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Nova Bíblia norte-americana muda palavras como ‘holocausto’

 

02 de março de 2011 | 21h 17

REUTERS

Por Andrew Stern

CHICAGO (Reuters Life!) – A nova edição de uma das mais populares Bíblias em inglês vai substituir termos como "espólio" e "holocausto" a fim de melhor refletir a compreensão moderna, disse um grupo católico na quarta-feira.

Cerca de 50 acadêmicos de todos os credos e uma comissão de bispos católicos trabalharam desde 1994 na atualização da Nova Bíblia Americana, a primeira revisão desde 1970, segundo a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA.

A nova edição será lançada a partir da Quarta-Feira de Cinzas por 12 editoras. "É uma bela tradução, uma nova maneira de olhar para um velho amor", disse Mary Sperry, que supervisiona o licenciamento da Bíblia para os bispos.

As mudanças vão além das alterações de algumas palavras, e incluem novas notas para auxiliar o leitor a compreender a interpretação católica dos conceitos bíblicos, disse Sperry. O Livro dos Salmos, por exemplo, ficou com mais de 70 mil palavras, entre textos e notas.

As revisões refletem com mais precisão as traduções do hebraico antigo e as versões grega do Antigo Testamento, além da constante evolução da linguagem moderna, disse Sperry.

Por exemplo, a palavra "holocausto", que para a maioria das pessoas refere-se ao genocídio dos judeus na Segunda Guerra Mundial, foi alterada para "queima de oferendas", que esclarece a ideia original e positiva de fazer oferendas a Deus.

"Booty" — que em inglês coloquial passou a ter conotação sexual, como nádegas — foi alterado para "espólios de guerra"; "cereal" — que muita gente associa a cereais matinais — virou "grãos", para falar de trigo.

Numa passagem de Isaías 7:14 que prevê a vinda de Jesus, a expressão "a virgem" passará a ser "a jovem", tradução mais fiel do hebraico "almah."

Mas Sperry alertou que "os bispos e a Bíblia não estão sinalizando qualquer tipo de mudança na doutrina do nascimento virginal de Jesus, absolutamente nenhuma."

A nova edição retoma versões mais poéticas do Salmo 23, ao dizer: "Ando pelo vale das sombras da morte", em vez de "vale escuro." E "viverei na casa do Senhor pelos próximos anos" virou "por dias intermináveis", o que segundo Sperry carregava um significado mais profundo e esperançoso.

A atual edição da Nova Bíblia Americana vendeu mais de 1 milhão de exemplares no ano passado, principalmente nos Estados Unidos, Filipinas, Índia e África. A nova versão pode gerar uma alta nas vendas, previu Sperry.

A edição estará disponível em vários formatos: como um livro familiar de capa dura, uma brochura básica, como livro eletrônico, como aplicativo para celulares e numa versão em braile.

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Bento XVI exonera judeus de serem os culpados pela morte de Jesus

Declaração está presente no livro que o pontífice irá lançar ainda neste mês

EFE

Cidade do Vaticano, 2 mar (EFE).- O papa Bento XVI exonera os judeus de serem os culpados por Jesus ter sido condenado à morte na segunda parte de seu livro “Jesus de Nazaré”, que será lançado no dia 10 de março.

Tony Gentile/Reuters

Tony Gentile/Reuters

Papa afirma que fato descrito no Evangelho de Mateus ‘não expressa um fato histórico’

No livro, que nesta quarta-feira o Vaticano adiantou alguns capítulos, o Pontífice assinala que, quando no Evangelho de Mateus se fala que “todo o povo” pediu a crucificação de Cristo, “não se expressa um fato histórico”.

“Como seria possível todo o povo (judeu) estar presente nesse momento para pedir a morte de Jesus?”, questiona o papa teólogo, que reconhece que essa errônea interpretação teve consequências “fatais”, em referência às contínuas acusações de deicídio aos judeus durante séculos, que propiciou sua perseguição.

Bento XVI acrescenta que a “realidade” histórica aparece mais correta nos evangelhos de João e Marcos.

“Segundo João, foram simplesmente os judeus, mas essa expressão não indica nada que se tratasse do povo de Israel como tal e menos ainda que tivesse um caráter racista. João era israelita, como Jesus e todos os seus. Em João essa expressão tem um significado preciso e rigorosamente limitado, se refere à aristocracia do templo (de Jerusalém)”, escreve o papa.

“O verdadeiro grupo dos acusadores são os círculos contemporâneos do templo e a massa que apoiava Barrabás”, precisa, de maneira categórica.

Sobre a frase de Mateus “E todo o povo respondeu: Que seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos” (Jesus perante Pilatos e frente a Barrabás), Bento XVI assinala que o cristão lembrará que o sangue de Jesus “fala outro idioma diferente do de Abel”.

“Não pede vingança, nem castigo, mas reconciliação. Não é derramada contra alguns, mas se verte para todos. Não é maldição, mas redenção e salvação”, ressalta o bispo de Roma.

