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O caminho da oração

“[…] Porém venho derramando minha alma perante o SENHOR”. 1Samuel 1:15b

por Paulo Ulisses-gospelprime-

 

O caminho da oração

O episódio de Ana é muito conhecido por toda a igreja, mas com certeza há muitas lições que podemos extrair desse texto tão rico. Devoção, fé, convicção são algumas das qualidades dessa mulher, que tão fervorosamente buscou uma benção da parte de Deus: A maternidade. Vivemos numa sociedade onde a taxa de natalidade é altíssima, de forma que tem se tornado cada vez mais raro, nos deparar com a situação de que uma mulher, não possa engravidar.

Quando vemos um casal que não têm filhos e procuramos saber o motivo, geralmente escutamos que ambos querem simplesmente esperar mais um pouco para “aumentarem a família”. Mas em contraste com nosso tempo, esse costume quase não existia na época em que viveu a jovem Ana. Naquele período, a fertilidade era vista como uma benção de Deus, e os casais buscavam ter o máximo de filhos que podiam.

Outro fator que intensifica essa questão, é que naquele tempo, a poligamia era aceita, como era o caso de Elcana que tinha duas mulheres, o que permitia que o homem tivesse ainda mais filhos, porém Ana era estéril, o próprio Deus havia cerrado sua madre (v. 5), algo que abatia muito sua alma, provocando demasiado sofrimento a ponto de ela ter seu apetite roubado e sofrer profunda depressão.

De tempos em tempos, Elcana subia a casa do Senhor para o adora e prestar sacrifícios, e suas esposas iam com ele. A esposa por nome Penina, sendo mãe de dois filhos pensava de acordo com sua cultura, que o fato de ser mãe configurava ser a mulher, abençoada por Deus, logo a dificuldade de ter filhos era vista como o sinal de rejeição da parte do Senhor, por algum pecado que ela teria cometido. Quando se encontravam, Penina escarnecia da situação de Ana, o que a entristecia ainda mais.

Percebendo isso, seu marido dava a Ana uma porção dobrada quando sacrificava ao Senhor, tentado dessa forma diminuir sua dor através de uma expressão de afeto exclusiva, mas de nada adiantava. A escritura não aponta com clareza, mas através da narrativa, percebemos que essa situação se repetia por muito tempo, e não suportando mais tamanha aflição, Ana recorre a Deus. Ela sobe ao templo para orar e derrama sua alma perante o Senhor. A partir destes versículos, perceberemos que a prece da serva de Deus se diferencia dos tipos de oração até então feitas na escritura.

Ao invés de manifestar expressões de seus sentimentos, ou tecer enormes discursos diante do SENHOR, o clamor de Ana é feito no mais profundo silêncio, de maneira tal, que era apenas percebido o movimento de seus lábios, mas nenhum som era ouvido (v. 13). A oração de Ana não está baseada em busca pelos argumentos certos, numa tentativa de cooptar o Altíssimo atender-lhe o desejo. Ela também não está direcionada a repetir alguma outra oração já feita por uma mulher que tivesse passado por esta situação, usando superstição para alicerçar sua fé, mas apenas derrama sua alma no altar do SENHOR, ela ora a Deus com seu coração.

A oração do coração se refugia em Deus através da fé, clama por socorro no íntimo do ser humano, no mais profundo da alma. Lá onde está o Espírito Santo nós nos conectamos a ele, e então gememos nossas frustrações, nossas dores, expressamos nossa agonia. Não nos preocupamos em maquiar nossas emoções para parecermos fortes diante do Rei, por que sabemos que ele nos sonda e nos conhece, e por ninguém pode ser confundido.

Eli, o sacerdote que estava no templo, vendo a cena não entendeu o que estava acontecendo com Ana, talvez por que não estivesse familiarizado com uma oração feita com tanta intimidade, e pensou que ela pudesse estar bêbada. As vezes nem todos entendem o que estamos passando, e menos ainda detectam que estamos em aflição tal, que nossa busca a Deus se torna tão profunda e intensa, que as demais coisas passam desapercebidas, e por isso nos atribuem negligência em certas áreas da vida.

Mas ainda sim, Ana não se afasta de seu propósito, não se desconecta de Deus, e após receber uma palavra de ânimo do mesmo sacerdote que a interpretou mal, ela finca sua fé em Deus. Ela sabia que a vontade de Deus, talvez não fosse favorecê-la, mas ainda sim estava disposta a manter seu coração com a chama da fé acesa, confiando no Deus que abençoa.

A oração deve ser muito mais do um simples diálogo com Deus, deve ser um exercício de fé. Um refúgio para nossos corações tão abatidos com os golpes que essa vida nos desfere. Um outro fator que torna a oração verdadeira é conhecer à quem estamos orando, ou seja, conhecer a Deus. Saber que o Senhor é nosso Pai celeste, e que ele nos ouve na hora da angústia, que Ele está literalmente dentro de nós, entrelaçado a nosso espírito, sentindo nosso medo, ouvindo nossos gemidos.

Devemos nos chegar ao SENHOR, em humildade de espírito, reconhecendo nossas limitações e imperfeições, mas exaltando a majestade de Deus. Orar também não é só falar, mas talvez seja através do silêncio de uma lágrima que são feitas as mais poderosas e verdadeiras orações. Que venhamos a repetir o que fez Ana, que possamos derramar nossa alma perante o Senhor, e que façamos isso não por simplesmente querer que nossas petições sejam atendidas, mas para que possamos estar cada vez mais ligados a Deus através da oração do coração.

Por Pastor Ângelo Medrado

Pr. Batista, Avivado, Bacharel em Teologia, PhDr. Pedagogo Holístico docente Restaurador, Reverendo pela International Minystry of Restoration - USA - Autor dos Livros: A Maçonaria e o Cristianismo, O Cristão e a Maçonaria, A Religião do Anticristo, Vendas Alto Nível com Análise Transacional, Comportamento Gerencial.
Casado, 4 filhos, 6 netos, 1 bisneto.

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