‘Eu não tive nenhuma participação’, defende-se Raul Batista
por Jarbas Aragão-gospelprime –
Raul Batista é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus no Pará. Também é vereador e atua como vice-presidente da Câmara Municipal de Belém. Ele foi preso pela Polícia Federal durante a operação “Arapaima”. Após prestar esclarecimentos, foi solto por determinação da Justiça.
A operação visa combater o esquema fraudulento na concessão do seguro defeso no Pará. Este seguro, também chamado de Bolsa-Pesca, é um benefício concedido a pescadores quando a pesca fica proibida, no período do ano em que as espécies se reproduzem.
Negando qualquer participação, Batista afirmou: “A Polícia Federal está fazendo as investigações, fez todas as perguntas e nós respondemos todas elas. A Polícia Federal com certeza vai poder esclarecer isso para toda a imprensa e sociedade brasileira”.
Em sua residência foram encontrados R$100 mil durante a ação policial. O vereador alega que o dinheiro é referente à venda de um carro.
Segundo as investigações da PF, o vereador teria indicado pessoas para fraudar o seguro defeso. Para a realização da Arapaima, 18 mandados de prisão foram expedidos pela Justiça. Quinze pessoas foram presas e três continuam foragidas.
O delegado da Polícia Federal, Gerson França, disse à imprensa: “As investigações continuam para identificar as pessoas envolvidas no esquema. Foram colhidos depoimentos dos investigados presos na operação e a gente não descarta a possibilidade da organização criminosa ainda estar atuando”.
A Igreja Universal do Reino de Deus informou em nota que o Pastor Raul Batista, bem como os demais bispos e pastores que ingressaram em carreira política, é licenciado da Igreja e se ocupa exclusivamente da atividade pública.
A Igreja está acompanhando o desenrolar da investigação e irá avaliar se a conduta do pastor “continua compatível com os preceitos éticos e morais exigidos de seus membros”.
Na Câmara Municipal de Belém (CMB), os vereadores afirmam estar esperando um pronunciamento de Raul Batista e afirmam que ainda não há provas do envolvimento do pastor.
Como funcionava a fraude
O esquema desvendado pela PF mostra que os servidores do Ministério da Pesca inseriram, em 2014, o nome de pessoas sem direito ao seguro, pois não eram pescadores. O dinheiro chegava a um salário mínimo por mês.
“Ele era sacado por terceiros em agências da caixa Econômica Federal e casas lotéricas e mesmo a pessoa não comparecendo lá, o funcionário terceirizado da caixa, que também estava envolvido no esquema, fazia o pagamento sem que a pessoa estivesse presente fisicamente”, revela o delegado Gerson França.
Entre 2012 e 2014, o Ministério da Pesca esteve nas mãos de Marcelo Crivella (PRB/RJ), que é bispo licenciado da IURD. O Ministério Público Federal tem pelo menos 22 investigações sobre denúncias de irregularidades no pagamento do seguro em vários estados no período em que Crivella foi ministro. O estado que mais recebeu seguro-defeso foi o Pará, onde foram pagos quase 2 bilhões de reais no Bolsa-Pesca. Criado em 2003, no governo Lula, o benefício custou desde então cerca de R$ 9 bilhões aos cofres públicos. Com informações de O Globo e G1