O Concílio Vaticano II (1962-1965), que lançou à Igreja em direção ao século XXI, promulgou a declaração “Nostra Aetate”, com o fim dos católicos retiraram as acusações de deicídio contra os judeus.

No texto, o papa assinala que Jesus não foi um “revolucionário político” e que sua mensagem e seu comportamento não constituíram um perigo para o domínio romano.

Bento XVI indica que sobre a data da Última Ceia os evangelhos sinóticos (Marcos, Lucas e Mateus) estão equivocados e quem leva a razão é João, já que no momento do processo Jesus as autoridades não tinham realizado a páscoa e deviam se manter puras.

O papa afirma que a Última Ceia não foi um jantar pascal segundo o ritual judeu e que Cristo não foi crucificado no dia da festa judaica, mas na vigília.

Sobre a figura de Judas, Bento XVI escreve que Satanás entrou nele e não conseguiu libertar-se e explica que, além da traição, sua segunda tragédia foi não conseguir crer no perdão.

“Seu arrependimento se tornou desespero. Só se vê a si mesmo e suas trevas, não vê mais a luz de Jesus. Seu arrependimento é destrutivo, não verdadeiro”, afirma o papa.

No livro também se refere ao Reino de Deus e assegura que só a verdade pode levar à libertação do ser humano e que as grandes ditaduras unicamente vivem graças à mentira ideológica.

A segunda parte do livro “Jesus de Nazaré”, que será apresentado no dia 10 de março no Vaticano, é dedicada à paixão, morte e ressurreição de Cristo, os momentos mais decisivos na vida de Jesus, segundo o papa.

O volume será editado pela Libreria Editora Vaticana (LEV), que tem todos os direitos autorais de Bento XVI, e estará disponível em sete idiomas, entre eles o português.

Segundo o porta-voz vaticano, Federico Lombardi, o papa está escrevendo já a terceira parte do livro, dedicada à infância de Jesus e sobre o início de sua pregação.

A primeira parte de “Jesus de Nazaré”, de 448 páginas, foi apresentada pelo Vaticano no dia 13 de abril de 2007 e nela o pontífice mostrou um Jesus “real”, e afirmou que Cristo é uma figura “historicamente sensata e convincente”.

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Artigos

Conheça outros aspectos da cultura árabe

Folha.com

DE SÃO PAULOOnda de Revoltas

Vários países árabes atraem a atenção do mundo no início deste ano devido à onda de revoltas que se espalha pela região. Saiba mais sobre outros aspectos da cultura árabe.

ATORES

Omar Sharif (Egito, 1932). Nascido Michel Demitri Shalhoub, o ator mudou o nome quando se converteu ao islã. Famoso por “Lawrence da Arábia” e “Doutor Jivago”

Lefteris Pitarakis/AP

O ator egípcio Omar Sharif gesticula durante entrevista em Cairo, capital do Egito

O ator egípcio Omar Sharif gesticula durante entrevista em Cairo, capital do Egito

Saïd Taghmaoui (França, 1973). Ator franco-marroquino, atuou na série “Lost”. Trabalhou em muitos filmes franceses e norte-americanos

CANTORES

Fairuz (1935). Nascida no Líbano, é uma das mais famosas cantoras árabes. Misturou instrumentação árabe e música européia e gravou canções tradicionais

Khaled Hadj Ibrahim (1960). Cantor e compositor argelino. Suas canções mais famosas são “Aïcha” and “Didi”. Ganhou vários prêmios internacionais

Oum Kalsoum (1904-1975). Cantora egípcia de sucesso internacional, ganhou um museu em sua homenagem em 2001

NOVELAS

Novelas egípcias. Fazem sucesso em todo o mundo árabe. Usam atores bonitos e abordam temas contemporâneos (liberdade, amor, religião). Criticadas pelos conservadores

BANDEIRAS

A bandeira do Império Otomano era vermelha, com uma crescente e uma estrela de cinco pontos. Povos que por muito tempo ficaram submetidos aos otomanos adotaram bandeiras com a cor verde (Arábia, Argélia, Líbia) ou combinaram o vermelho com preto, branco e verde (Iraque, Jordânia, Síria, Sudão, Kuait, Emirados Árabes)

ESCRITA

Segundo alfabeto mais usado no mundo, é escrito da direita para a esquerda.

