Há um tema consistente de um futuro Messias a nascer. Corre por toda a passagem e começa com Isaías 7:14 e a primeira promessa de Emanuel. A inclusão desta história no livro de Isaías mostra que ela continha uma mensagem para leitores posteriores e não apenas para o rei Acaz. Provavelmente havia uma criança nascida nos dias de Acaz que lhe serviu de sinal nessa situação, mas não nos é dito nada mais sobre ela porque não era esse o ponto nesta história contada.

Isaías contou esta história para apontar uma mensagem maior para seus leitores, a mensagem de julgamento e a promessa de restauração. Houve uma dupla realização desta profecia que foi concebida por Deus desde o início. Foi o que tornou esta história significativa até mesmo para os leitores originais de Isaías, que eles mesmos teriam lido este capítulo bem depois do Rei Acaz e da libertação de Jerusalém da ameaça imediata e temporária. As profecias de Isaías foram sobre o exílio vindouro e a posterior esperança de restauração sob o Messias. Isaías inclui a história porque continha essa mensagem, mesmo que o rei Acaz não a conhecesse.

A leitura estreita e superficial de Isaías 7 oferecida pelos céticos perde tudo isso e, portanto, perde a bela consistência que atravessa esses capítulos. Isaías está advertindo as pessoas que um julgamento violento está chegando, mas ele também promete uma esperança além desse julgamento. A esperança última de um reino eterno e um rei Messias que será ‘Deus conosco’ e que será chamado de ‘Deus poderoso’. Jesus é esse Messias divino. Traduzido por Fabricio Luís Lovato a partir de

Fonte: https://gracamaior.com.br/estudos/apologeticos/1249-profecia-messianica-isaias-7-14.html
Apologéticos
© Graça Maior – Verdades Bíblicas

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Cristo veio para nos tornar verdadeiramente humanos: a pecaminosidade humana e a imagem de Deus

eu
“The Nativity”, Jacopo Tintoretto, final dos anos 1550. Museu de Belas Artes de Boston.

O Advento está sobre nós, e em minha casa, pelo menos, já estamos inundados de decorações de Natal, música e filmes. O doce de casca de hortelã-pimenta já está à mão. Os pratos, xícaras e copos de Natal acabaram. Nossa árvore foi erguida em 29 de novembro! Minha esposa, Jeanie, faz o Natal direito .

Na missa católica do primeiro domingo do Advento, a homilia do padre continha uma frase que ressoou em mim. Ele disse: “Jesus não veio ao mundo para nos tornar deuses. Ele veio para nos tornar verdadeiramente humanos. ”

David Gushee

Embora eu saiba que essa afirmação dificilmente esgota o significado da Encarnação, acredito que seja profundamente importante. É um aspecto importante da teologia do “humanismo cristão” que abracei em After Evangelicalism (2020) e que estava trabalhando em outros termos antes disso. Em três posts entre agora e o Natal, quero oferecer um relato teológico do que significa dizer que Cristo veio ao mundo para tornar os seres humanos verdadeiramente humanos. Essas postagens são vagamente adaptadas do meu livro de 2013, The Sacredness of Human Life .

Gênesis 1 diz que os seres humanos foram feitos à imagem e semelhança de Deus (1: 26-27). O conceito de imago dei desempenha um papel importante na maioria dos tratamentos teológicos cristãos contemporâneos da natureza, dignidade e direitos dos seres humanos.

Quer a imagem de Deus seja entendida como consistindo em nossas elevadas capacidades racionais, espirituais e morais, em nossa responsabilidade delegada pela terra e outras criaturas, em nossa imortalidade originalmente pretendida, ou talvez como uma declaração de que os humanos são as únicas representações permitidas do divina na terra, a imago dei há muito tempo é entendida como conferindo um status moral elevado à vida humana.

Em Gênesis 9, de forma bastante significativa, é citado como a razão pela qual o assassinato é proibido: “Vou requerer um ajuste de contas pela vida humana … porque à sua imagem Deus fez o homem” (9: 5-6). Quase todos os documentos cristãos de direitos humanos fazem afirmações fundamentais vinculadas à imagem de Deus. É precisamente porque o homem foi feito à imagem de Deus que a vida humana tem dignidade, a vida humana deve ser protegida e os direitos humanos devem ser respeitados.

“É precisamente porque os humanos foram feitos à imagem de Deus que a vida humana tem dignidade, a vida humana deve ser protegida e os direitos humanos devem ser respeitados.”

