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O Rico e o Lázaro -‏

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Anisio ([email protected])

 

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O RICO E O LÁZARO –
Uma reflexão sobre a vida, a morte e os valores eternos.
Jesus contou a história de um homem rico anônimo e um pobre chamado Lázaro (Lucas 16.19-31). O primeiro vivia no luxo; o segundo, na sarjeta. A situação do rico pode ser avaliada em função dos tecidos de suas vestes: púrpura e linho finíssimo, ambos muito caros. Lázaro, além de ser mendigo, tinha o corpo cheio de feridas e parece que seus únicos amigos eram os cães.
Qual dos dois estava em melhor situação? Avaliando pela aparência, muito diriam: o rico. Se fosse hoje, é possível que Lázaro ouvisse algo assim:
"Você está em pecado. Sua vida precisa mudar. Existe uma maldição hereditária e um demônio de miséria em seu corpo. Busque libertação e prosperidade".
O rico era a imagem do sucesso. Lázaro era considerado um fracasso. Esta análise reflete a visão humana das coisas, mas Deus vê de outro modo.
Depois de descrever a condição sócio-econômica daqueles homens, Jesus foi muito além. Por trás da cena natural existe uma realidade espiritual. O natural passa, mas o espiritual permanece. O rico era um ímpio vivendo em miséria espiritual. O mendigo era um servo de Deus. Como podemos afirmar tal coisa? Pelos resultados espirituais de suas vidas: o rico foi para o inferno, mas o mendigo foi conduzido pelos anjos ao paraíso.
Não seria correto pensar que Lázaro foi salvo pelo fato de ser pobre, mendigo e doente. Portanto, devemos concluir que ele era um crente, um servo fiel a Deus.
Jesus queria chamar a atenção de seus ouvintes para a realidade espiritual e demonstrar que o resto é secundário e de menor valor.
No versículo 22, o Mestre diz que aqueles homens morreram. A morte foi um grande prejuízo para o rico ímpio, pois deixou para trás todos os seus bens, mas para o pobre justo foi grande lucro (como diria também Paulo em Fp.1.21).
Após a morte, a situação de ambos se inverteu. O rico foi para o inferno e passou a desejar a ajuda do ex-mendigo. Lázaro foi para o paraíso, onde passou a viver em delícias eternas.
Eles não reencarnaram como ensina o espiritismo. Eles não foram exterminados como afirmam os adventistas e as testemunhas de Jeová. Não ficaram inconscientes na morte, não tiveram permissão para se comunicarem com os vivos nem poderiam fazer algo em favor dos mesmos. O mendigo não se tornou o São Lázaro, pronto para atender as preces de seus devotos. Seus espíritos não ficaram vagando pela terra assombrando as pessoas ou trazendo mensagens do além em sessões mediúnicas.
Os que querem escapar das conclusões advindas da referida passagem bíblica argumentam que a mesma é uma parábola e não pode ser interpretada literalmente. Defendemos a tese de que é uma história porque Jesus nunca usou nomes próprios em parábolas. As editoras colocam nas bíblias o título "parábola do rico e do Lázaro", mas isso não faz parte do texto bíblico. Por outro lado, ainda que fosse uma parábola, não teríamos ali princípios teológicos falsos proferidos por Jesus. Portanto, as conclusões persistem com força total.
No inferno, o rico caiu em si e teve sua consciência despertada para alguns valores que, durante sua vida terrena, não eram importantes ou prioritários para ele:
1- A água. Talvez esta seja a única coisa material lembrada e desejada no inferno. Sua referência no texto serve para demonstrar que os condenados terão corpos e sentirão sede.
2- As pessoas. O rico lembrou-se de seus irmãos. Nota-se, portanto, que a vida na terra continua enquanto muitos já estão no inferno.
3- A misericórdia. Ele pediu misericórdia ao pai Abraão. Talvez, em vida, não se considerasse necessitado da misericórdia. É possível que nunca tenha feito uma oração clamando pela graça divina.
4- O evangelismo. De repente, o rico passou a considerar importante evangelizar seus irmãos para que não fossem também para o inferno. Deus nos manda evangelizar agora. Aproveitemos a oportunidade enquanto estamos vivos. Depois da morte ninguém poderá exercer os dons e ministérios.
