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Gondim diz que “não espera mais milagres” e descarta um “Deus que conduz a história”

Pastor afirma que precisou “ajustar a teologia para encontrar algum sentido em nossa vida banal”

           Gondim diz que descarta um “Deus que conduz a história”

O pastor Ricardo Gondim já foi muito influente no meio protestante nacional, tendo publicado livros e ensinado a centenas de pastores pelo Brasil. Oriundo da tradição pentecostal, foi adepto da Teologia da Missão Integral, vindo a romper com muito do que havia feito no passado e anunciou que estava “fora do meio evangélico”.

Como muitos líderes brasileiros, Gondim mantém um site onde eventualmente escreve reflexões. Em uma das mais recentes, afirmou: “me considero um humanista apofático”.

A teologia a que ele se refere, “apofática”, é “aquela que se recusa a fazer afirmações propositivas sobre Deus”. Ou seja, ignora a Bíblia como revelação divina e conclui que “Não há como afirmar nada sobre Deus que seja conclusivo, taxativo, descritivo”.

Em sua confissão, Gondim assegura: “Sou apofático por crer e não saber explicar os porquês da minha crença”. Admite, contudo, que quase “resvala” no ateísmo. A sua decisão é de não tentar “converter ninguém a partir de argumentos sólidos”.

O ex-pentecostal dispara, dizendo ter apanhado da vida: “não espero milagres sobrenaturais para minha vida, família, cidade, país ou mundo. Descartei há muito tempo o Deus maquinista, o soberano que conduz a história nos trilhos da providência”.

 Questionando muito daquilo que é ensinado na Bíblia sobre soberania de Deus, prefere contentar-se com a disposição humana de fazer o bem. “Não creio mais na promessa religiosa de que livramentos sobrenaturais nos alcançarão, vindos de um Deus que se senta em um trono. Acredito nas iniciativas humanas, nos movimentos solidários, na busca incessante da justiça, na ação profética de instituições que defendem a dignidade humana”, insiste.

Ainda líder da Igreja Betesda em São Paulo, o pastor afirma que precisou “ajustar a teologia para encontrar algum sentido em nossa vida banal”. Aprofundando questões que já levantava, junto com outros pastores influentes da época, como Ed René Kivitz e Ariovaldo Ramos, o cearense radicado na capital paulista optou pelo humanismo, ou seja, ver a vida centrada no homem.

Em um discurso que lembra o liberalismo com influências de movimentos sociais de esquerda, assevera: “Ceio na religião como espaço de resistência. Sou defensor da religião que promove a compaixão, a sensibilidade e a gentileza”.

Sua decisão, assustadora para quem outrora servia como tradutor de famosos pregadores pentecostais – como Jimmy Swaggart – em cruzadas de evangelismo e cura é, “Afasto-me da que se alimenta do delírio metafísico de esperar por Deus”.

 O ensinamento que ele traz hoje é simples: “A bola está com a humanidade. Se não tomarmos vergonha na cara, destruiremos o planeta. Se não procurarmos  criar uma cultura de acolhimento e cuidado, cultivaremos a intolerância. Se não fizermos valer o bem, o mal se alastrará e seremos os demônios de nosso próprio inferno”.

O final do texto é paradoxal, pois ele encerra com “Soli Deo Gloria” [Glória somente a Deus], um dos cinco pilares da Reforma Protestante. Hoje, Ricardo Gondim nada tem de protestante e muito menos de reformado.

Por Pastor Ângelo Medrado

Pr. Batista, Avivado, Bacharel em Teologia, PhDr. Pedagogo Holístico docente Restaurador, Reverendo pela International Minystry of Restoration - USA - Autor dos Livros: A Maçonaria e o Cristianismo, O Cristão e a Maçonaria, A Religião do Anticristo, Vendas Alto Nível com Análise Transacional, Comportamento Gerencial.
Casado, 4 filhos, 6 netos, 1 bisneto.

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