No entanto, alguns teólogos cristãos, tomando a metanarrativa criação / queda / redenção cristã como normativa, como eu, argumentaram que a imagem de Deus não sobreviveu (totalmente ou de forma alguma) à entrada do pecado no mundo. As tradições cristãs e os teólogos discordam entre si sobre se, ou quais componentes de, ou em que medida, a imagem de Deus na humanidade sobreviveu à queda.

Dado o grande significado atribuído à imago dei na teologia e na ética cristã, isso não é pouca coisa. Se a imago dei foi perdida com a queda, então fazer reivindicações morais contemporâneas com base na imago dei é inteiramente ilegítimo. Isso anularia a base teológica central de muito trabalho sobre direitos humanos e outras questões.

Uma revisão das confissões cristãs históricas nos lembra que o foco da teologia cristã é propriamente e sempre foi a atividade salvadora de Deus em Cristo, não detalhes sutis sobre a natureza humana. No entanto, o padrão geral em relação à questão em questão parece ser que a tradição católica afirma uma imago dei enfraquecida, mas ainda presente.mesmo na humanidade caída, ainda implantando o conceito da imagem de Deus para fundamentar suas reivindicações de direitos humanos e dignidade humana. A teologia ortodoxa oriental traça uma distinção entre “imagem” e “semelhança” e emprega isso para preservar algum bem da humanidade caída, mas também a necessidade de nossa abrangente recuperação moral e espiritual. Algumas versões da teologia protestante tradicional argumentam que a imagem de Deus na humanidade foi destruída. Dietrich Bonhoeffer, por exemplo, disse que a imagem de Deus foi totalmente perdida quando Adão caiu: “Os seres humanos perderam sua própria essência divina, que tinham de Deus. Eles agora vivem sem seu propósito essencial, o de ser a imagem de Deus. Os seres humanos vivem sem ser verdadeiramente humanos. ”

Não vejo nenhuma evidência clara na Bíblia Hebraica de um ensino de que a imagem de Deus foi totalmente perdida com a entrada do pecado no mundo. A imago dei é aparentemente reafirmada em Gênesis 5: 1-2 e claramente reafirmada em Gênesis 9: 5-6, na mesma história primitiva em que ocorre a história da queda. Não se pode dizer mais do que isso, visto que o conceito não reaparece em nenhum outro lugar da Bíblia Hebraica.

“Não vejo nenhuma evidência clara na Bíblia Hebraica de um ensino de que a imagem de Deus foi totalmente perdida com a entrada do pecado no mundo.”

Talvez o silêncio seja relevante para o argumento. Em qualquer caso, não é implausível argumentar que algo está fundamentalmente errado com os seres humanos – não biblicamente implausível, já que as alegações de pecaminosidade humana abundam nas Escrituras, e não experimentalmente implausível, conforme testemunhamos nossa própria dificuldade e a de outras pessoas para descobrir o que significa ser verdadeiramente, totalmente, significativamente, com sucesso, humano.

A afirmação de Bonhoeffer de que os humanos perderam algo de nossa essência divina projetada, propósito essencial e capacidade de ser “verdadeiramente humano” faz muito sentido quando olhamos ao nosso redor. Pense na violência, crueldade, injustiça, estupidez, mal-estar e desespero que afligem a vida humana. Pense em um jovem de 15 anos apontando uma arma para seus colegas de classe em um dia normal de escola secundária. Essa interpretação pessimista da narrativa da criação e queda, na qual a vida humana tropeçou ao longo dos milênios, mas algo fundamental para o que significa ser humano foi escondido de nós, ou perdido para nós, ou danificado dentro de nós, tem um certo poder convincente para ele.

Se a salvação vai chegar até nós, como promete o Advento, vamos precisar de um tipo de ajuda que vai direto ao nosso âmago. Precisaremos de alguém que nos mostre o que significa ser verdadeiramente humano e nos ajude a ser isso. O Novo Testamento tem algo a dizer sobre isso. Esse será o foco do meu próximo post.

David P. Gushee  é um importante especialista em ética cristã. Ele atua como Distinguished University Professor of Christian Ethics na Mercer University e é o ex-presidente da American Academy of Religion e da The Society of Christian Ethics. Ele é o autor de  Kingdom Ethics ,  After Evangelicalism , e  Changing Our Mind: The Landmark Call for Inclusion of LGBTQ Christians . Ele e sua esposa, Jeanie, moram em Atlanta. Saiba mais: davidpgushee.com  ou  Facebook .