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RÁDIOS: Concessões triplicam para igrejas e políticos em ano

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Foram 183 decretos em 2010, contra 68 no ano passado; ministério diz que criação de grupo de trabalho gerou "boom"

Em ano eleitoral, o governo federal quase triplicou o número de renovações ou novas autorizações para o funcionamento de rádios em todo o país. A maioria delas (57%) beneficia veículos ligados a políticos ou a igrejas.

Segundo levantamento feito pela Folha em decretos conjuntos da Presidência e do Ministério das Comunicações, assinados neste ano, 183 rádios comerciais ou educativas foram beneficiadas pelo governo, em 162 municípios.

Dessas, 76 são ligadas a políticos. Outras 28 estão sob controle, ainda que indireto, de entidades religiosas -evangélicas e católicas.

A maioria das autorizações (72,8%) é para rádios localizadas nas regiões Sul e Sudeste, onde a candidata a presidente Dilma Rousseff (PT) tem seu mais fraco desempenho nas pesquisas.

Do total de decretos, 74 deles foram assinados a partir de 26 de julho, já com a campanha eleitoral oficialmente em andamento. A maioria estava havia anos aguardando uma decisão.

A concentração de decretos publicados nessas últimas três semanas já é maior do que os números verificados nos anos anteriores. Durante todo o ano de 2009, foram 68 autorizações. Entre 2006 e 2008, foram 62.

Antes do período eleitoral, os últimos decretos haviam sido assinados em março, último mês da gestão de Hélio Costa (PMDB) no Ministério das Comunicações.

Antes de deixar o ministério, ele assinou decretos beneficiando, entre outras, rádios do empresário Fernando Sarney e do senador Lobão Filho (PMDB-MA) -filhos, respectivamente, do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA).

Também está na lista a Rádio Princesa do Vale, de Itaobim (MG), que tem como sócio, segundo dados do sistema de controle da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o ex-deputado federal Romeu Queiroz, réu no processo do mensalão, quando ainda era do PTB. Hoje é candidato a deputado estadual pelo PSB, em Minas.

Já no período eleitoral foram beneficiadas 33 rádios ligadas a políticos, como Antônio Bulhões (PRB-SP), Wilson Braga (PMDB-PB), Moacir Micheletto (PMDB-PR) e Pedro Fernandes Ribeiro (PTB-MA), todos deputados federais da base aliada.

Também teve a concessão renovada a Rede Centro-Oeste de Rádio e Televisão, que tem como sócio Antônio João (PTB-MS), suplente do senador Delcídio Amaral (PT-MS) e coordenador da campanha do petista à reeleição.

O Ministério das Comunicações credita o "boom" de regularizações e novas concessões à criação de um grupo de trabalho, no fim de 2008, para desafogar os processos pendentes no órgão.

Algumas das concessões agora regularizadas já estavam vencidas desde a década de 1990. O ministério, contudo, não explicou o porquê da concentração de decretos em período eleitoral.

Data: 16/8/2010 09:36:41
Fonte: Folha de São Paulo

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"Lula é o chefe:Entrevista com Ivo Patarra, autor do livro"O Chefe"

 

KLAUBER CRISTOFEN PIRES |capa03Após anos de investigação,

Ivo Patarra afirma: "Lula é o chefe. A rede de esquemas é enorme, complexa e, se houver inteligência, Lula não deve saber dos detalhes, até para não ser envolvido. Mas, como mais alto mandatário da nação e beneficiário dos métodos constituídos para dar governabilidade à sua administração, dá o devido suporte e apoio. É o protetor de tudo."

O jornalista Ivo Patarra, 52 anos, é autor do memorável livro "O Chefe", obra recentemente ampliada e atualizada, em que retrata e analisa todos os escândalos de corrupção envolvendo o Presidente Luís Inácio da Silva e o PT, e em especial, o mensalão. Possui larga experiência em jornalismo político, trabalhou nos jornais Folha de S.Paulo, Folha da Tarde, Diário Popular e Jornal da Tarde, bem como exerceu cargos de assessoria em comunicação nos municípios de São Paulo, Guarulhos, Osasco e São Bernardo do Campo. Além de "O Chefe", que promete ser um clássico para a literatura da ciência política no futuro, é também autor de "Nova York – São Paulo de motocicleta: 73 dias de aventura e emoção", "Fome no Nordeste Brasileiro" e "Morte de Juscelino Kubitschek: acidente ou atentado?".

