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Pregação contra gays vira caso de polícia na Sé

 

Em vídeo que virou hit na web, homem e mulher são xingados de ”filhos de satã”

16 de julho de 2011 | 0h 00

    Diego Zancheta e Paulo Sampaio – O Estado de S.Paulo

    Todos os pudores do pastor Cristiano Xavier, de 36 anos, um dos evangélicos que pregam diariamente na Praça da Sé, região central de São Paulo, desaparecem quando ele explica porque tem um discurso tão virulento contra os homossexuais. Ultimamente, as pregações de Xavier e seus correligionários na praça têm virado caso de polícia.

    Nilton Fukuda/AE

    Nilton Fukuda/AE

    Palavra. Tema atrai público, diz pastor

    "É um tema que causa polêmica, atrai público. Está até no meu DVD. R$ 10. Quer comprar um?", pergunta Xavier, depois de terminar a palavra, puxando o repórter para um canto. Em seu discurso de ontem, ele gritava: "Os bicha deixam Deus em segundo plano. São promíscuo, sujo, faz orgia (sic)…".

    "Glória a Deus!", dizia o fiel desempregado Rildo Ferreira, de 33 anos, com a Bíblia na mão. Por três vezes, Ferreira voltou ao tema dos "efeminados", a pedido do pastor.

    Sentindo-se ofendidos, gays de passagem, lésbicas e simpatizantes reclamam no posto policial do que chamam de "baixarias". Eventualmente, a reclamação evolui para um registro no 1.º Distrito Policial, na Liberdade, que atende a região.

    Postado dia 28 no YouTube, embate entre homossexuais e evangélicos na praça já teve cerca de 10 mil acessos. Na ocasião, um homem e uma mulher que discordaram do pastor foram xingados de "filhos de satã". Policiais precisaram usar gás de pimenta para evitar agressões. Segundo PMs, há confrontos semanais. "Qualquer pessoa de roupa colorida já é classificada de "criatura do demônio"", diz policial.

    A operadora de videoconferência Renata Flores, de 23 anos, conta que há cerca de um mês passava pela praça em direção ao trabalho, quando resolveu parar "para ver se estavam dizendo algo interessante". "Mas o cara só atacava, xingava, julgava. Além do mais, falava tudo errado."

    Renata tentou interpelar o pastor, mas ele a ignorou. Um rapaz (que preferiu não se identificar) se juntou a ela e os dois reclamaram da "falta de respeito" no posto policial da praça. Para não ficar só nisso, resolveram registrar a ocorrência no DP.

    "Você pode pensar do jeito que quiser, mas o respeito à liberdade de expressão é fundamental", acredita Renata, que se declara espírita e bissexual.

    Xavier diz que já esteve na delegacia "várias vezes", respondendo a acusações de difamador. "Eles (no DP) chamam a gente de tudo, de louco, de xarope, e fica assim", diz.

    "A polícia prende nós, só que não pode fazer nada, porque o que a gente prega tá na Bíblia", completa o pastor Alexandre Pedrezani, de 37.

    Um soldado conta: "É só aparecer uma garota com vestido curto que eles apontam e começam a chamá-la de profana para as pessoas em volta. Eles só não têm coragem de mexer com as prostitutas da (Praça) João Mendes. Com certeza elas não nos chamariam. Mas partiriam pra cima deles." O delegado Altair de Antônio Joaquim, do 1.ºDP, afirma que nem sempre a pessoa quer registrar a ocorrência. "Faço termo circunstanciado por injúria, que vai para o fórum e vira inquérito."

    Justiça. A polêmica entre gays e religiosos ficou mais acirrada depois que o Supremo Tribunal Federal foi favorável à união homoafetiva. Na última Marcha para Jesus, a decisão foi ferozmente atacada. Dois dias depois, a Parada Gay usou santos em campanha pelo uso de preservativos. O cardeal d. Odilo Scherer classificou a campanha de "infeliz, debochada e desrespeitosa". A parada afirmou que a intenção era "mostrar que todos têm de lutar pela prevenção de doenças sexualmente transmissíveis".

    Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais afirma que já houve "grande evolução". "Na Idade Média, homossexuais eram queimados na fogueira."

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    Edir Macedo ergue templo maior que a Sé, em São Paulo, e mais alto que a estátua do Cristo Redentor

     


    Megatemplos são uma das marcas pelas quais as religiões afirmam seu poder e sua grandeza. A Igreja Universal, como não poderia deixar de ser, também segue esta Bíblia: segundo consta em seu blog, Edir Macedo decidiu construir em São Paulo, “com bases nas orientações bíblicas”, uma réplica do Templo de Salomão, erguido e destruído duas vezes em Jerusalém, cinco séculos antes do nascimento de Jesus.

    O templo terá 126 metros de comprimento e 104 metros de largura, num total de 70 000 metros quadrados de área construída.

    Em seu blog, Macedo faz comparações do seu templo com alguns ícones católicos — sempre para mostrar a pujança da igreja da qual é chefe. Sua nova obra será, por exemplo, maior que a Catedral da Sé, o maior templo da Igreja Católica na capital paulista. Terá também quase o dobro da altura da estátua Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Macedo, definitivamente, não está para brincadeiras.

    Por Lauro Jardim