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Fome: ONU emite alerta urgente sobre a crise no nordeste africano

 

 

A FAO pediu ações "de forma imediata para salvar as vidas e os meios de subsistência de milhões de camponeses e criadores de gado no Chifre da África, abalado pela seca"

REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA EFE

Farah Abdi Warsameh

AJUDA URGENTE "Quase metade das crianças que chegam aos campos desde o sul da Somália está desnutrida. As informações sobre crianças que morrem no caminho ou logo após chegar aos campos são bastante comuns", diz a ONU

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) emitiu um alerta urgente a toda a comunidade internacional nesta sexta-feira (5) pedindo cooperação no combate à crise africana. A fome e a seca que atingem o nordeste do continente, na região do chamado Chifre da África, já afetam mais de 12 milhões de pessoas, a maioria somalis. Nesse país, quase metade das crianças que fogem da crise de fome e conseguem chegar aos campos de refugiados do Quênia está desnutrida.
A FAO pediu ações "de forma imediata para salvar as vidas e os meios de subsistência de milhões de camponeses e criadores de gado no Chifre da África, abalado pela seca". Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), "quase metade das crianças que chegam aos campos desde o sul da Somália está desnutrida”, e “as informações sobre crianças que morrem no caminho ou logo após chegar aos campos são bastante comuns".
No início da semana, a ONU estendeu a situação de crise de fome para mais três regiões do sul da Somália, e afirmou que em poucas semanas o problema deve se espalhar por todo o sul do país. "As demais regiões da Somália meridional encontram-se imersas em emergência humanitária que provocou milhares de mortes", afirma o comunicado da FAO.
Com a crise, cerca de 1,3 mil somalis fogem diariamente para Dadaab, o maior campo de refugiados do mundo. Desses, 80% são mulheres e crianças, afirmou o Unicef em comunicado emitido também em Nairóbi. A população atual dos três campos de refugiados que compõem Dadaab, construídos originalmente para acolher 90 mil pessoas, supera as 400 mil pessoas.
A crise é provocada pela seca e pelos conflitos na região do Chifre da África que ameaçam as vidas e os meios de subsistência de aproximadamente 12,4 milhões de pessoas na Somália, Djibuti, Etiópia e Quênia, e de outros milhões nos países vizinhos. O que mais preocupa a ONU, agora, é a desnutrição, principalmente das crianças.
Segundo o coordenador de emergências do Unicef em Dadaab, Ibrahim Conteh, "a desnutrição pode debilitar o sistema imunológico das crianças, aumentando a possibilidade de elas contraírem doenças infecciosas como o sarampo e a poliomielite". Conteh destacou que é preciso adotar medidas agora "já que essas doenças podem se propagar rapidamente em condições de superpopulação".
Na Somália, existem 3,7 milhões de pessoas em situação de crise humanitária, das quais 3,2 milhões necessitam ajuda de forma imediata para se salvar (2,8 milhões de pessoas no sul). Para a FAO, é necessário um esforço contínuo para iniciar uma resposta imediata, global e em grande escala.

Ajuda humanitária

De acordo com o Unicef, cerca de 100 mil crianças menores de cinco anos já foram vacinadas em Dadaab e em outras regiões. A agência, que aumentou a provisão de comida terapêutica para os menores em Dadaab, reiterou que necessita de US$ 315 milhões para atender aos menores que passam fome no Chifre da África nos próximos seis meses. O problema, porém, é que a falta de dinheiro, a péssima infraestrutura e a presença de grupos armados têm impedido os trabalhos dos agentes da ONU.
Nesta sexta, a Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia) afirmou que destinará € 175 milhões, que se somam aos € 212 milhões já previstos, ao programa de assistência à Somália até 2012. Desta forma, o programa quinquenal 2008-2012 da Comissão Europeia para a Somália contará com um total de € 387 milhões.
"A Somália atravessa uma grave crise humanitária e, embora a seca seja a situação atual, suas causas são os problemas estruturais que afetam esse frágil Estado", disse o comissário de Desenvolvimento da UE, Andris Piebalgs.
Estes programas de ajuda humanitária têm como objetivo melhorar o sistema educacional do país, construir infraestruturas econômicas e fomentar o bom funcionamento das instituições públicas e do Estado de Direito.

LH