"O Chefe" pode ser adquirido em versão impressa ou baixado gratuitamente a partir do site O Chefe(http://www.escandalodomensalao.com.br) ou da Livraria Virtual do blog LIBERTATUM(http://libertatumlivros.blogspot.com).

Apresentamos a seguir a entrevista, realizada no dia 24 de março de 2010, por Klauber Cristofen Pires:

MSM: O que lhe motivou a escrever "O Chefe"?
Ivo Patarra:
A eclosão do escândalo do mensalão, pela gravidade e a envergadura do maior esquema de corrupção governamental de que se tem notícias no Brasil, em todos os tempos.

MSM:
Quando surgiram as primeiras evidências de corrupção no governo de Luís Inácio Lula da Silva?

Ivo Patarra: Houve o caso grave em 2004 envolvendo Waldomiro Diniz, o braço direito do então ministro José Dirceu, que apareceu em vídeo pedindo propina a um empresário do jogo.

MSM: O Sr acredita que sua obra jornalística compõe um dossiê mais ou menos representativo dos fatos ou que apenas aponta para a "ponta do iceberg"?

Ivo Patarra: "O Chefe" é resultado de uma pesquisa de cinco anos. Ouso dizer que é bastante completo em relação à corrupção que veio à tona nos governos Lula, mas certamente é a ponta do icebeg do que aconteceu.

MSM: Por qual motivo Lula decidiu tão avidamente incluir Roberto Mangabeira Unger no seu governo?

Ivo Patarra: Faço essa pergunta no primeiro capítulo. Ao longo das 457 páginas de "O Chefe" há muitos indícios e evidências sobre o motivo. Respondo a questão no último capítulo.

MSM: Qual o nível de envolvimento do advogado Roberto Teixeira? Os acidentes aéreos acontecidos e o caos no sistema aéreo foram conseqüências diretas da corrupção na Anac e Infraero?

Ivo Patarra: Roberto Teixeira ganhou milhões advogando para o setor aéreo. É fato que a reforma da pista principal do aeroporto de Congonhas foi protelada, aparentemente sem justificativa. Ou, melhor dizendo, a justificativa parece ter sido autorizar depois uma obra de emergência, sem licitação, supostamente mais cara. Inaugurada às pressas, sem as ranhuras do pavimento, a pista pode ter contribuído decisivamente para o maior desastre da história aviação civil no Brasil, em julho de 2007.

MSM: Para o Ministério Público, o esquema em Santo André começou a implodir quando Celso Daniel descobriu que a propina não vinha irrigando os cofres do PT, como o prefeito desejava, mas morria nas mãos de Sombra, Klinger e Ronan. O Sr concorda com esta suposição? Não teria sido mais conveniente ao PT proteger a imagem do prefeito?

Ivo Patarra: Celso Daniel montou o esquema de corrupção em Santo André e o estimulou, mas pessoas no seu entorno teriam ido com muita sede ao pote, o que diminuía o volume de dinheiro que ele desejava irrigando os cofres do PT. Celso Daniel tentou reverter o quadro e pagou com a própria vida. O PT tentou proteger ao máximo a imagem do prefeito, sem abrir mão da proteção do próprio partido. Nesse sentido, insistiu que havia sido um "crime comum" e não um "crime político". De fato, foi crime comum, motivado pelo destino da roubalheira em Santo André.

MSM: Houve outras mortes, além do caso de Santo André, que possam ser atribuíveis aos esquemas de corrupção apontados em seu livro?

Ivo Patarra: Talvez o prefeito de Campinas, Toninho do PT, possivelmente vinculada a interesses de empresários do bingo, que contribuíram com milhões para a campanha de Lula e se revoltaram com o suposto combate ao jogo desencadeado pelo prefeito do partido do presidente.

