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O PERIGO DO EVANGELHO COOL


TEOLOGIA

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Movimentos como Igreja Emergente tentam impedir êxodo da juventude

Por: McCracken Brett, no Wall Street Journal

“Como podemos parar o vazamento de petróleo?” pode ter sido a grande pergunta deste verão para a maioria dos norte-americanos. Para muitos pastores e líderes evangélicos, o acidente da BP não é nada quando comparado à ameaça representada por um outro vazamento contínuo, mas de um tipo diferente: jovem saindo das igrejas, para nunca mais voltar.

Sendo um evangélico de 27 anos de idade, entendo a preocupação deles. A maioria das pessoas da minha geração, muitos dos quais cresceram na igreja, estão perdendo o interesse pelo cristianismo que conhecem.

Estatísticas como essa criaram uma espécie de tendência nos últimos anos,enquanto os líderes evangélicos atuais tentam descobrir onde foi que erraram (e por que as grandes igrejas não se esforçaram para continuar atraindo a juventude?). Ao mesmo tempo, os líderes tentam elaborar um plano para manter os membros mais jovens envolvidos na vida da igreja.

Há um êxodo crescente de jovens das igrejas, especialmente depois que saem de casa e vão morar sozinhos. Em um estudo de 2007, a Lifeway relatou que 70% dos jovens evangélicos adultos (entre 18 e 22) pararam de frequentar a igreja regularmente.

Cada vez mais, esse “plano” parece ter tomado a forma de uma reformulação total da imagem, e o esforço maior é para repaginar o cristianismo, mostrando que pode ser algo como moderno, relevante e contracultural. O resultado disso foi que, no início dos anos 2000, surgiu algo chamado “igreja emergente” – um tipo de ataque pós-moderno ao movimento da Reforma Protestante. Talvez porque era radical demais na exigência que “devemos repensar tudo”, acabou fracando rapidamente. Mas o impulso por trás desse movimento – reabilitar a imagem do cristianismo e torná-lo cool – continua existindo.
 Os perigos do cristianismo querer ser “descolado”

Existem várias maneiras como as igrejas tentam parecer cool. Para alguns, significa a tentativa de parecer culturalmente engajada. O pastor gosta de citar Stephen Colbert ou fazer referências a Lady Gaga durante o sermão, ou uma igreja fecha um cinema para exibir ao seus membros o filme violento “Onde os Fracos não tem Vez”. Para outros, a ênfase está em ter uma aparência moderna, talvez dando ao pastor uma aparência metrossexual, com jeans apertados e um corte de cabelo de oitenta dólares. Há quem prefira insistir no uso de papel reciclado e apenas fontes Helvetica em todo o material impresso que produz. A opção de outro grupo é realizar um culto em um bar ou uma discoteca como é o caso da Mosaic, igreja de Los Angeles cujos cultos no centro da cidade ocorrem num espaço que à noite é usado  por um clube noturno conhecido como Club Mayan.

capa do livro de McCracken, lançado este mês

O cristianismo que “deseja parecer cool” também manifesta-se em sua obsessão de estar na vanguarda tecnológica. Igrejas como a Central Christian, de Las Vegas, e a Liquid Church, em New Brunswick, Nova Jersey, por exemplo, fazem cultos on line, onde as pessoas podem ter uma experiência de adoração em um iTemplo “. Muitas outras igrejas estão incentivando a interação com o pastor durante os cultos por SMS, Twitter e iPhone.

Um dos métodos mais populares – e sem dúvida o mais estranho – de fazer o cristianismo parecer legal é transformá-lo em algo chocante. Que melhor maneira de atrair as gerações mais jovens do que forçar a barra e chegar onde nenhum fundamentalista esteve antes?

Sexo é uma tática bastante popular para fazer algo ser chocante. Livros escritos por evangélicos com títulos como “Sex God” (de Rob Bell) e “Real Sexo” (de Lauren Winner) são bons exemplos disso nestes dias. Ao mesmo tempo, muitas igrejas estão encontrando maneiras criativas de usar temas truques de marketing envolvendo sexo para atrair pessoas à igreja.

A igreja Oak Leaf, de Cartersville, Georgia, criou um site chamado yourgreatsexlife.com[suagrandevidasexual.com] para despertar o interesse dos jovens. A igreja Flamingo Road, na Flórida, criou uma espécie de confessionário anônimo online (IveScrewedUp.com)[piseinabola.com], e teve uma série na web chamada MyNakedPastor.com[meupastornu.com], espécie de reality show que deixava a webcam ligada o dia inteiro, mostrando cinco semanas de vida do seu pastor, Troy Gramling. Depois, há Mark Driscoll, da igreja Mars Hill em Seattle – que criou uma série de vídeos online com perguntas e respostas, mostrando partes de cultos onde responde a perguntas de pessoas da igreja, sobre temas como “o sexo oral na Bíblia” e “como dar prazer ao seu esposo.”

Mas são esses truquezinhos realmente irão trazer os jovens de volta para a igreja?É para isso que as pessoas realmente vêm à igreja? Talvez sermões sobre sexo e rock louvor com música alternativa ajudem a reunir mais pessoas na porta to templo, e talvez até mesmo gerem novos convertidos. Mas a que tipo de cristianismo eles estão se convertendo?