ARQUITETURA

Destaque para as mesquitas, madrasas, palácios e mausoléus. A principal característica são as colunas esguias, os arcos em ferradura, cúpulas, decoração com mosaicos e arabescos

ANIMAIS

Os mais conhecidos são os camelos e dromedários. O camelo tem duas corcovas e está presente na Ásia, enquanto o dromedário possui apenas uma corcova e é encontrado na África e no Oriente Médio. Outros animais de forte conotação cultural são as aves de rapina (força e poder), os antílopes e gazelas (graça e beleza), as raposas e as cobras

Peter Andrews/Reuters

Camelos, um dos animais mais conhecidos do mundo árabe descansam perto das pirâmides de Giza, no Egito

Camelos, um dos animais mais conhecidos do mundo árabe descansam perto das pirâmides de Giza, no Egito

NÚMEROS

Os algarismos indoarábicos foram criados no vale do Indo e desenvolvidos pelos matemáticos árabes. A grande inovação desse sistema é a introdução do zero

ETIQUETA

Jamais use a mão esquerda para cumprimentar, comer, dar ou receber presentes: é impura. É falta de educação ir direto ao assunto: árabes falam de amenidades antes de abordar o assunto. É importante perguntar pelos parentes do interlocutor. Se for questionado, dê respostas sucintas e objetivas

COMIDA

Engloba culinárias que vão do Marrocos ao Iraque. Privilegiam carnes de cordeiro e frango, laticínios, trigo, arroz, lentilhas, pepino, beringela, tâmara, figo, romã, amêndoa, mel, pistache e gergelim

À MESA

Servir aos convidados o que o anfitrião tem de melhor é tradição em todo o mundo árabe. A melhor maneira de elogiar a comida é comendo, mas sem exagero. Não é de bom tom perguntar a receita. Nos restaurantes, é deselegante fazer cálculos na hora de pagar a conta. Em geral alguém paga a conta de todo mundo

ESPAÇO

O espaço público não é de ninguém: empurrões e encontrões na rua são constantes. No interior das casas, os árabes gostam de ter um espaço muito maior que os europeus, mas sem divisórias, pois não gostam de ficar sozinhos. Para conversar, é importante olhar para o interlocutor

ODORES

Avicena descobriu o método de destilação a vapor para obter a essência de rosas, tornando a água de rosas um perfume muito popular na Europa medieval. A água de flor de laranjeira também é obtida por meio da destilação a vapor. É usada com fins terapêuticos e culinários (em doces e salgados)

FUTEBOL

Mohammed Abou Trika (1978). Atacante egípcio, joga pelo Al-Ahly. Disputou os dois últimos Campeonatos Mundiais de Clubes da Fifa pelo Al-Ahly, sendo que em 2006 levou sua equipe ao terceiro lugar

Marouane Chamakh (1984). Atacante franco-marroquino, joga pelo Arsenal. Revelado pelo Bordeaux, ajudou a equipe a conquistar o título francês na temporada 2008-2009

Eddie Keogh/Reuters

O jogador franco-marroquino Marouane Chamakh comemora seu gol pelo time inglês Arsenal em Londres

O jogador franco-marroquino Marouane Chamakh comemora seu gol pelo time inglês Arsenal em Londres

ATLETISMO

Said Aouita (1959). Corredor marroquino, conquistou a medalha de ouro nos 5.000 metros na Olimpíada de Los Angeles (1984) e os campeonatos mundiais de Roma (1987), nos 5.000 metros, e Budapeste, em 1989, nos 3.000 metros

Hicham El Guerrouj (1974). Corredor marroquino, conquistou medalhas de ouro nos 1.500 e 5.000 metros na Olimpíada de Atenas (2004) e nos 1.500 metros nos campeonatos mundiais de 1997, 1999, 2001 e 2003

FILÓSOFOS

Al Farabi (870-950). Estudou em Bagdá, viveu na Síria e no Egito. Influenciado por Platão e Artistóteles, formulou com clareza a distinção entre essência e existência. Também foi um teórico da música

Averróis (1126-1198). Filósofo da Espanha muçulmana, foi um dos maiores comentadores de Aristóteles, influenciou São Tomás de Aquino. Escreveu “Discurso Decisivo” e “Exposição sobre a Substância do Orbe”

Avicena (980-1037). Filósofo e médico, influenciou Duns Escoto, Alberto Magno e São Tomás. Seu “Cânone” de medicina foi usado na Europa até o século 18. Escreveu “A Origem e o Retorno”

LIVROS

“As Mil e uma Noites” – A mais famosa obra da literatura árabe é uma compilação de contos de diversas origens e elaborados ao longo de séculos. O primeiro tradutor europeu da obra incorporou à obra os contos de “Aladim e a Lâmpada Maravilhosa” e o de “Ali Babá e os Quarenta Ladrões”, que aparentemente não formavam parte do manuscrito principal

Naguib Mahfouz (1911-2006). Escritor egípcio, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 1988. Escreveu “O Palácio do Desejo” e “O Jardim do Passado”

Yasmina Khadra (1955). Escritor argelino, seu nome é Mohammed Moulessehoul. Adotou um pseudônimo feminino para burlar a censura. Escreveu “As Andorinhas de Cabul” e “As Sirenas de Bagdá”

Fontes: Edward Hall, “A Dimensão Oculta”, editora Martins Fontes; Sonia Corazza, “Aromacologia: uma ciência de muitos cheiros”, editora Senac; Fonte: Michel Pastoureau, “Dicionário das Cores do Nosso Tempo”, editorial Estampa