MSM: Ainda é assídua a participação de José Dirceu nos diversos esquemas apontados? Como ele tem atuado nos bastidores?

Ivo Patarra: É só abrir os jornais para ver as digitais de José Dirceu em assuntos ligados ao PT e ao governo Lula. O caso mais recente é o da Telebrás e a "consultoria" prestada por Dirceu a uma empresa interessada em milhões que viriam com a reativação da estatal. Com a eficiência costumeira, o entorno do presidente da República trata de abafar o caso. Não tenho dúvida de que o ex-ministro ocupará papel importante nos destinos do País, caso a candidata do presidente seja vitoriosa nas urnas.

MSM: De conhecimento de todos os casos apontados no seu livro, qual a sua conclusão sobre a estrutura de corrupção construída pelo PT? Ela forma uma pirâmide hierárquica ou constitui-se de uma rede de responsabilidades paralelas?

Ivo Patarra: Não acredito que haja uma organização entrelançando os diversos esquemas nas várias áreas de atuação do Governo Federal. Cada setor da administração, controlado por gente do PT e dos partidos da base aliada, cuida da sua fatia do bolo, embora, obviamente, haja uma "inteligência" na divisão dos cargos, proporcional ao peso dos aliados, e na suposta arrecadação de propina, que, fundamentalmente, enriquece agentes políticos, funcionários públicos, empresários e irrigada os caixas 2 dos partidos envolvidos.

MSM: Qual o papel protagonizado por Lula? Ele tem participação como mentor dos esquemas apontados, delibera sobre eles e os gerencia ou apenas atua como executor e protetor?

Ivo Patarra: Lula é o chefe. A rede de esquemas é enorme, complexa e, se houver inteligência, Lula não deve saber dos detalhes, até para não ser envolvido. Mas, como mais alto mandatário da nação e beneficiário dos métodos constituídos para dar governabilidade à sua administração, dá o devido suporte e apoio. É o protetor de tudo. Não tenho dúvida de que os esquemas corruptos continuaram no segundo mandato, até porque a base de apoio continuou a mesma, e até foi ampliada com a entrada em peso do PMDB.

MSM: O Senhor é ou foi militante do PT? Em que período? Em caso positivo, como o Senhor enxerga a imensa rede de corrupção promovida de alto a baixo nesta entidade partidária?

Ivo Patarra: Jamais fui militante do PT ou de qualquer partido. A corrupção, infelizmente, não é limitada ao PT e está difundida por praticamente todo o País e todas as agremiações partidárias. A aliança espúria entre corrupção e impunidade é o maior desafio da sociedade brasileira.

MSM: Não obstante a queda dos principais protagonistas das denúncias de corrupção, até o momento nenhum deles está preso e nem sequer foi julgado. A que deve tamanha mora por parte da justiça?

Ivo Patarra: O Brasil é o País da corrupção e da impunidade. Já é tempo da sociedade exigir a punição dos responsáveis. Só assim venceremos a desigualdade social, nosso maior problema. Notícia recente, por exemplo, mostra que o ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, poderá ser preso pela Interpol se deixar o Brasil, por causa de supostos desvios de dinheiro público em obra na capital paulista. O único lugar em que ele aparentemente está seguro é no Brasil, justamente o País cujos cofres públicos teriam sido lesados por ele. Absurdo! Está preso apenas o governador do DF, mas porque foi flagrado num caso simplesmente espetacular de corrupção, todo muito bem documentado.

MSM: O seu livro vem a esclarecer alguma relação do PT com o Foro de São Paulo e/ou com as FARC?

Ivo Patarra: Não.

MSM: Diante de tantas evidências de corrupção, a que o Sr atribui o fato de Sr Luiz Inácio Lula da Silva continuar com a popularidade tão elevada, depois de quase ter sofrido um "impedimento?"