Em seu livro, “The courage to be protestant” [A Coragem de ser protestante], David Wells escreve: “A igreja convertida e que usa o marketing entendeu que, se não fizesse adaptações culturais sérias e profundas, iria acabar fechando as portas, especialmente por causa  das gerações mais jovens. O que não eles não pensaram com cuidado suficiente é que assim eles podem estar fechando as portas com Deus. “A ironia maior”, acrescenta, “é que as gerações mais jovens, menos impressionadas com a tecnologia estrondosa, e que muitas vezes vê o que está além de uma capa colorida e bonita, já são alvos do marketing o suficiente para enjoar dele , estão mais  suscetíveis a se afastar dessas igrejas tão relevantes do que a entrar nelas. ”

Se a liderança cristã evangélica pensa que “o cristianismo cool” é um caminho sustentável para o futuro, estão muito enganados. Como representante de uma geração dos vinte e poucos anos, posso dizer com certeza que quando se trata de  igreja, não queremos algo cool, queremos algo verdadeiro.

Se temos interesse no cristianismo, com alguma seriedade, não é porque é algo fácil, está na moda ou é popular. É porque o próprio Jesus é atraente, e que ele diz parece verdadeiro. É porque o mundo em que vivemos é completamente falso, efêmero, narcisista, obcecado pela imagem e encharcado de sexo. Queremos uma alternativa. Não é porque queremos mais do mesmo.

Fonte: Tradução e edição: Jarbas Aragão/Pavablog

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Peixe ou Pescador? Obr. Adão

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GOLPE RELIGIOSO : Possível ossada de João Batista pode ser fraude em prol do turismo

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A descoberta da suposta ossada de João Batista expõe a pressa de quem quer explorar a fé para ganhar dinheiro com o turismo religioso.

O anúncio da descoberta de supostas relíquias de São João Batista por um time de arqueólogos búlgaros tinha tudo para rodar o mundo reacendendo a fé de fiéis desgarrados e converter incrédulos. Afinal, desde o século IV, é essa a função desses objetos de veneração, segundo a Igreja Católica. Mas pouco depois do anúncio, no dia 28 de julho, uma barbeiragem política quase colocou tudo a perder.

Antes de se informar sobre os detalhes do achado, o ministro búlgaro Bozhidar Dimitrov, historiador e diretor do Museu Nacional de História da Bulgária, declarou que a cidade de Sozopol, onde o tesouro foi descoberto, tinha potencial para se tornar um ponto de turismo religioso. Então, o manto de fé e misticismo que encobria o achado foi subitamente substituído pela desconfiança e a suspeição. As relíquias de São João Batista na Bulgária seriam um golpe para transformar Sozopol em atração turística?

Há 50 mil destinos de turismo religioso no mundo. Cerca de 300 milhões de pessoas os visitam anualmente, movimentando algo em torno de US$ 18 bilhões. Em um universo tão grande, ter uma relíquia é diferencial de mercado. O exemplo búlgaro é cristalino. Desde que parte do achado foi colocada em exposição na Igreja de São Jorge, na cidade de Sozopol, a média de visitas diárias saltou de 100 para três mil, segundo o Balkan Trabellers, site especializado em turismo na região.

Mas não é a primeira vez que isso acontece. São João Batista, um dos protagonistas do Novo Testamento, responsável pelo batismo de Jesus Cristo, morto por ordem do rei Herodes, tem supostas relíquias espalhadas por toda a Europa e parte do Oriente Médio. Pelo menos sete destinos religiosos as anunciam como principal atração (leia quadro). Se todos que dizem exibir a suposta cabeça do santo estivessem certos, João Batista, que morreu decapitado, teria quatro. “Boa parte dos objetos que já chegam identificados como relíquia, quando examinados, não são”, explica o arqueólogo Rodrigo da Silva, doutor em teologia bíblica. “A fé ou o interesse é que alçam os objetos a essa condição sem o cuidado necessário.”

Por cuidado ele se refere ao estudo científico do objeto, procedimento ao qual a Igreja tem se mostrado cada vez mais disposta a permitir, mas que os oportunistas insistem em atropelar. “O Vaticano sempre teve dificuldade para identificar as verdadeiras relíquias”, reconhece o padre Valeriano Costa, diretor da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Nos dois mil anos de história da Igreja, poucos períodos foram tão complicados quanto as Cruzadas. Entre os séculos XI e XIII, quase todo soldado que voltava das guerras no Oriente Médio trazia uma lembrança, fosse uma lasca da cruz de Cristo, uma pena da pomba do Espírito Santo, ou uma gota de leite do seio da Virgem Maria. “Mas não havia malícia”, diz o padre Benedito Ferraro, professor de teologia e doutor na disciplina pela Universidade de Friburgo, na Suíça. “Era um tempo em que a fé se sobrepujava à razão.”

Hoje não mais. Por isso a reação colérica das comunidades arqueológica e católica diante da declaração de Dimitrov. “Ninguém, em sã consciência, seja religioso ou ateu, pode cravar que os oito pedaços de osso guardados no relicário pertencem a São João Batista”, disse Kazimir Popkonstantinov, professor da Universidade de Veliko Tarnovo que fez a descoberta e sugeriu que os ossos poderiam pertencer ao santo. “Precisamos investigar antes de tirar conclusões.” Entre os estudos, estão a verificação do sexo e da idade da ossada e a análise da origem das pedras de alabastro que montam o relicário. Se nem o Santo Sudário, a relíquia mais importante da Igreja, chegou ao fim do processo de verificação, o reconhecimento ou não dos supostos ossos de São João certamente vai demorar. Mas, para uma instituição milenar como a romana, tempo não é problema.

Data: 23/8/2010 08:29:39
Fonte: Isto É