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O papa e o pastor. Jornalismo ou linchamento?

 

Eu não vou parar de tratar de determinados temas, não! Também não deixarei que prospere em silêncio o linchamento desse ou daquele, concorde eu com eles ou não. Ontem, numa TV a cabo — não sou mais específico porque não quero fulanizar; não por enquanto; vai depender da campanha — um repórter, referindo-se ao tumulto promovido por militantes na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, afirmou sobre o deputado Marco Feliciano (PSC-SP): “ [ele) fez declarações contra negros e homossexuais”.

A reportagem foi repetida umas 200 vezes. Lamento! Isso é mentira! Dito desse modo, é mentira. Pergunto: é licito mentir sobre uma pessoa de quem discordamos? É lícito ser genérico, impreciso, em tom condenatório, contra uma pessoa com a qual não concordamos?

O pastor é contra o casamento gay. Eu, por exemplo, sou a favor. O papa também é contra.  O repórter passará agora a se referir a Francisco como aquele que faz “declarações contra gays”? Ser contra o casamento gay — isto é, igualar os estatutos das uniões — é ser contra gays? Não é! É só uma opinião. Casamento não é um direito divino ou um direito natural. É um acordo social. Assim como sou a favor, há os que são contra. Com todo o direito de sê-lo.

Já as declarações “contra os negros”… Vamos fazer jornalismo ou linchar pessoas? O pastor em questão é negro — segundo os critério das própria militância. Duvido que algum juiz nestepaiz vá tomar por racismo aquela sua tolice sobre o descendente de Noé. Já expliquei o caso aqui.

Acontece que uma mesma cadeia de difamação pode atingir o papa ou o pastor. E com a mesma pauta militante. Com a mesma imprecisão.

Jornalismo ou linchamento? Jornalismo ou adesão a causas, sem dar ao outro o direito de defesa?

Por Reinaldo Azevedo