Bilhete deixado no corpo ligaria assassinato aos “naxalitas”, guerrilheiros do Partido Comunista da Índia
Pastor é sequestrado e decapitado por grupo comunista
O corpo de um pastor pentecostal de 46 anos de idade, que teve sua cabeça cortada, foi encontrado ao lado de seu veículo, incendiado, nesta terça-feira (1). Ele vivia no estado de Jharkhand, leste do país, onde grupos comunistas radicais ameaçam líderes religiosos e igrejas.
Cerca de vinte homens armados e com seus rostos completamente cobertos cercaram o carro do pastor Abraham Topno, da Igreja Pentecostal de Deus, quando ele voltava para casa de um culto. Segundo o site cristão Morning Star, um bilhete foi encontrado na cena do crime que ligaria a autoria do crime a um grupo político maoísta – marxistas que seguem as ideias de Mao Tsé Tung, ditador sanguinário da China que governou entre 1949 e 1976.
Escrito em hindi, o papel dizia “Morte ao espião. vida longa ao PLGA [Guerrilha do Exército de Libertação do Povo] Assinado Maoistas”.
Caso as autoridades confirmem, este seria o segundo assassinato de pastores nas mãos dos “naxalitas”, como são chamados os guerrilheiros ligados ao Partido Comunista da Índia. Em 29 de julho de 2016, eles mataram o pastor Yohan Marayya, deixando um bilhete sobre seu corpo onde justificavam o assassinato por ele “explorar os pobres”.
Nos últimos anos, em algumas regiões da Índia, grupos guerrilheiros maoístas vêm se popularizando, sempre ameaçando de morte os que discordam de seus ideais.
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Evangelista vibrante
O pastor Nuas Mundu, amigo de Abraham Topno e membro da mesma denominação, conta que há mais de duas décadas o líder assassinado fazia um trabalho de evangelização na região e era muito conhecido.
“Sabemos que ele era um evangelista vibrante, um missionário pioneiro. Os maoístas matam qualquer um por dinheiro, e se alguém pagar, farão o trabalho por eles. Talvez tenha sido uma morte encomendada pelos nacionalistas hindus”, revela. Os cristãos da região fizeram protestos públicos e pediram providências das autoridades, mas até agora ninguém foi preso.
A perseguição religiosa, sobretudo aos cristãos, que inclui ataques violentos, destruição de propriedades e falsas acusações, aumentou desde que o partido nacionalista Bharatiya Janata Party (BJP) venceu as eleições gerais, em 2014.
Eles não admitem que os indianos pratiquem nenhuma outra religião além do hinduísmo. A crescente onda de perseguição aos cristãos nos últimos tempos colocou a Índia no 11º lugar no ranking da missão Portas Abertas deste ano.
Segundo a Comissão de Liberdade Religiosa da Comunhão Evangélica da Índia o ano de 2017 foi “um dos mais traumáticos para a comunidade cristã” na última década. Foram registrados pelo menos 351 casos de violência contra cristãos em 2017, mas o número real poderia ser muito maior, já que a lista não é “exaustiva”.