5- A bíblia. O pai Abraão citou Moisés e os profetas. Esta era uma forma de se referir às sagradas escrituras naquela época, ou seja, o antigo testamento. Entendemos, portanto, que o rico, durante sua vida, não valorizou a palavra de Deus, não obedeceu nem acreditou nela. Por isso, foi para o inferno.
6- Arrependimento. O rico disse que seus irmãos poderiam se arrepender mediante a pregação de Lázaro, de modo que não fossem para aquele lugar de tormento.
Portanto, muitos valores foram mencionados no texto, mas era tarde demais para aquele homem rico. Em sua vida terrena só o dinheiro foi valorizado.
Em meio às chamas eternas, ele passou a valorizar o que realmente importa e apresentou alguns pedidos ao pai Abraão. Entretanto, no inferno a resposta é sempre "NÃO". Nem uma gota d’água será dada aos condenados eternos. Naquele lugar, nem Deus pode ajudar o homem.
Não podemos usar as palavras de Jesus como apologia à pobreza. O texto não apresenta a miséria como virtude ou valor espiritual. Não era esse o propósito de Cristo, mesmo porque Abraão, também citado, era rico e foi salvo. (A referência a Abraão como pai indica que o rico e o pobre eram judeus, assim como aqueles a quem Jesus se dirigia). O desejo do Mestre é que valorizemos o que é mais importante enquanto é tempo, enquanto estamos vivos, enquanto estamos sobre a terra. Ao contar aquela história, ele dirigia sua palavra aos fariseus, amantes do dinheiro (Lc.16.13-15).
Se o rico pudesse voltar à vida terrena, depois de ter estado no inferno, certamente estaria transformado, seria uma pessoa boa, generosa, crente fervoroso (um "louco por Jesus"), leitor assíduo e voraz das Escrituras e um pregador do evangelho (além de beber mais água). Para ele é tarde demais, mas não para nós. Não podemos permitir que a vida natural comprometa nossa vida eterna.
O que buscamos de Deus? Apenas coisas materiais? Não nos esqueçamos dos verdadeiros valores da vida. Precisamos valorizar as pessoas, a misericórdia, a palavra de Deus, a fé, o arrependimento e a obediência.
Leia a bíblia enquanto ela está à sua disposição, pois a leitura pode ser o primeiro passo para o indivíduo se afastar do caminho do inferno.
Precisamos do dinheiro, mas não podemos permitir que ele nos domine de tal maneira que não tenhamos tempo para nada mais, inclusive para as pessoas, para a família e para os valores eternos. Precisamos valorizar mais o nosso semelhante do que as coisas materiais.
Lázaro era um servo de Deus, mas nem por isso tornou-se materialmente rico. Poderia estar escrito assim: "Lázaro fez uma campanha e sua vida foi mudada. Dentro de pouco tempo ele se transformou num grande empresário, comprou sua casa própria, um carro zero e um jatinho particular". Nada disso. Não é pecado ser rico, mas precisamos entender que este não é o propósito do evangelho. Não foi para isto que Jesus derramou seu sangue na cruz.
Muitas pessoas têm vinculado o cristianismo ao materialismo, como se a fé devesse, necessariamente, apresentar resultados sociais e econômicos positivos na vida do crente. A verdade é que Deus enriquece e empobrece a quem ele quer, seja ao crente ou ao ímpio, conforme seus soberanos desígnios.
Fazemos bem em lembrar o que disse o Senhor Jesus: "De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma"? (Mt.16.26).
O ensino dos tempos atuais pode nos levar a crer que Deus tem obrigação de resolver todos os nossos problemas neste mundo, mas não foi esta a experiência de Lázaro. Sua prosperidade era espiritual e por isso aquele homem soube suportar até o fim as aflições da vida terrena. No lugar dele, qual de nós continuaria servindo a Deus? Qual de nós continuaria fiel ao Senhor? Precisamos ver a vida cristã em sua essência, totalmente independente de coisas materiais, de coisas terrenas, mas como um relacionamento espiritual com Deus, sabendo que o resultado final será a nossa entrada na glória celestial, onde viveremos para sempre com o Senhor.
Pr.Anísio Renato de Andrade
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