Ivo Patarra: Lula "conversa" muito bem com o povo. É um mestre nisso. Tem à disposição uma máquina fantástica de comunicação e propaganda. Não sofreu o devido processo por crime de responsabilidade pelos fatos ligados ao mensalão graças à leniência da sociedade brasileira de modo geral. Podemos dizer que o Congresso e a Justiça prevaricaram, e que os brasileiros foram medrosos e negligentes. Lula deveria ter sofrido o impeachment. Esse processo todo foi um péssimo exemplo para a população brasileira. Venceu a transgressão, a malandragem.

MSM: Em sua opinião, onde se encontram as falhas institucionais que propiciaram tamanho gigantismo de corrupção e de blindagem?

Ivo Patarra: Sem uma reforma política que tenha meios de desvincular o Poder Legislativo, ou seja, o Congresso Nacional, do Poder Executivo, o Governo Federal, continuaremos a ter o presidente nas mãos de deputados e senadores, que cobram caro por isso, e que, por sua vez, não dispõem de autonomia para fazer valer os verdadeiros interesses nacionais. Por outro lado, temos de dar mais força ao Ministério Público, autonomia à Polícia Federal, exigir eficiência e transparência da Justiça e, finalmente, propiciar mecanismos – e a internet é essencial para isso – a fim de que a sociedade possa fiscalizar e cobrar os poderes constituídos.

MSM: O livro aponta para alguma participação direta de Dilma Roussef nos esquemas apontados?

Ivo Patarra: Dilma tem um envolvimento discreto ao, por exemplo, receber em seu gabinete, fora da agenda, os advogados Luiz Eduardo Greenhalgh e Roberto Teixeira, interessados, respectivamente, nos casos do banqueiro Daniel Dantas e na venda da Varig. Ela também aparece, segundo a diretora da Receita Federal afastada, como tendo pressionado a favor de abafar as investigações que envolviam o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado e aliado de Lula, José Sarney, e por ter colocado, pelo menos indiretamente, a máquina do Ministério da Casa Civil para produzir um dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o que aliviaria a pressão da oposição que procurava apurar gastos irregulares com cartões de crédito fornecidos pelo governo a ministros e funcionários graduados.

MSM: Como o Sr interpreta recentes notícias de que Lula pretende atuar como presidente da Petrobras ao fim de seu mandato?

Ivo Patarra: Acho que o "plano A" dele é ser secretário-geral da ONU.

MSM: O senhor pretende publicar a sua obra em língua estrangeira?

Ivo Patarra: Estou aberto para isso.

MSM: O Sr recebeu algum apoio para realizar este trabalho?

Ivo Patarra: Não.

MSM: O Senhor tem recebido alguma forma de perseguição pessoal ou profissional pelo trabalho realizado?

Ivo Patarra: Não.

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Kaká confessa se infiltrar para jogar pela seleção

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Jogador admite esconder lesão e se infiltrar para jogar pela seleção

O meia Kaká conviveu com problemas físicos durante a última temporada, e teve seu desempenho na Copa do Mundo prejudicado por suas condições. Em entrevista ao diário espanhol Marca, o atleta admitiu ter realizado infiltrações para conseguir atuar pela Seleção Brasileira e pelo Real Madrid.

"Joguei infiltrado para ajudar o Real Madrid e minha Seleção", disse Kaká, que negou ter corrido riscos desnecessários. "Não sou um irresponsável, não pus minha carreira em perigo", acrescentou. "Todos pensávamos que minhas dores no joelho eram por causa do púbis", falou o meia em destaque da primeira página do Marca de sexta-feira.

O brasileiro enfrentou problemas no púbis enquanto atuava pelo Real Madrid, e passou por artroscopia no joelho esquerdo na última semana. Kaká lamentou sua má atuação na Copa e na temporada espanhola, e espera retribuir o apoio da torcida.

"Sofri porque não pude demonstrar quem é Kaká. Devolverei aos torcedores todo o carinho que estão me dando", afirmou o meia em outra parte já publicada pelo site do jornal. A entrevista completa estará disponível na edição de sexta.

Data: 13/8/2010 09:22:11
Fonte: Jornal do Brasil